No HNSD, 35 pacientes aguardam por transplante de rim, mas número de doadores ainda é reduzido
Fotos: Ascom/HNSD
Nessa terça-feira (27), foi celebrado o Dia Nacional do Doador de Órgãos, uma atitude altruísta e de alteridade que salva vidas.
No país, muitas pessoas aguardam por um transplante renal, uma espera angustiante de quem não sabe quanto tempo levará para receber um rim, órgão que pode ser doado também em vida.
No HNSD, 35 pacientes aguardam o transplante renal, um paciente aguarda transplante de rim e pâncreas, e 53 pacientes estão em processo de avaliação pré-transplante.
Já no Brasil, a fila de transplantes de órgãos passa de 50 mil pessoas, de acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. Desses, 29.690 pacientes esperam por um rim.
Doação
O transplante renal é possível após a morte ou com o doador vivo. “É um gesto de amor e quem doa permanece com um rim, podendo viver naturalmente”, esclarece o médico nefrologista Marco Antônio Gomes, coordenador da Hemodiálise do Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD).
“O doador que tem uma morte encefálica, em que o coração, o rim e o pulmão continuam funcionando, mesmo que a pessoa tenha deixado por escrito o desejo de doar os seus órgãos, após a morte, a família é consultada”, tranquiliza o médico.
No caso do doador vivo de um rim, a doação pode vir do pai, da mãe, irmão, primos de primeiro, segundo ou terceiro grau. “Até o cônjuge pode doar”, salienta o coordenador da terapia intensiva renal do HNSD.
Testemunho
Tiago Dias Souza, 37 anos, é um dos pacientes na fila de espera por um rim. Ele faz tratamento de hemodiálise há 20 anos, superando a expectativa de vida média após o tratamento, que é de dez anos.
É o mais jovem dos pacientes atendidos no HNSD, mas é o que tem mais tempo na hemodiálise. É casado e tem uma filha de 12 anos. Tiago tem uma vida ativa, joga futebol, pratica pilates, gosta de viajar e de ficar com a família.
Faz tudo isso mesmo tendo que ficar quatro horas por dia, três vezes na semana, em tratamento de diálise no HNSD.
Souza conta que assim que começou a faze hemodiálise, aos 17 anos, não tinha ideia do que era o tratamento. Durante todo esse tempo viu falecer muitos pacientes que, como ele, esperavam pelo transplante na fila de espera.
Ele chegou a fazer o primeiro transplante aos 31 anos, mas infelizmente teve rejeição dois dias após a cirurgia. “Não vejo a rejeição que tive com sofrimento. O meu medo não é de morrer, mas de não viver, porque a vida é extraordinária, é incrível.”
Tiago está na fila de transplante pela segunda vez, uma ia espera que já dura seis anos. “É importante que as pessoas saibam que o tratamento de hemodiálise é pesado, desgastante, exige adaptações e é sofrido”, resigna-se, mas com a expectativa de fazer um novo transplante, enquanto procura viver com intensidade.
O transplante
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), o Brasil registra aproximadamente 140 mil pacientes em tratamento de hemodiálise e o número de transplantes é reduzido.
Marco Antônio Gomes salienta que a doença renal crônica é silenciosa. “Hoje vivemos uma epidemia. O paciente entra, mas tem um mau mecanismo de saída de diálise. O tratamento definitivo é o transplante”, enfatiza.
Se você pretende ser um doador de órgãos após a morte, converse com sua família e deixe claro este desejo. Há pessoas na fila de um transplante aguardando por aquele telefonema que mudará para melhor as suas vidas.