Pesquisadores da UFMG esclarecem pontos sobre o monitoramento e saneamento da Água Santa e revitalização do parque com educação ambiental
Foto: Carlos Cruz
Profa. Uende Gomes
Prof. Marcelo Libânio
Em resposta à matéria Intervenções no Parque da Água Santa são históricas e paliativas, publicada na Vila da Utopia, no dia 28 de novembro de 2024, gostaríamos de fazer os seguintes esclarecimentos:
- A intervenção em bacias hidrográficas urbanas consiste em um dos maiores desafios deste século em curso. Estes territórios são dinâmicos, complexos e pouco compreendidos sendo recorrentes os fracassos na busca de compreendê-los e modificá-los.
- Lançamentos irregulares de esgotos sanitários e efluentes de pequenas, médias e grandes empresas em corpos d’água ancoram-se na ausência de conhecimento e responsabilização e são recorrentes e dinâmicos. Assim, ainda que já tenha sido realizado algum tipo de ação ou diagnóstico na Bacia que contribui para as águas do Parque da Água Santa, estas ações, estes diagnósticos e monitoramentos deverão ser continuamente revistos e atualizados.
Sobre resultados do Projeto: Mitigação dos efeitos das ações antrópicas na qualidade das águas do Córrego Água Santa – Itabira/MG: Plano de ação e projeto de educação popular em saneamento, do qual, eu, Uende Aparecida Figueiredo Gomes, sou coordenadora:
- Conforme já observei, a recuperação das águas que percorrem áreas urbanizadas é um projeto de grande envergadura para todo o Planeta. Ressalto também que o monitoramento realizado no âmbito do estudo – durante período de julho de 2024 a outubro de 2024 – nos revelou que:
1.1. Sobre a qualidade da água: nenhuma água natural é potável ou indicada para ingestão. Toda água destinada ao consumo humano deverá passar, pelo menos, pelo processo de desinfecção conforme estabelece a Portaria 888/2021 do Ministério da Saúde. Portanto, para o Parque da Água Santa, é mais indicado nos orientar pela Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA nº 274 que define os critérios de balneabilidade em águas brasileiras. Sobre este tema, os resultados sugerem que a qualidade das águas subterrâneas que percorrem o Parque da Água Santa atende aos padrões de balneabilidade, ainda que estas águas estejam fortemente expostas às pressões antrópicas e permanentemente em risco em razão do encontro com águas superficiais – contaminadas.
1.2. O curto período de monitoramento não é suficiente para conclusões taxativas e a coleta, a análise e a divulgação de resultados devem ser permanentes.
1.3. Não existem dados de monitoramento da qualidade das águas do Parque da Água Santa, também são necessárias outras informações sobre vazão, impactos da sazonalidade, condições da bacia contribuinte – diagnósticos e monitoramentos deverão ser continuamente revistos, atualizados e publicizados.
- Queremos destacar também que foram entregues à Prefeitura Municipal de Itabira, por meio de sua Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Proteção Animal e apresentados ao Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Itabira – SAAE – os seguintes produtos:
- Desenvolvimento da identidade visual do Parque da Água Santa;
- Elaboração de projeto de educação popular em saneamento direcionado à sensibilização em relação ao Parque da Água Santa.
O desenvolvimento destes produtos foi iluminado pelo seguinte trecho do hino da nossa cidade – letra: Mestra Vitalina de São José – “Tem o poço d’Água Santa. E as fontes do Pará. Quem de suas águas bebe. Não se esquece mais de lá.”
Ressalto que milhares de itabiranas e itabiranos desconhecem o Parque da Água Santa e não resolveremos problemas complexos com soluções simplistas, por isso indicamos a necessidade de que o Projeto de Educação Popular alcance TODAS as escolas municipais de Itabira.
Também indicamos pela continuidade do monitoramento da qualidade das águas, permanente diagnóstico da Bacia Hidrográfica e levantamentos de dados e informações sobre as águas urbanas que afluem ao Parque da Água Santa.
Por fim, aproveito a oportunidade para agradecer pelo apoio que recebemos e pela parceria que estabelecemos com os colegas da Prefeitura Municipal de Itabira, por meio de sua Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Proteção Animal e Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Itabira – SAAE.
Nos colocamos à disposição para mais esclarecimentos.