Previsão da exaustão do minério de Itabira tem mudado com o tempo nos relatórios da Vale

Carlos Cruz

Minério de Itabira está mais pobre em ferro e cada dia mais difícil de ser extraído

É fato que as minas de Itabira estão no fim, mesmo que ainda existam recursos adicionais que podem ser agregados às reservas. Mas oficialmente o que se sabe é o que foi informado pela mineradora Vale à Comissão de Valores Imobiliários dos Estados Unidos, em 2017 e 2018, quando foi registrado que as minas de Itabira irão exaurir em 2028.

Foi assim que em 2001, ano em que a Vale começa a publicar os relatórios Form-20, obrigatórios para as empresas com ações negociadas nas bolsas de valores norte-americanas, a mineradora informa que as minas de Itabira iriam exaurir em 2014.

Já no relatório do ano seguinte a previsão foi mais otimista: a exaustão ocorreria em 2021. Em 2003, aumenta em um ano o horizonte de exaustão, com previsão de exaustão das minas Conceição e Minas do Meio para 2022 – e Cauê em 2004, como de fato ocorreu.

Ainda em 2004 declara que a mina de Conceição iria exaurir 2023 e as Minas do Meio em 2020.

Dez anos depois, em 2014, a previsão de exaustão já salta para 2025 (Conceição), mantendo 2022 para o horizonte de exaustão das Minas do Meio.

Já recentemente, no ano passado repete o prognóstico anterior, mantendo a previsão de exaustão para 2028.

Com tantas projeções em datas diferentes, não será de admirar se no relatório do ano passado, a ser divulgado neste ano, a Vale estender o horizonte de exaustão das minas do complexo de Itabira para além de 2030.

“A Vale não informa qual é o volume dos recursos (minério que precisa de detalhamento geológico e plano de lavra) e das reservas já conhecidas. Ela deve essas informações, claras e objetivas, para Itabira”, afirma o advogado Denes Lott.