Onde e qual será a próxima guerra
Foto: Alexander Ermochenko/Reuters
Veladimir Romano*
Nações que, nas estratégias secretas dominam processos financeiros, preparam guerras no segredo dos seus bastidores. Para isso, mandam os seus serviços de espionagem controlarem oportunas saídas a esses fins.
Não se cansam até que lhes caia por cima uma desgraça suprema com capacidade imediata em civilizar seus intentos. Rapidamente deduzindo lógicas retiradas dos compêndios relatores das tragédias, o DNA humano, não passa sem brutalidade, como tudo leva a crer, sustentar um mundo com o crescimento de sua população. Guerras são o lado ruim dessa desequilibrada balança.
Outros, considerando forças superiores, obrigam seres humanos à conduta belicista. E é aí que se aplica mais investimentos nos exércitos, sugando o tutano das sociedades. Vivem as suas desconfianças fronteiriças, mas não esquecem tais cobiças sobre as riquezas do seu semelhante.
Países são como vizinhos que educadamente se cumprimentam até que um dia, por causa de qualquer assunto mais banal, soltam faíscas – e o desentendimento entra na praça dos julgamentos.
Na Europa, sofrida, calcinada por conflitos, todos ficaram muito convencidos de que a Leste, durante a “Guerra Fria”, tais diferenças com jogos de cintura e alguma espionagem, seria outro lado da vida.
Na ideia de um francês, Jean Monnet (1888-1979), político ideólogo sonhador de um mercado unificador ainda que na clara diferença, pôde tomar rumo saudável equilibrando défices políticos ou de cariz mais ideológico.
Trabalhando nos bastidores, sem nunca ambicionar cargos ou regalias, Monnet procurou com muita vontade e transparência, como manifesto de um homem simples, do campo, nascido na região de Cognac [famosa pela produção do conhaque], defender as suas ideias.
Estudioso dos comportamentos humanos, garantiu ideias viajando por tempos atrás, quando Napoleão Bonaparte (1769-1821) pensou em unificar a Europa, em obra monumental, mas apenas na ideia. Faltou tecnologia nessa ligação subterrânea desde a França, como também a Inglaterra.
Monnet pensou na unificação de uma Europa republicana sem guerras… sonho adiado por 180 anos quando François Mitterrand (1981-1995), já quase no seu derradeiro mandato, finalmente inaugurou a ideia napoleônica na criação da paz eterna, ligando pelo canal da Mancha, com 50 quilômetros de comprimento por 45 metros de largura, engenharia franco-britânica procurando progresso, exigência política e responsabilidade social.
Tal qual a governante conservadora do lado inglês [Margaret Thatcher] soube alinhar com o governo de comunistas e socialistas franceses, escolhidos por François Mitterrand, deixando este maravilhoso projeto aos europeus e a todos quantos chegam à França ou à Inglaterra.
Passaram-se anos. Os exemplos valiosos e altruístas de outras gerações, ao que parece, pouco importam. Voltamos ao início ou talvez remoendo fragilidades das lideranças nada interessadas na continuidade da paz, de como ela é difícil de manter pelo tanto de hostilidades existentes hoje em dia habitando e agitando arcaicos fantasmas da guerra.
Com isso, será legítimo perguntar: depois desta, qual será a próxima guerra?
*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-cabo-verdiano.
Fico na expectativa, espero que não seja pela água doce e minérios da Amazônia…