Sem Marília Campos, esquerda perde força na ALMG e pode deixar de ser bloco. Mucida não diz, mas deve integrar a base governista
Primeiro suplente da coligação PT, PR (hoje PL) e PSB nas eleições proporcionais de 2018, o advogado Bernardo Mucida foi vitorioso duas vezes neste ano. Em Itabira, foi o principal cabo eleitoral do prefeito eleito Marco Antônio Lage (PSB), por ele lançado candidato.
Já com a eleição da então deputada Marília Campos (PT) para prefeita de Contagem, nesse domingo (29), Mucida obteve a sua segunda vitória: ele assume, em 1º de janeiro, como o mais novo deputado estadual na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
O futuro deputado por Itabira e região, que hoje assessora o seu partido na ALMG, disse em entrevista à Vila de Utopia, ainda ontem à noite após a divulgação dos resultados do segundo turno, que por enquanto não decidiu como será o seu posicionamento frente ao governo estadual.
“Ainda não conversei com o governador e nem com o prefeito eleito de Itabira e das outras cidades onde fui votado, assim como também não conversei com os deputados oposicionistas.”
Antes de se posicionar, Mucida conta que vai aguardar para saber como será o retorno do governador Romeu Zema (Novo) diante das reivindicações históricas e conjunturais dos municípios em que ele se tornará majoritário, após a sua posse como deputado estadual.
Blocos
Com a eleição de Marília Campos, e com a assunção de Mucida, o bloco parlamentar de esquerda Democracia e Luta (PT, PCdoB, PL, PROS, PSOL e Rede), corre risco de deixar de existir enquanto tal.
Isso porque, pelo regimento da Casa, para se formar um bloco é preciso dispor de no mínimo 16 parlamentares, que é o número atual desses deputados.
Com a saída de Marília, sem esse número mínimo, Democracia e Luta deixa de ser bloco e passa a ser uma simples bancada.
Com isso, regimentalmente perde prerrogativas importantes nas comissões permanentes, temáticas e mesmo nas temporárias.
Será, sem dúvida, um revés de grande repercussão entre os parlamentares que fazem oposição mais firme ao governador.
Embora nada tenha adiantado à reportagem, o mais provável é que o futuro deputado Bernardo Mucida se junte ao bloco parlamentar Minas Tem História (PSB, MDB, PDT, Podemos, PV e Republicanos), que já conta com 24 parlamentares. O bloco faz parte da base de apoio ao governador Romeu Zema.
“Estou aberto ao diálogo. Como vereador em Itabira, eu sempre me mantive independente, aprovando o que considerava positivo e fazendo oposição ao que não considerava correto.”
Pauta parlamentar
“Vou defender os interesses de Itabira e da região. Quero ter uma atuação firme na defesa dos municípios mineradores, no sentido de encontrar soluções para graves problemas que passam pelas barragens, poluição do ar e dos recursos hídricos, assim como pela necessidade de diversificar a economia desses municípios”, pontua o futuro deputado estadual.
Nesse mesmo sentido, Mucida diz que outra frente de atuação será junto à mineradora Vale. “Pretendo, junto com Marco Antônio e demais prefeitos, negociar todas essas pendências, sem radicalismo, para que possam reverter em favor desses municípios, que sofrem com remoções e riscos de novos rompimentos de barragens.”
No caso de Itabira, ele promete se empenhar para Itabira ter uma grande fábrica de pré-moldados e blocos fabricados com rejeitos das usinas e estéril das minas. “Itabira não pode continuar sendo apenas fornecedora de matéria-prima”, defende, fazendo alusão à intenção de a mineradora explorar também areia de suas minas. Leia mais aqui
Já com o governador Romeu Zema, o futuro parlamentar pretende participar das negociações, para que seja destinada fatia maior aos municípios mineradoras, dos recursos que serão repassados pela Vale para ressarcir ao Estado dos gastos com o resgate de vítimas da tragédia de Brumadinho, assim como pelos danos ambientais decorrentes.
“Vou levar ao governo os interesses da região, como a questão da compensação que a Vale terá de pagar pelo rompimento da barragem em Brumadinho. O governo pede R$ 65 bilhões em indenizações e Vale só quer pagar R$ 21 milhões, incluindo as contrapartidas para os municípios.”
Regionalização
Ainda com o governador Romeu Zema, o deputado Mucida pretende tratar também do reconhecimento do Hospital Municipal Carlos Chagas (HMCC) como referência regional. Desde que foi assumido pelo município, o HMCC atende aos moradores de 13 municípios da região, com mais de 200 mil habitantes.
Entretanto, sem o reconhecimento pelo Estado como hospital regional, o ônus fica quase todo com o município de Itabira, que se vê obrigado a alocar parte dos recursos da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem) para cobrir o custeio do hospital.
“Que o governo de Minas assuma também essa responsabilidade, reconhecendo Itabira como polo macrorregional em saúde”, defende. Segundo ele, essa é também uma bandeira do prefeito eleito Marco Antônio Lage.
“Um dos eixos da diversificação econômica de Itabira é a prestação de serviços de média e alta complexidade na área de saúde. O HMCC precisa ter custos compartilhados entre o Estado e a União. O município de Itabira não pode continuar bancando praticamente sozinho o atendimento da população da região”, afirma o futuro parlamentar mineiro.
Entrevista que era esperada por mim. A diversificação econômica trará um grande crescimento não só para Itabira mas também para macrorregião. Quero acrescentar meu caro deputado Bernardo Mucida, e espero que você levante também a bandeira da segurança para a região. Tenho certeza que você como vereador em Itabira acompanhou uma declaração de um delegado da polícia civil de Itabira em 2014, quando disse que Itabira contabilizou 36 homicídios em 2013 e 85% desse crimes foram praticas em virtude das drogas em nossa cidade, vale salientar que cada vida pedida trás grandes consequências em nossa sociedade. Parabéns, que você tenha sucesso nessa nova empreitada. Esse é o momento mais importante da nossa cidade, vamos ter um prefeito alinhado com o nosso deputado estadual.