Reservatório do bairro Pará passa por higienização; abastecimento com a melhor água servida em Itabira será interrompido nesta quarta-feira (26)

Fotos: Carlos Cruz

Atenção moradores dos bairros que recebem em casa a melhor água de Itabira, captada por meio de poços profundos das Três Fontes, no bairro Pará, do aquífero Piracicaba: o fornecimento desse precioso líquido será interrompido temporariamente nesta quarta-feira (26), para a execução do serviço de limpeza do reservatório.

O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Itabira informa que o corte momentâneo do fornecimento afetará os moradores dos bairros Alto Pereira, Centro, Esplanada da Estação, Major Lage, Moinho Velho, Pará, Penha, São Pedro, Vila Amélia, Vila Cisne, Vila Paciência, Vila Piedade, Vila Santa Izabel, Vila Santa Rosa e Vila São Joaquim. A previsão é que o reabastecimento ocorra gradualmente durante a tarde desta quarta-feira.

O objetivo da higienização é assegurar o padrão de qualidade da água que abastece a população desses bairros. A limpeza é feita de forma manual, visando remover possíveis resíduos do interior da estrutura. A água captada nas Três Fontes, proveniente do aquífero Piracicaba, é de qualidade especial, tanto que exige tratamento simplificado pelo Saae (desinfecção, filtração e correção de pH).

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Aquíferos foram prometidos pela Vale como “legados” para abastecer a cidade 
Com a disposição de rejeitos nas cavas exauridas das Minas do Meio, é também soterrado o “grande legado” dos aquíferos para abastecer a população de Itabira

No início deste século, hidrogeólogos da Vale, em reportagem no jornal Vale Notícias da empresa, diziam que Itabira não precisava captar água do rio Tanque, pois a que aflora com o rebaixamento (atenção vereadores, o que é rebaixado é o aquífero, muito mais profundo que o lençol freático) para extrair minério de ferro se transformaria no grande legado da mineração para abastecer a população de Itabira e atrair novas indústrias.

Mas esse legado foi para as calendas gregas, uma vez que as cavas exauridas estão sendo agora soterradas com material estéril e rejeito, mais uma perda incomparável para o meio ambiente e para o abastecimento de água no município, a exemplo do que ocorre com as minas exauridas na Espanha, conforme contou em reportagem o hidrogeólogo da Vale, Agostinho Sobrero.

Segundo ele, em algumas regiões da Espanha, as cavas de minas exauridas foram transformadas em reservatórios de água para abastecer cidades próximas. Um exemplo é a mina de As Pontes, na Galícia. Após a exaustão da mina de carvão, a cava foi transformada em um grande lago artificial, que agora serve como um reservatório de água. Esse lago é utilizado para atividades recreativas e também ajuda a abastecer a região.

Exemplos pelo mundo, menos em Itabira

Outro exemplo é a mina de Meirama, também na Galícia. Após o encerramento das atividades de mineração, a cava foi preenchida com água, criando um lago que agora é uma importante fonte de abastecimento para as cidades vizinhas.

Na Alemanha, também ocorre a mesma situação. Um exemplo é o reservatório de água do Oberharz, um sistema de canais, reservatórios, diques e outras estruturas construídas para convergir e armazenar água das minas da região. A recuperação dessas cavas para esse fim não só ajuda a fornecer uma fonte de água para as comunidades locais, mas também contribui para a reabilitação ambiental das áreas mineradas.

Mas essa alternativa de uso das águas subterrâneas que emergem nas cavas para abastecer Itabira não existe mais, é mais uma promessa de “legado” não cumprida pela Vale, sob o silêncio obsequioso das autoridades municipais (vereadores, prefeitos, Codema), que não protestaram e muito menos cobraram providências enérgicas e compensações por toda essa perda irreversível.

Por sorte de Itabira, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio da promotora Giuliana Talamoni Fonoff , da Curadoria de Meio Ambiente da Comarca de Itabira, abriu uma investigação para apurar toda essa perda.

Isso resultou na assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que obriga a mineradora Vale a buscar e arcar com todo o investimento necessário para captar, transportar e tratar a água do rio Tanque, para abastecer a população de Itabira e atrair novas indústrias.

Leia também aqui:

O que faz a Vale arcar, após anos de reivindicação, com os custos da captação, adução e tratamento da água do rio Tanque

 

 

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