Pedreira Paulo Leminski, em Curitiba (PR), vai ganhar ampliação: conheça a Rua da Música
Foto: Divulgação
Cinco restaurantes ganham identidade única em ambientações assinadas pelo arquiteto André Henning, com conceitos inspirados em ritmos musicais, entre a Ópera de Arame e a Pedreira Paulo Leminski
Considerada o maior espaço para shows ao ar livre da América Latina, a Pedreira Paulo Leminski, em Curitiba (PR), se prepara para ampliar suas atividades neste mês de julho. O complexo vai inaugurar a Rua da Música, uma iniciativa da DC Set Group que vai integrar programação artística contínua, mirante, estúdio de gravação, área infantil, centros expositivos, ambientes de convivência e, claro, operações gastronômicas.
“O nascimento da Rua da Música e todas as novas atrações que traz consigo neste novo momento do Parque Jaime Lerner representam um marco histórico no coração da Pedreira Paulo Leminski e da Ópera de Arame. Curitiba acolhe, se reinventa e se projeta como referência no cenário cultural, do turismo e do entretenimento”, afirma Helinho Pimentel, CEO e sócio da DC Set no Parque.
Para oferecer uma opção de lazer e gastronomia única aos curitibanos e turistas, os restaurantes da Rua da Música, que terão capacidade para comportar, em média, 70 pessoas sentadas em cada, foram pensados para unir ritmos, sabores e design, potencializando a experiência no espaço que abrirá as portas no dia 18 de julho.
A ambientação de cinco das seis casas conta com assinatura do arquiteto André Henning, considerado uma das principais referências do Brasil na “arquitetura de negócios” e conhecido por projetos que unem arquitetura, cenografia, funcionalidade e narrativa.
“Convidei o André depois de uma conversa em que ele apresentou o conceito e os 3Ds. Eu já havia gostado dos projetos, mas o resultado superou o que vimos na tela: uma entrega real, encantadora e acima das expectativas. Espero que essa parceria siga por muito tempo”, diz Helinho Pimentel.
Nos restaurantes, o profissional propõe uma abordagem singular para o conjunto: cada restaurante foi pensado como uma extensão sensorial de um ritmo musical, materializando sons em formas, cores, texturas e experiências.
“Cada casa tem uma personalidade e uma trilha sonora”, explica André Henning, que ficou também responsável pela ambientação externa da Rua da Música, desde o projeto de iluminação até o mobiliário do espaço.
Conheça os projetos
Começando nos embalos do jazz e R&B, a ambientação do Ernesto Music Hall, novo conceito de uma das mais relevantes marcas da gastronomia italiana curitibana, conta com atmosfera clássica, paredes revestidas com painéis monumentais, cortinas vermelhas, madeira envernizada e um piano ambientado no espaço. Já o Mustang Sally aposta no universo tex-mex, que domina seu cardápio, e do rock’n’roll, com uso de cores fortes, elementos metálicos, muitas curvas e referências ao emblemático diner norte-americano.
Na sequência, o samba e o pagode ganham destaque no Bar CanaBenta, clássico da boemia curitibana, com luminárias instaladas em pandeiros, que foram desenhados especialmente para o espaço. O piso é de ladrilho hidráulico; os cobogós amarelos remetem à década de 1970; e as grades de ferro completam a estética de uma casa brasileira típica. “É um projeto que fala de memória afetiva e que celebra o nosso cotidiano com humor e identidade”, destaca o arquiteto.
Já o Olaria, que chega à Pedreira após muito sucesso no Parque Barigui, assume um tom mais suave: arquitetura leve, paleta terrosa e clima de final de tarde ao som de MPB. Por fim, o Rosso, bar inédito em Curitiba, surge como o grande representante do espírito de festival. Estrutura metálica aparente, tecidos esvoaçantes e um palco integrado compõem o ambiente pensado para receber apresentações musicais de diferentes estilos.
“Posso afirmar, sem medo de errar, que as operações da Rua da Música levam os projetos mais prazerosos da minha carreira. Foi muito satisfatório e gratificante trabalhar em algo tão grandioso, que em breve fará parte da história da cidade de Curitiba. Um espaço tão especial, que une nomes como Paulo Leminski e Jaime Lerner, dois ícones brasileiros”, celebra André Henning.
Exposição Geração Pedreira
Além da Rua da Música, André Henning é responsável pela assinatura da arquitetura e ambientação da exposição permanente Geração Pedreira, que contará a história da Pedreira Paulo Leminski, passando pela inauguração, desativação e renascimento como um dos principais símbolos culturais da cidade. O museu terá fotos históricas, objetos de artistas e depoimentos de quem já passou pelo palco mais famoso da capital paranaense.
“O que mais me atrai nesse projeto é a possibilidade de construir uma memória viva. Mais um ‘pedacinho’ do Parque Jaime Lerner que eu terei a honra de contribuir diretamente. Não vejo a hora de ver o público usufruindo de toda essa estrutura que foi planejada nos mínimos detalhes”, completa o arquiteto.
Paulo Leminski: o poeta que reinventou a linguagem e desafiou os limites da poesia brasileira

Paulo Leminski foi muito mais que um poeta. Foi um alquimista das palavras, um provocador cultural, e uma figura essencial na renovação da literatura brasileira. Nascido em Curitiba em 1944, Leminski mergulhou na poesia como quem descobre um atalho para o pensamento – direto, surpreendente, essencial.
Sua obra foi marcada pela fusão de influências aparentemente díspares: da filosofia existencial à poesia concreta, do haicai japonês à música popular brasileira. Com humor ácido, inteligência afiada e ritmo envolvente, Leminski escreveu poemas que são ao mesmo tempo acessíveis e profundos.
Ele mostrava que a poesia não precisava ser solene para ser poderosa. Basta ler versos como “isso de querer / ser exatamente aquilo / que a gente é / ainda vai / nos levar além” para sentir o impacto.
Além de poeta, foi músico, compositor, publicitário e judoca faixa preta. Essa versatilidade se reflete em sua obra irreverente, musical, filosófica e provocadora. Leminski fazia da linguagem sua arena de combate, e da poesia, uma forma de revolução. Em meio à repressão dos anos 70, sua escrita marginal era resistência.
Uma perda precoce e irreparável
Leminski morreu em 1989, aos 44 anos, vítima de cirrose hepática. Uma morte prematura que interrompeu uma trajetória artística brilhante, mas não apagou sua luz. Pelo contrário: sua influência cresce a cada geração, inspirando novos escritores, músicos e leitores a explorar os limites da linguagem.
Em Leminski, a poesia encontra seu ponto de ebulição — onde o cotidiano se torna filosofia, e o verso vira flecha. Fica a saudade de quem soube dizer tanto em tão poucas palavras. E a certeza de que sua escrita continuará dizendo muito, por muito tempo.
Principais obras
- Distraídos Venceremos (1987): coletânea de poemas em que o autor une lirismo e provocação em doses perfeitas.
- Catatau (1975): um romance experimental que imagina René Descartes em pleno Brasil colonial, refletindo sobre o absurdo da razão no caos tropical.
- Toda Poesia (2013, póstumo): reunião definitiva de seus textos, que o transformou em best-seller nacional décadas após sua morte.
- Traduções: Leminski traduziu autores complexos como James Joyce e Samuel Beckett, tornando-os mais acessíveis ao público brasileiro.