Reflexos ainda do COP23 e a balada para Trump
Veladimir Romano*
Especialistas alemães afirmaram durante a 23ª Conferência Mundial do Clima (COP23), realizada em Bonn, na Alemanha, nos 6 a 7 de novembro do ano passado, com mais de 150 países empenhados pelo clima, que este ano irá aumentar no território germânico o fechamento de algumas centrais nucleares. Fica previsto, ainda segundo os mesmos estudiosos, que a nação alemã não irá cumprir suas metas na redução emissora dos gases nocivos. É verdade, difícil está indo a transição energética quando em 2011 tudo indicava uma Alemanha “exemplar”, de regiões flutuando em avançado uso das renováveis. Depois de tudo, a coisa está ficando mais complicada.
Faz pensar em Donald Trump apostando na manutenção e até aumentando o uso do carvão norte-americano, das metas favoritas em criação de emprego [não esquecer que na campanha eleitoral o candidato agora feito presidente, prometeu criar 25 milhões de empregos, enquanto até agora e desde fevereiro apenas 4 milhões e 235 mil postos estão favorecendo a ideia].

O presidente Obama criou 16 milhões em sete anos. Também é bom não esquecer o que está no programa Trump, sobre promessas do automatismo “inteligente” para matérias primas de primeira linha, projeto que retirará múltiplos empregos na economia doméstica e não o contrário. Este projeto irá beneficiar cadeias turísticas e hoteleiras, refeitórios universitários entre outros aglomerados como aeroportos e grandes eventos ou feiras internacionais. Vamos pagar para ver tanto milagre Trump(ista).
O problema alemão, entretanto, vem de trás, quando vários governos decidiram fechar centrais nucleares; esta redução criou imediato efeito colateral fazendo industrias pesadas necessitadas de bastante energia, voltarem ao carvão. Igualmente novas exigências energéticas em mercado tão produtivo, industrializado e competitivo, impulsionou novamente a busca pelo carvão; e, eis que a liderança europeia das energias renováveis se atulham na mineração. O passado parece querer voltar e em força trazendo conteúdos demasiados baixos em qualidade, como este velho combustível sólido e mineral provocador de carbono excessivo (CO2).
Bona (antiga capital alemã), normalmente é famosa pelo seu clima temperado antes de o inverno chegar, uma das razões pela qual o governo a escolheu colocando três fantásticos pavilhões desenvolvidos em fibra mista dentro dos padrões de última geração antipoluidora. Lugar totalmente ajardinado, facilitando movimentos a mais de duas mil pessoas; resultou, dando primazia agora no decorrer de 2018, no final, outra cúpula na Polônia, iniciativa do próprio presidente francês: Emmanuel Macron, convidando a China e relançando a batalha climática com todos indícios de mais balada, a COP24, contra o inquilino da Casa Branca.
Rememorando e não esquecendo o frio repentino em plena abertura outonal do mês de novembro [no terceiro dia com chuva fraca, com temperaturas entre máxima de 9º, a média de 7º e mínima de 4º pela noite] que se sentiu linguagem climática alterada do quanto mais calor no período quente, mais frigidez trará e só agora começou… vamos esperar para sentir como a Europa este ano está tendo surpresas nas suas temperaturas… Será que Trump pensa no clima? Pelas coisas boas da Natureza? Já se viu que não, depois de um enfadonho e complicado ano de governação dado mais para esquecer, os norte-americanos vão sentido na pela alguma informação remediada pela natureza.
Inicialmente, poucos sabiam da presença norte-americana, mas quando a oportunidade se aproximou, empresários, prefeitos, movimentos cívicos ou ambientalistas e algumas notas estaduais, manifestaram uma USA amiga do clima, responsável, aproveitando esta oportunidade reclamando do Acordo de Paris no COP21 de 2015. Estes estão com o clima e na fase final da cimeira a presença de Al Gore, premiado em Estocolmo com Nobel da Paz em 2007, autor de “Uma Verdade Inconveniente” (no livro e depois na tela), confirmando que uma boa parte da população norte-americana vai pisar na bola contra Donald Trump.
Tarde ou cedo e perante tanta controvérsia, o presidente norte-americano vai acabar caindo na realidade da sua brutal ignorância; tudo o que é ruim tem seu último dia e outro renovado seguirá adiante. O COP23 que deveria ser realizado nas ilhas Fiji, foi transferido ao palco europeu por razões de logística e deslocações até ao Pacífico; deste modo, assumindo o Estado Federal alemão a responsabilidade tanto do ato como as despesas; contudo, de mal a pior, nunca numa reunião de nações e de pessoas reinou tanta intriga aberta e de vozes unidas pelo sentimento comum contra Donald Trump. Foi uma balada feia demais em vários idiomas e muito embaraço aos presentes norte-americanos sem culpa formada vindos de vários pontos dos EUA, desejando dar palavra honrosa sobre tão importante compromisso ambiental.
Com este presidente, os EUA estão acumulando renovados ódios transversais pelo planeta e em particular na maioria dos países com implantação religiosa islâmico ou muçulmana. Neste momento, apenas quatro canais dos milhares existentes no planeta mostram quanta inquietação reina na sociedade norte-americana: a Telesur, RT, ALJazeera e a NBC, com realismo, debate, estudo e comparáveis ganhos da elite política mais rica e milionária que jamais administrou o destino de milhões. Voltaremos ao tema.
* Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-caboverdiano, colaborador deste site Vila de Utopia
Enquanto isso, o Brasil segue a sua sina com muita água e Sol o ano inteiro sendo subutilizados para pagarmos a mais cara conta de energia elétrica do mundo.