O rio
Fotos: Arlete Bretas
Poema inspirado pelo olhar fotográfico de Arlete Guerra Bretas e pelo rio Jirau. Deixo aqui o meu registro!
Fátima Drummond
Lá vai o rio Jirau
seguindo o seu caminho,
cumprindo um destino de águas,
ora rasas,
ora profundas,
às vezes tintas de lama…
Lá vai o rio!
É triste e sombrio
nas margens sob ingazeiras frondosas,
mas cantante e alegre nas correntezas.
Entre pedras, entre galhos
vai refrescando dias quentes de sol!
Vai lambendo barrancos,
Irrigando os campos,
matando a sede de bichos, pássaros
e gente, dando peixes a quem tem fome!
Lá vai o pacato rio
no seu curso natural,
sinuoso rio,
só mesmo atormentado
se desaba chuva pesada
ou mesmo chuvas por dias seguidos.
Então o rio se enche,
se enche com águas barrentas
e enfurecido transborda
ou por vezes só ameaça sair do seu leito,
que Deus nos livre de tal feito!
Lá vai nosso rio sagrado,
isento de culpa,
vai carregando o que nele despejam,
vai sendo profanado
pela cruel poluição,
pela qual somos todos culpados,
pecado sem remissão!
Lá vai o rio,
Rio nosso, o Jirau!
Não se cansa
mesmo que mude de direção!
Segue em frente
e nesse movimento
se renova.
A água que corre agora logo passa!
Já vai lá adiante,
uma após outra vem e vão
num vir e ir constantes!
Lá vai o rio Jirau,
depois de um longo percurso
atravessa as terras de Santa,
abençoado por Maria!
Vai sinuoso e passa sob uma ponte,
à qual pede conselho
pra nunca perder sua força!
Lá vai o rio, tem pressa,
o rio lá vai…
Depois da curva da estrada,
eis que se lança
e num abraço de águas,
rio Tanque e Jirau
se entrelaçam,
rolam juntos,
seguem os dois misturados!
Um só destino, outros rios,
novos encontros os aguardam
e águas entrelaçadas
Seguirão juntos até o mar, afinal!
SMI, 04/02/18
Belo poema em homenagem ao nosso Rio Jirau.
Parabéns, Fátima!
Oi, Fátima! Sempre que ouço ” Onde nasci passa um rio”, do Caetano Veloso,me vejo em Santa Maria vendo o Jirau passar, mesmo não sendo dessa cidade amiga. O nome do rio de vocês tem o mesmo nome de uma região que existia próxima ao Pé-de-pomba, ou Vila Sagrado Coração de Jesus, bairro que existia aqui de Itabira onde nasci e vivi até os dezoito anos. Essa região foi o cenário da primeira tragédia provocada por uma deslizamento de minério da CVRD, causando morte e destruição na década de 1960. Como canta Paulinho da Viola ” era menino mas me lembro muito bem’. Uma menina linda foi soterrada pela mistura de minério e lama.O seu lindo poema reavivou todas essas lembranças em mim. Que o Jirau continue a desaguar no coração de vocês e que se brotar dos olhos seja de felicidade por ve-lo seguindo a embalar as futuras gerações santamariense. Viva o Rio Jirau, viva o Morro Escuro.