Prefeitura dispensa vigilância e ladrões roubam cobre na usina Ribeirão de São José
Em visita nessa terça-feira (8/8) à usina Ribeirão de São José, equipes da superintendência de Meio Ambiente e da diretoria do Patrimônio Histórico constataram o roubo de quase todos os cabos de cobre existentes nos antigos transformadores – e que até então estavam preservados, apesar do estado de abandono e ruína em que se encontram a casa das máquinas e um prédio menor lá ainda existentes, ambos construídos no início do século passado.
Com a violação dos transformadores para o roubo de cobre, houve vazamento de um óleo que se espalhou no interior da usina. “Foi constatado que o óleo ficou contido dentro do prédio, que tem piso concretado, não contaminando o solo e nem o curso d’água que passa ao lado”, assegura o superintendente de Meio Ambiente, Renato Couto. “A mesma equipe esteve na usina na sexta-feira (4/8) e os equipamentos estavam intactos. O roubo ocorreu no fim de semana.”
Mesmo não havendo risco de contaminação do solo e do curso d’água que corre próximo pelo material tóxico que vazou do interior da casa das máquinas, outros transformadores deixados do lado de fora do prédio podem estar contaminando o meio ambiente. Esses transformadores há muito já deviam ter sido lacrados.
O pedreiro desempregado Januário Evangelista de Souza, primeiro tesoureiro da associação dos moradores da comunidade Ribeirão de São José de Baixo, confirma que até recentemente os equipamentos estavam intactos. Segundo ele, o roubo do cobre ocorreu após a Prefeitura retirar o vigilante do local, que residia em uma casa ao lado da usina.
“Trabalhavam lá como vigia o Messias e o “Picareta”, que revezavam com o Márcio. Ficou só o Messias por morar lá. Enquanto teve vigilância, ninguém mexia nas máquinas. Foi só tirar o vigia para roubar lá”, conta o líder comunitário, ressaltando a importância de se manter permanência vigilância no local.
De acordo com o superintendente de Meio Ambiente, a vigilância na usina deixou de existir desde que na administração passada foi encerrado contrato com uma empresa terceirizada que fazia o serviço. “Um dos vigias residia no local irregularmente, ocupando uma propriedade pública. Por isso, ele foi retirado de lá”, explica.
Não importa se a responsabilidade pela falta de vigilância foi deste governo ou do anterior. O que importa é que mais um patrimônio histórico de Itabira foi mais uma vez dilapidado por omissão do poder público.
Restauração
Como já ocorreu em outras ocasiões, a Prefeitura promete restaurar o complexo da usina Ribeirão de São José. O superintendente de Meio Ambiente diz que estão sendo levantados os custos da restauração. Ambas edificações se encontram em estado de ruínas após abandono de muitas décadas.
“O dinheiro para isso virá de um fundo ambiental, proveniente de compensações de vários empreendimentos instalados na cidade”, diz Couto. “Estamos ainda na fase de projeto, para depois fazer a licitação das obras de restauração.”
Parque
O superintendente de Meio Ambiente não soube informar sobre o andamento do projeto de implantação do Parque Natural Municipal do Ribeirão de São José, uma das condicionantes ambientais da Licença de Operação Corretiva (LOC) da Vale em Itabira. “Os custos que estamos levantando são só para restaurar a casa das máquinas e a outra construção menor”, informa.
O projeto do parque era para ter sido implantado pela Prefeitura em parceria com a Vale. Até aqui ficou só no papel e numa maquete, apresentada com estardalhaço à sociedade itabirana.
Faz parte de um conjunto de unidades de conservação, a saber: Parque Natural Municipal do Intelecto, Parque Natural Alto do Rio Tanque, no distrito de Senhora do Carmo, Parque Estadual Mata do Limoeiro, em Ipoema, Parque Natural Municipal Ribeirão de São José e a Reserva Biológica Mata do Bispo.
Dessas unidades, só foram implantados o parque do Intelecto e a estação ecológica, que virou Parque Estadual Mata do Limoeiro. Para a implantação do parque no Ribeirão São José já existe, inclusive, projeto pronto, contratado e pago pela mineradora.
“Eu ainda sonho com esse parque. Disseram que lá ia ter um espaço para os moradores da região venderem artesanato e tudo que produzimos aqui”, conta a artesã Magna Aparecida de Souza, moradora do povoado há mais de 15 anos com o marido Januário e os quatro filhos.
“Disseram até que o parque ia gerar emprego pra gente. Mas ficou só no sonho”, conta, frustrada. “Eu mesma fiquei pensando em ganhar um ‘troquinho’ vendendo o tricô que faço.”
Laboratório
Outro projeto que está sendo estudado para o local é transformar a usina em uma extensão do laboratório de elétrica do campus da Unifei de Itabira. “Estamos vendo a viabilidade de uma parceria futura com a Prefeitura”, informa o professor João Lucas, que visitou recentemente o local com o professor Clodualdo Vinício de Souza, ambos do grupo de pesquisa de Controle e Conversão de Energia, do campus local.
Mesmo com o roubo dos cabos de cobre dos transformadores, eles veem a possibilidade real de a usina voltar a gerar energia. “São equipamentos de valor histórico e que podem virar um laboratório para os alunos observarem na prática como era a geração de energia no início do século passado”, vislumbra o professor Lucas, com entusiasmo. “O potencial do lugar é grande, turístico e cultural, além de poder servir como extensão universitária.”
História
Conforme registra o Atlas de Itabira, publicado pela Prefeitura em 2006, a usina Ribeirão São José foi construída com recursos captados em 1912 junto ao Banco Hipotecário de Belo Horizonte, um empréstimo no valor de 30:000$00 (trinta mil réis). O projeto incluiu também a implantação de rede de água e esgoto e da iluminação pública na cidade.
No ano seguinte, a Prefeitura contratou com a Companhia Brasileira de Eletricidade Siemens-Schuckertwerke o fornecimento de materiais para a montagem da usina elétrica.
Localizada a 15 quilômetros da cidade, “era movida por uma turbina Pelton de 53 cavalos de alta pressão.” Foi assim que a cidade “passou a ser iluminada por mais de 250 focos de 50 velas, 200 deles instalados em postes tubulares de aço Manesmann”.
Pois é esse patrimônio histórico e arquitetônico que encontra-se há décadas no abandono. E se nada for feito de imediato, não demora a virar mais uma fotografia na parece da Cidadezinha Qualquer.
Descaso. Irresponsabilidade.
Triste saber desta depredação do nosso patrimônio.
Ademais há uma tal de LOC prometida pela mineradora e, pelo visto, o dinheiro nunca foi aplicado no local.
É um absurdo, junta a prefeitura e o meio ambiente dispensa o vigia que nem recebendo estava e expulsa de lá como se fosse invasor agora todos nós pagamos pelo mal serviço destes irresponsáveis porque o património não é somente propriedade deles e sim de todos nós, e agora será que estes mal administradores vão devolver o que é nosso? Cambada de safados tem que aprender a trabalhar!!!