Se todos não cuidarem eliminando os focos do mosquito da dengue, dias piores virão nos próximos meses
Foto: Carlos Cruz
Imóveis demolidos pela Vale na Vila Paciência permanecem com entulhos e objetos plásticos: risco de proliferação do mosquito da dengue
Como não poderia deixar de ser, a Prefeitura de Itabira tem ampliado as medidas de combate à dengue, eliminando focos do mosquito Aedes aegypt , transmissor da dengue, chikungunya e zika, assim como tem ampliado os serviços de atendimento aos pacientes.
Mas é preciso também que todos façam a sua parte, eliminando as possibilidades de surgimento de focos do mosquito, não deixando água parada onde quer que seja. É sabido que estão nos domicílios os maiores focos.
O último Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) realizado em Itabira, constatou que mais de 80% dos focos do mosquito transmissor estão dentro das casas e em seus entornos.
Portanto é hora de seguir a máxima dos Três Mosqueiros, do romance de Alexandre Dumas: “um por todos, todos por um”.
Afinal, a guerra contra o mosquito transmissor deve ser de todos, em prol da saúde individual e da coletividade. Faça a sua parte, não deixe o mosquito da dengue afetar a sua saúde, dos familiares e vizinhos.
Limpar os lotes vagos e quintais é tarefa primordial. É preciso também monitorar permanentemente os vasos das plantas e todos os recipientes que possam reter água da chuva.
A previsão para os próximos meses, com o tempo quente, caso as ações profiláticas individuais e coletivas não forem executadas na medida da extrema necessidade, é de recrudescimento da epidemia.
As consequências vêm com o aumento do número de pacientes acometidos pela doença, inclusive fatais com a dengue hemorrágica, podendo deixar também sequelas irreversíveis.
Mutirão de limpeza e combate
Desde o início da crise em saúde, Agentes de Combate a Endemias (ACE) intensificaram o trabalho na cidade, com ações educativas por meio de visitas domiciliares periódicas, limpeza, pesquisa de larvas.
A equipe foi reforçada. Saltou de 54 agentes para 108 profissionais, ampliando o número de visitas de inspeção e orientação domiciliar.
Reuniões de esclarecimentos têm sido realizadas também nos bairros com maior incidência, como são os casos dos bairros Praia, Vila Amélia, Gabiroba, Fênix, Santa Ruth, Pedreira e Bela Vista.
São esses agentes que realizam também o LIRAa, instrumento imprescindível para se conhecer a situação de propagação do mosquito no município.
E assim, desencadear o seu efetivo combate, como a aplicação de inseticidas em locais com água parada difícil de ser eliminada, dentre outras medidas necessárias.
Esse é o caso que a Prefeitura, com os agentes de combate ao mosquito, precisa ter especial atenção na lagoa ainda existente em lote vago da Vale na Vila Paciência. O entancamento da água das chuvas se deu em decorrência de um aterro realizado, muitos anos atrás, em propriedade particular a jusante.
Mas nem a Vale e muito menos esse proprietário assumiu responsabilidade sobre o ocorrido. A solução dessa grave situação, acabou sendo assumida pela Prefeitura que, há três meses, vem construindo uma nova galeria, pelo método não invasivo, com prazo de conclusão em seis meses.
Ou seja, durante todo esse período epidêmico, permanece essa situação a exigir monitoramento. Atenção especial requer também inúmeros lotes vagos adquiridos pela mineradora Vale no mesmo bairro. Restos e entulhos de construção acumulam, juntamente com objetos plásticos.
Proprietários de imóveis que mantiverem as suas propriedades sujas com entulhos, com risco de gerar focos do mosquito, serão multados depois de notificados, com valores entre R$ 370 a R$ 1,8 mil.
Para se chegar à essas propriedades, a Prefeitura intensificou a fiscalização. E contratou serviço de monitoramento inteligente, por meio de empresa especializada na captura, identificação do mosquito e do sorotipo em circulação.
Foi reforçada também as equipes de coleta e limpeza na cidade, que é para recolher materiais inservíveis, como entulhos de construção, em todos os bairros e obras públicas
Atendimento reforçado
Para dar mais celeridade aos atendimentos e proporcionar mais conforto aos infectados, a Prefeitura adquiriu testes rápidos para detecção da dengue em pessoas sintomáticas, disponíveis nas unidades básicas de saúde (UBS).
Além disso, implantou um ambulatório exclusivo para reposição volêmica, que é para repor o sangue perdido com a dengue hemorrágica, além de hidratação dos infectados.
Outra medida para agilizar o atendimento foi a instalação de dois contêineres no Pronto-Socorro Municipal de Itabira (PSMI), com atendimento médico e de outros profissionais de saúde.
A partir deste sábado (3), as Unidades Básicas de Saúde (UBS) passam a funcionar nos fins de semana, no horário de 7h às 16h, para atendimento exclusivo aos suspeitos de dengue.
Esse atendimento já ocorre nas UBSs Praia II, Juca Rosa, Amazonas, Areão, Gabiroba de Cima I e II, Pedreira I e II, João XXIII, Machado, Água Fresca, Juca Batista, Santa Ruth e Santa Marta.
As farmácias municipais das UBS Gabiroba e Pedreira, além da Farmácia de Minas, também ficam abertas nos fins de semana, inclusive durante o Carnaval.
Gestão da crise epidêmica
Na esfera da gestão da crise epidêmica, foi implantada a Sala de Controle de Situação da Dengue – uma força-tarefa integrada pelas secretarias municipais de Saúde (SMS), Desenvolvimento Urbano (SMDU), Meio Ambiente (SMMA) e Itaurb.
A sala funciona na SMAA, no parque do Intelecto. Tem por objetivo georreferenciar os locais mais afetados pela epidemia em Itabira.
A partir desses resultados, as equipes atuam de maneira mais pontual nessas localidades, com as ações profiláticas e de esclarecimento necessárias.
Para manter a população informada, e vigilante, desde quarta-feira (31) a Prefeitura divulga, periodicamente, um boletim epidemiológico sobre as arboviroses em Itabira.
A publicação apresenta dados como números de notificações, casos em investigação e positivos, além de pacientes internados.
Pelo último boletim epidemiológico, de quinta-feira (1), Itabira registra 5.432 notificações, 3.573 casos em investigação, 1.859 positivos para dengue, 29 pacientes internados e três óbitos em investigação pela Fundação Ezequiel Dias (Funed).
Que a maioria da população não faz a sua parte, é fato. Mas, a prefeitura tem que ser mais atuante diante ao avanço desta epidemia. Cadê a fiscalização?
Há tbm, áreas públicas com lixos espalhados entre o matagal, lixeiras coletivas com resíduos amontoados…
O poder público precisa esforçar mais para garantir a efetividade das medidas preventivas. A situação é ruim e pode se agravar.