Pensando e cozinhando

Rafael Jasovich*

Os leitores deste site (alguns leem minhas postagens) sabem de minha paixão por botecos (que faz tempo não frequento devido a pandemia) e o despertar de mais um hobby, cozinhar.

A idade não vem sozinha e depois de um problema sério de saúde, o médico diz que bati na trave. Tomo uma infinidade de remédios e tenho uma dieta alimentar horrorosa.

Os jovens que obviamente se acham imortais fazem planos a longo prazo, eu faço planos para o dia seguinte.

Bom, voltando ao assunto da dieta, decidi fazer umas comidas árabes e mandei comprar todos os ingredientes para um homus com tahine, um kibe cru e uma berinjela refogada.

Enquanto colocava de molho o grão de bico comecei a pensar na terrível situação dos patrícios (povos indígenas) com o julgamento do marco temporal – um absurdo, já que eles são donos de toda a terra do Brasil de antes do ano 1500.

Descasquei o grão de bico e coloquei o trigo na água para inchar, coloquei a carne moída duas vezes num pote grande.

Ah, já ia me esquecendo de registrar: a lei que substituiu a de segurança nacional teve o veto do capitão no que se refere a punição por fake news, um típico caso de réu confesso.

Cortei a berinjela e a cebola em pequenos pedaços e reservei.

Para o próximo 7 de setembro, o capitão (com minúscula mesmo) encurralado pela CPI, pelo STF, o TCU e principalmente agora pelo TSE, onde o ministro do STF (o careca) assume a presidência, podendo cassar a chapa capitão e general (parece nome de dupla caipira), ameaça todo o povo brasileiro com as suas bravatas.

Descasquei o grão de bico. Coloquei no liquidificador com pouca água e bati até fazer uma pasta homogênea, agreguei o tahine, um pouco de limão, sal e azeite. Homus pronto para comer.

Se cassada a chapa da dupla genocida assume o presidente da Câmara e tem que convocar eleições em no máximo 90 dias.

Piquei a hortelã bem pequenininha e misturei com a carne. Agreguei o trigo escorrido, sal, azeite e limão. Kibe cru pronto.

Só de imaginar os partidos de direita tendo que escolher um candidato competitivo para enfrentar o Lula (líder absoluto nas pesquisas) vai ser uma guerra de foice no escuro.

Coloquei para refogar a berinjela, a cebola e pimentão vermelho (na realidade ficou um antepasto italiano (taponata), gostoso e pronto.

Antes de chamar a mesa para saborear as iguarias vou me desejar estar ainda vivo para assistir o final dessa novela surreal chamada Brasil.

*Rafael Jasovich é jornalista e a advogado, membro da Anistia Internacional

 

 

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