Intervenções no Parque da Água Santa são históricas e paliativas
Fotos: Carlos Cruz
Quando foi implantado o Parque Municipal da Água Santa, sob a administração do ex-prefeito Jackson Tavares (1997-2000), o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) realizou um rastreamento de contaminações por redes clandestinas.
Segundo divulgado, cerca de dez moradias estavam nessa situação. Foram feitas interceptações dos esgotos, redirecionados a jusante do canal, próximo à Rodoviária.
Para isso, uma tubulação foi construída na lateral esquerda do poço, trazendo esgoto dos bairros Pará, Chacrinha e Moinho Velho.
O sistema funcionou bem até sofrer vandalismo, que quebrou um tubo na entrada do poço, contaminando a água pluvial.
Apesar de alguns reparos na primeira gestão do ex-prefeito Ronaldo Magalhães (2001-2004), as ações foram paliativas, possivelmente para não valorizar a obra de um governante anterior, o que é recorrente em Itabira e em muitas cidades.
Novas intervenções
Recentemente, também na administração passada, o Saae adquiriu um equipamento “caça esgoto” para identificar novos lançamentos clandestinos.
A atual administração também criou, em janeiro de 2022, o Grupo Especial de Trabalho (GET) para apurar as condições sanitárias do local e identificar os responsáveis pela poluição.
De acordo com o decreto 1.825/2022, publicado em 13 de janeiro daquele ano no diário oficial do município, o GET teria a incumbência, em um prazo de um ano, de levantar quem “são os agentes poluidores, catalogando as fontes constituídas de efluentes domésticos ou industriais.”
Entretanto, bastaria solicitar ao próprio Saae o diagnóstico realizado no final do século passado para identificar essas fontes e eliminar o que ainda resta de esgotos clandestinos, mesmo depois das primeiras intervenções.
Antecedentes
A canalização com a construção de interceptores e emissários ao longo da extensão a montante do poço, junto à construção da rua que margeia e canaliza o córrego, foram pontos importantes.
No entanto, a despoluição do trecho a montante do poço já deveria estar concluída, mas o mau cheiro persiste, possivelmente devido a lançamentos de esgoto diretamente no canal da avenida João Pinheiro.
Uma fonte que já trabalhou no Saae, mas preferiu não se identificar, afirmou que ainda há lançamentos clandestinos e intencionais de esgoto diretamente no canal.
Segundo essa fonte, até o poder público fez um lançamento na confluência da avenida João Pinheiro com a rua São José para mitigar problemas de entupimento.
“A principal causa do mau cheiro é o retorno dos gases pelo enclausuramento do canal numa extensão de 1,2 quilômetros”, é o diagnóstico que faz o ex-técnico do Saae.
O que se observa em Itabira são sequências de estudos e relatórios sobre as condições sanitárias do local que repetem uma realidade secular. E sem que se resolvam os mesmos velhos problemas sanitários.
“É uma tristeza para o itabirano que se preza ver a decadência do legendário poço, onde todos nadávamos quando menino, num estado de abandono lamentável. Acredito mesmo que os meninos de hoje nem conhecem essa maravilha itabirana, enquanto por toda a vasta região do nordeste mineiro não há quem ignore a sua existência”, já lamentava Baptistinha, em 1932.
Desafios do “novo governo” no Parque da Água Santa
Espera-se que, com as próximas intervenções do “novo governo”, que toma posse em 1º de janeiro, e com base nos diagnósticos e nas ações propostas pelos especialistas da UFMG, o poço e o córrego da Água Santa finalmente fiquem livres da poluição.
Além disso, o “novo governo” planeja reformar todo o parque e seu entorno, incluindo a transferência da rodoviária para outro local , com a sua incorporação à novas finalidades mais adequadas para o espaço.
“No final da rua Água Santa e o poço ficaria o parque, com vistoso gramado, belas árvores, lagos, flores, coreto para a Banda Euterpe”, escreveu Baptistinha. Que com a reforma e restauros, o parque fique próximo disso.
Deveriam retirar essas colunas e fazer algo mais moderno