O futebol está de volta aos estádios sem torcidas em tempos de pandemia
Luiz Linhares*
Foram mais de quatro meses sem saber o que é uma partida de futebol ao vivo. Tempos difíceis com toda certeza. Um desencontro total de perspectiva e mesmo de conhecimento com tudo que vinha acontecendo e o tamanho de sua extensão.
Jamais imaginaria umas férias tão intensa, como difícil é viver sem a sua própria vida. Louco demais ter nossas vidas e ações confiscadas de uma hora para a outra e sem ação, sem ter uma defesa previa.
Claro que todos nós caminhamos neste mesmo trecho e ainda os trilhamos agora com um conhecimento melhor, ou pelo menos achamos que o temos.
Viva, o futebol está de volta. E com ele nossos Pitacos aqui na Vila de Utopia. Vou tentar em poucas linhas escrever o que penso e como encaro o atual momento dos nossos representantes mineiros.
Desde a semana passada tivemos o reinício com as duas últimas rodadas da fase de classificação do Campeonato Mineiro. Naquele momento de parada o América vinha liderando a disputa, o Atlético entre os quatro melhores e o Cruzeiro estava fora do grupo que seguiria para a disputa final.
Rodadas aconteceram e pelo que dentro de campo foi apresentado em jogos sem torcida, com muito protocolo sanitário, acabou o desenho dentro dos moldes que estavam antes da paralisação.
Ou seja, o Cruzeiro pela primeira vez em sua história não obteve pontuação para participar da fase semifinal e não briga pelo título estadual da temporada.
Sob nova direção, Cruzeiro se prepara para o desafio na série B do Brasileiro
Vou começar pelo time celeste, que vem pagando o preço por tudo de ruim que lhe fizeram administrativamente. Neste período de isolamento e quarentena, foi punido pela FIFA com perda de seis pontos por não pagar dívidas com prazo definido.
Teve mudança no comando técnico sendo contratado Enderson Moreira, que tem bom desempenho em times e com acessos a série A. Trata-se de um treinador acostumado a desafios e na formação de elencos sem a força de grandes. É nele que se aposta na montagem e sucesso pela caminhada de volta à elite do futebol brasileiro.
As dificuldades são por demais conhecidas, mas agora se tem também um presidente cheio de vontade em reerguer e construir o quase centenário Cruzeiro Esporte Clube. É o que faz o torcedor se sentir motivado e esperança única para o acesso ao final do ano.
No atual momento a quinta colocação do Estadual e a não classificação para a reta final tem muito pouco com o agora. Sem dúvida, reflexos de toda balburdia causada pela direção passada, que esfacelou os cofres e as receitas do clube. Restaram poucas alternativas na montagem de um forte elenco e de um poder para brigar por algo maior.
É sim um super estágio para superação. Sem dúvida, é uma humilhação disputar um Troféu Inconfidência, instituído para valorizar o futebol do interior. É passar rápido por mais isso e com a obrigação de conquistá-lo, mesmo que seja com grupo alternativo.
No geral o time vai sendo formado para a estreia da série B, no fim de semana contra o Botafogo de Ribeirão Preto. É necessário, pois, se acertar para a competição para poder confirmar o favoritismo. Trabalho, pé no chão e uma dosagem boa de sorte e competência são ingredientes que o Cruzeiro buscará na trilha da reconstrução com certeza.
Galo já está quase pronto para o Brasileirão, mas ainda aguarda por reforços
Tomara eu que um dia eu posa ter a sorte de ter alguém que, acreditando em meu potencial, liberasse verbas e mais verbas aquecendo um acalentado projeto de minha autoria e para ser quitado quando tivesse condições e sem nenhum acréscimo de juros ou correção.
Coisa de pai para filho e olhe lá. Pois é justamente isso o que o que acontece com o Atlético, que tem como mecenas o dono da construtora que abre o caixa para já investir, até agora, cerca de R$ 90 milhões em novas contratações.
Após a parada com a pandemia, com férias forçadas, com o recomeço do futebol o Galo mostra força e se torna potencial postulante a brigar por qualquer competição, ainda que neste ano, “somente” pelo Estadual e o Brasileirão.
Está fortíssimo fora e dentro de campo. Tem um diretor de futebol que é sonho de quase todos os clubes deste país. E um treinador argentino que após a saída de Jorge Jesus do Flamengo se tornou o melhor que por aqui está, além de ser o vice-campeão brasileiro do ano passado com o modesto Santos,
Jorge Luís Sampaoli Moya tem ainda um grupo fortíssimo. Foram inúmeras contratações que estão sendo adequadas e a própria equipe aos poucos sendo montada.
No campeonato Mineiro pôs pandemia o time alvinegro vem alternando bons e maus momentos no jogo. Aliás, nada fora do “normal” mesmo com novo time, ainda que se tenha como justificativa a retomada de ritmo de jogo.
Tivemos no domingo (2), o primeiro jogo semifinal. E o Atlético venceu o América com bom primeiro tempo e perda de força no tempo complementar.
Na quarta-feira teremos a definição, com um mais um clássico mineiro. O Galo pode jogar por um empate para chegar à final. E tem todas as condições para seguir em frente. Tem a seu favor a experiência de elenco cascudo, rodado e o próprio peso da camisa, mais acostumada às decisões.
São muitos reforços. E muitos ainda nem se apresentaram ou serão contratados. Os que chegaram estão em ajustes. São os casos do zagueiro paraguaio Alonso, dos atacantes Keno e Marrony, sendo que esses já jogam e hoje são titulares.
Já no fim de semana começa o Brasileiro que é o único grande campeonato a ser disputado pelo Galo. E encara de primeira o Flamengo, seu concorrente direto, o adversário a ser batido, como presságio do que vem pela frente.
Pela volta à série A, América monta time competitivo
Já o América pouco mudou em relação ao que vinha jogando antes da pandemia. Teve um tempo e tanto para a implantação do trabalho pelo competente treinador Lisca. Está no páreo para tentar chegar à final do campeonato estadual.
Para isso, precisa vencer o Atlético por um placar simples, o que é difícil, mas não impossível se lutar por esse objetivo. É um grupo jovem, com qualidade. Vejo o América como um dos candidatos na série B a brigar pelo acesso.
Interior
Não poderia neste meu retorno com os PItacos na Vila de Utopia deixar de enaltecer o trabalho de Tombense e Caldense. Os dois times, mais uma vez, fizeram campanha muito boa na fase de classificação do Mineiro.
O Tombense foi o melhor na fase inicial – e é o favorito para ir à final, Se acontecer, será com justiça pelo bom trabalho.