Pedido de aumento da passagem pela Cisne é exorbitante, diz vereador

O vereador André Viana (Podemos) protestou ontem (15/02) na tribuna da Câmara Municipal contra o pedido da empresa Cisne (Pássaro Verde) de reajustar em 22,19% o preço da passagem de transporte coletivo urbano em Itabira.

André Viana quer mobilizar usuários contra o aumento da passagem do transporte coletivo (Fotos: Carlos Cruz)

Se aprovado pelo Conselho Municipal de Transporte e Trânsito (CMTT), o que pode ocorrer em reunião extraordinária ainda neste mês, e sancionado pelo prefeito Ronaldo Magalhães (PTB), o valor da passagem saltará dos atuais R$ 3,65 para R$ 4,45 – um aumento de R$ 0,80.

O vereador espera que o CMTT não aprove o reajuste pretendido. “Se o conselho aprovar, o prefeito deve vetar”, pede o vereador, que não tem poder de decisão no caso. É que só compete ao CNTT analisar e aprovar ou não o pedido, cabendo ao prefeito vetar ou sancionar o aumento, sem ter que ouvir a Câmara Municipal. No caso de o reajuste ser vetado, a empresa pode ainda recorrer à Justiça.

Para o vereador, o pedido de reajuste é exorbitante não só por estar muito acima da inflação no período, mas também por não condizer com a realidade do país. “O aumento da passagem no ano passado já foi bem acima da inflação e agora querem reajustar por um índice ainda maior”, afirma o vereador, que apresentou os índices inflacionários dos últimos anos.

Segundo ele, em 2017 o preço da passagem teve reajuste de 17,7% contra uma inflação de 2,95%. Já para este ano, a expectativa é de que a inflação fique abaixo de 4,06%, enquanto a empresa pede reajuste de 22,19%. “Que categoria de trabalhadores teve reajuste salarial dessa magnitude?”, questiona o vereador, para ele mesmo responder. “Só o judiciário.”

Protesto na Prefeitura

Vetão quer prender o prefeito caso aprove o reajuste

No caso de o prefeito aprovar o reajuste pretendido pela empresa de transporte coletivo, o vereador promete organizar um ato público de protesto em frente à Prefeitura. “O povo não aguenta mais esse reajuste e não pode ficar calado.”

Já o vereador Weverton “Vetão” Leandro dos Santos Andrade (PSB) radicaliza. “Se o prefeito aceitar esse aumento, ele tem de ser preso, por estar matando vários itabiranos que estão desempregados”, exagerou em sua verve oposicionista.

Conselheiro do CMTT, Agnaldo “Enfermeiro” disse que vota contra o reajuste

Integrante do CMTT como representante da Câmara, o vereador Agnaldo “Enfermeiro” Vieira Gomes (PRTB) disse que irá votar contra o reajuste. “Tenho apreço à Cisne, mas com 25 mil trabalhadores sem carteira assinada no município, não há como dar esse aumento.”

Deficiência

O vereador André Viana questiona também o monopólio da empresa Cisne que, há quase 40 anos, detém a exclusividade do transporte coletivo urbano em Itabira. Critica também a qualidade do serviço prestado à população. “São ônibus danificados, elevadores para deficientes que não funcionam, pontos de ônibus em condições lamentáveis.”

Para ele, os argumentos apresentados pela empresa com justificativa para o reajuste de 22,19% não são válidos. “A empresa alega que os aposentados não pagam passagem. Mas nada diz sobre os R$ 1,5 milhão que a Prefeitura paga como vale-transporte para os estudantes”, contrapõe. “E a empresa passou três anos sem reajustar o salário de seus funcionários. E quando reajustou, deu um pífio aumento de R$ 14.”

Segundo ele, são 22 mil passageiros que utilizam diariamente o transporte coletivo na cidade. “Se aprovado o reajuste, isso irá prejudicar não só os trabalhadores, mas também os empresários que são obrigados a fornecer vale-transporte”, acrescenta André Viana.

É uma empresa que não abre a sua planilha, não mostra a sua lucratividade para o povo”, volta a criticar o vereador, que pretende colher assinaturas para instaurar uma comissão parlamentar de inquérito (CPI). O objetivo é avaliar o monopólio no transporte coletivo e também a qualidade do serviço prestado.

Para o vereador, antes de reajustar o preço das passagens, é preciso rever os itinerários dos ônibus. “Na reunião da comissão no mês passado, ficamos sabendo que no governo do prefeito Damon foi encomendado um estudo de viabilidade para reduzir os custos do transporte coletivo por meio de novas rotas e sem sacrificar o consumidor. Precisamos conhecer esse estudo e ver se é viável a sua implantação”, propõe André Viana como medida alternativa ao que chama de “exorbitante” reajuste do preço da passagem urbana.

Análise técnica

Vereadores criticam não só o reajuste pretendido pela Cisne, mas também a qualidade do serviço

O CMTT tem reunião ordinária agendada para março, quando deve definir se atende ou não ao pedido de reajuste da empresa. “Estão querendo realizar uma reunião extraordinária neste mês para definir o reajuste. Não entendo o motivo de tanta pressa”, questiona André Viana.

O vereador sugere realizar a próxima reunião do CMTT na Câmara Municipal – e não na Secretaria de Obras, no bairro Pará, onde normalmente o conselho se reúne para deliberar sobre questões relativas ao trânsito e ao transporte coletivo na cidade.

Procurado pela reportagem, o presidente do CMTT, Jairo da Silva Ferreira diz que o conselho ainda não iniciou a análise do pedido de reajuste das passagens. De acordo com ele, a planilha apresentada pela empresa ainda está sendo avaliada pelos técnicos da Superintendência de Transportes e Trânsito de Itabira (Transita).

Sobre a possibilidade de o conselho se reunir extraordinariamente em fevereiro para deliberar sobre a questão, esquivou-se. “Assim que o parecer chegar ao conselho, vamos nos reunir para tomar conhecimento e deliberar. Se esse expediente (o parecer técnico) chegar antes da reunião ordinária de março, ficou combinado que faremos uma reunião extraordinária para deliberar se aprovamos ou não o pedido de reajuste”, confirma o que disse o vereador André Viana.

Mas Ferreira justifica: “Não é uma questão de pressa, nem sabemos se (o pedido) vai ser aprovado ou não. Tudo será analisado de acordo com a legislação e com a planilha pré-aprovada desde que foi feita a última licitação para o transporte coletivo, em 2008”, assegura.

Procurado também para se contrapor às críticas dos vereadores, o gerente da Cisne, Albino José Pinheiro, não foi encontrado. A sua secretária disse que ele ligaria para a redação deste site assim que retornasse à empresa. Porém, até o fechamento da reportagem isso não ocorreu.

 

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1 Comentário

  1. Prezado Carlos.
    A SMOTT, responsável pela gestão do trânsito na cidade e, por
    conseguinte, braço técnico do conselho de trânsito informa que não
    haverá reunião extraordinária sem o devido tempo para que todo o
    conselho analise a proposta de reajuste da concessionária do serviço
    de transporte coletivo. O estudo técnico foi concluído, entretanto,
    solicitei algumas informações complementares. Por isso, o atraso na
    entrega ao Conselho.
    Reafirmo que o prazo necessário para análise pelo Conselho será
    respeitado.

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