Nova cesta básica vai melhorar a saúde do brasileiro ao priorizar alimentos in natura e minimamente processados, diz nutricionista
Foto: Rafa Nedeermeyer/ Agência Brasil
Mudanças no auxílio são positivas, mas ainda esbarram em antigas questões econômicas
A cesta básica, benefício que inclui itens essenciais para a alimentação e higiene de uma família, passa por um processo de mudança no campo jurídico. Sua atualização visa refletir os hábitos de consumo atuais e garantir que os produtos incluídos sejam realmente necessários para a nutrição e bem-estar.
A nova cesta básica nacional contempla diferentes categorias de alimentos muito positivos para a saúde. “A prioridade dada a alimentos in natura e minimamente processados é ótima”, ressalta a professora de Nutrição da Universidade Presbiteriana Mackenzie, do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), Karina Dantas.
E completa: “esses alimentos possuem um bom valor nutricional, como a quantidade de vitaminas, minerais, fibra e compostos bioativos presentes nas verduras”.
Comparada à antiga, que contém 13 itens, a nova cesta básica pode ofertar uma maior variedade de alimentos, a fim de suprir as necessidades de energia, proteína, vitaminas e minerais. Acrescenta ainda alimentos estratégicos para seguir as diretrizes que visam a redução de doenças cardiovasculares, além do incentivo ao aumento de fibras alimentares, que auxiliam o bom funcionamento do intestino.
Economia
No entanto, por ser um indicador importante em relação ao custo de vida e inflação no país, mudanças em sua composição podem afetar diretamente o bolso dos brasileiros e a economia nacional.
O professor de Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie, do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA), Hugo Garbe, diz que “os índices de inflação podem ser pressionados com a inclusão de novos produtos ou a substituição de itens mais baratos por outros mais caros, refletindo em seu aumento”.
Esse índice, por sua vez, pode afetar o poder de compra das famílias e influenciar as políticas econômicas do governo, como a taxa de juros.
Ainda segundo Garbe, o governo brasileiro, tradicionalmente, arca com parte dos produtos da cesta para torná-los mais acessíveis a cidadãos de baixa renda.
Logo, políticas públicas, como programas de alimentação escolar e cestas básicas distribuídas em programas sociais, também precisam se adaptar às novas composições, o que pode gerar custos adicionais para a administração pública.
Saiba quais alimentos compõem nova cesta básica
Lista tem produtos de dez grupos diferentes de alimentos
Por Agência Brasil – Brasília
O governo federal divulgou nesta quinta-feira (7) a lista dos alimentos que irão compor a nova cesta básica
Na última terça-feira (5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou decreto que prevê uma cesta básica com mais alimentos in natura e regionais e menos processados.
“O intuito é evitar a ingestão de alimentos ultraprocessados, que, conforme apontam evidências científicas, aumentam a prevalência de doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, hipertensão e diversos tipos de câncer”, diz nota do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, que coordenou a elaboração da lista.
A nova cesta básica terá alimentos de dez grupos diferentes: feijões (leguminosas); cereais; raízes e tubérculos; legumes e verduras; frutas; castanhas e nozes (oleaginosas); carnes e ovos; leites e queijos; açúcares, sal, óleo e gorduras; café, chá, mate e especiarias.
De acordo com a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan), em 2022, mais de 33 milhões de brasileiros passavam fome e acima de 125 milhões não tinham acesso regular à alimentação adequada.
Veja abaixo a composição:
Feijões (leguminosas)
Cereais
Pães feitos de farinha de trigo e/ou outras farinhas, leveduras, água, sal e de alimentos in natura e minimamente processados.
Raízes e Tubérculos
Legumes e Verduras
Cenoura, pepino, palmito, cebola, couve-flor, dentre outros legumes e verduras, preservados em salmoura ou em solução de sal e vinagre; extrato ou concentrados de tomate e/ou outros alimentos in natura e minimamente processado (com sal e ou açúcar).*
Frutas
Frutas in natura ou frutas frescas ou secas embaladas, fracionadas, refrigeradas ou congeladas; e polpas de frutas.
Castanhas e Nozes (oleaginosas)
Carnes e ovos
Queijos feitos de leite e sal (microorganismos usados para fermentar o leite).
Açúcares, sal, óleos e gorduras
Óleos de soja, de girassol, de milho, de dendê, dentre óleos vegetais; azeite de oliva; manteiga; banha de porco; açúcar de mesa branco, demerara ou mascavo, mel; e sal de cozinha.