Polícia faz operação para apreender dez adolescentes suspeitos de estimular ataques
Ataque a creche em Blumenau deixa ao menos quatro crianças mortas. Na imagem, movimentação no local após o ataque
Foto: Divulgação/
CBMSC
MP diz ter identificacao grupo que inentivava atos em cinco estados: Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco e Paraná
Por Catarina Scortecci e
Raquel Lopes
Folha de S.Paulo – Polícias de cinco estados brasileiros cumpriram na manhã dessa quarta-feira (19) dez ordens para internações provisórias, 13 mandados de busca e apreensão e 11 afastamentos de sigilo de dados contra adolescentes.
Os adolescentes apreendidos têm entre 11 e 17 anos e estão sendo investigados pela prática de atos infracionais equiparados aos delitos de ameaça, incitação ao crime, apologia ao crime ou criminoso, associação criminosa, além de incorrerem nos artigos 12 e 14 do Estatuto do Desarmamento.
Quatro apreensões ocorreram em São Paulo, três no Rio de Janeiro, duas no Paraná, uma em Santa Catarina e outra em Pernambuco.
De acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, as investigações que resultaram na deflagração da Operação Escola Segura começaram após o ataque à escola infantil Cantinho Bom Pastor, em Blumenau (SC), em 5 de abril. Um homem de 25 anos –que está preso e já responde pelos crimes na Justiça Estadual de SC– invadiu a creche com uma machadinha e matou quatro crianças. Outras cinco tiveram ferimentos.
O ministério afirma que, a partir deste episódio, foram localizados, pelas redes sociais, outras pessoas que estariam fazendo ameaças de ataques similares.
De acordo com o ministério, estão trabalhando de forma integrada 51 chefes de delegacias de investigação e 89 chefes de agências de inteligência de Segurança Pública (Polícias Civis e Polícia Militar).
Os mandados foram cumpridos em 11 cidades: Recife (PE); Blumenau (SC); Curitiba e Guaíra, no Paraná; Barra Mansa, Duque de Caxias e São Gonçalo, no Rio de Janeiro; São Paulo, Itapira, São José dos Campos e Salto, em São Paulo.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse que as polícias estaduais estão trabalhando em conjunto com o Ministério da Justiça para maior eficácia nas ações preventivas e repressivas. Ele explicou que a operação ocorreu porque foi identifica uma articulação de jovens, adultos “especulando sobre ataques em escolas”.
“Entre o 8 de janeiro e os ataques nas escolas há uma ligação óbvia, o mesmo método, o mesmo paradigma, o paradigma da violência. Precisamos nos enfrentar na política e no espaço da escola, disse o ministro em entrevista ao Jota.
“Se nós olharmos bem o que aconteceu em outros anos: invasão do hospital, campanha contra vacina, vacina faz mal, agride médico, agride enfermeiro, agride políticos, agride o professor, agride os alunos. É o mesmo fio condutor de múltiplas formas, mas há um terrível fio condutor que deve ser enfrentado de modo amplo, inclusive não institucional”, acrescentou o ministro.
A operação “Escola Segura” ocorre com apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública, e teve início a partir de investigação do Grupo de Atuação Especial no Combate a Crimes Cibernéticos, o CyberGAECO, do Ministério Público de Santa Catarina.
As ordens judiciais foram determinadas pela Vara da Infância e Juventude da Comarca de Blumenau.