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    Namorada de Drummond, Lygia Fernandes, é apresentada a Itabira em 1990, em exposição da Fundação Banco do Brasil

    viladeutopiaBy viladeutopia31 de outubro de 2021Updated:28 de julho de 2023Nenhum comentário
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    Carlos Cruz

    Em outubro de 1990, no aniversário de Itabira, por meio da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA), a cidade recebe de presente, da Fundação Cultural Banco do Brasil, a exposição Menino Antigo, com fotos e poemas até então inéditos de seu filho mais ilustre.

    Na exposição, a namorada de Drummond, Lygia Fernandes, foi apresentada a Itabira em foto e versos.

    Drummond com a filha Maria Julieta, na mesma exposição da Fundação Banco do Brasil

    A exposição foi uma oportunidade ímpar para o itabirano conhecer um pouco mais de seu poeta, inclusive, com a confissão aberta e apaixonada, com poemas dedicados à sua namorada.

    Depois de percorrer a maioria das capitais brasileiras, a exposição foi doada à terra do poeta para ser permanente, uma maneira diferente de o poeta permanecer na cidade, já que cansado de ser moderno resolveu virar eterno três anos antes, em 17 de agosto de 1987.

    Infelizmente, essa exposição não se tornou permanente como se esperava: os poemas e as fotografias se perderam nos “porões” da FCCDA.

    Se tivesse sido preservada, hoje poderia ficar à mostra na Casa de Drummond. Ou no Memorial Drummond, cabendo também na Fazenda do Pontal. Pena que as coisas findas, muito mais que lindas, nem sempre ficam.

    Mas felizmente, o jornal O Cometa fez o registro da exposição, que resgatamos para gáudio do leitor deste site Vila de Utopia. Confira:

    Drummond e a namorada

    Lygia Fernandes, namorada do poeta, ficou exposta num cantinho no foyer da FCCDA durante a exposição em Itabira, em foto e versos.

    “Oi, era uma vez

    Uma garotinha de meia soquete

    e saia xadrez.

    Aí, era uma vez

    Um poeta magriço

    de cara de pau,

    metido a escocês.

    Ui, supergamado

    pela garotinha

    nosso vate exclama:

    – Calma, que esta é minha!

    E, daí por diante

    – delícia completa –

    Seguem abraçados

    garotinha e poeta.”

    Privilégio 

    “O amor é privilégio de maduros

    estendidos na mais estreita cama,

    que se torna a mais larga e mais relvosa,

    roçando, em cada poro, o céu do corpo.

    É isto, amor: o ganho não previsto,

    o prêmio subterrâneo e coruscante,

    leitura de relâmpago cifrado,

    que, decifrado, nada mais existe.

    Valendo a pena e o preço do terrestre,

    salvo o minuto de ouro no relógio

    minúsculo, vibrando no crepúsculo.

    Amor é o que se aprende no limite,

    depois de arquivar toda a ciência herdada, ouvida.

    Amor começa tarde.”

    Confissão

    “Hoje sei, e aqui sustento

    em confissão modulada:

    Minha vida e pensamento

    são teus, minha Lyo amada!

    Há trint’anos me protege

    (ou mais) minha namorada.

    O amor que os astros rege

    nela tem sua namorada.”

    Amar

    “Que pode uma criatura senão,

    entre criaturas, amar?

    amar e esquecer,

    amar e malamar.

    amar, desamar, amar?

    Sempre, e até de olhos vidrados, amar?” 

    Drummond decide-se casar 

    “Quero me casar

    na noite na rua

    no mar ou no céu

    quero me casar

    Procuro uma noiva

    loura ou morena

    preta ou azul

    uma noiva verde

    um noiva no ar

    como um passarinho.

    Depressa que o amor

    não pode esperar!” 

    Tricô 

    “O que segura o casamento? O tricô, que apura as virtudes femininas e o hábito.” 

    Mineirice 

    “Por força da lei mineira

    se te levar ao cinema

    levo também tua irmã,

    teu irmãozinho, tua mãe.“

    Drummond e a arte 

    Tiradentes, de Portinari

    Sobre o quadro Tiradentes, de Portinari 

    “Fez-se a burocrática justiça

    e o trono dorme invencível vingado,

    Postas de carne do sonhador

    Referem o caminho das minas.” 

    Sobre o quadro Gentil homem bêbado, de Carré 

    Gentil Homem Bêbado, de Carré

    “De Baudelaire o conselho:

    ‘É preciso estar sempre bêbado

    Além do imaginário e do real.

    É preciso estar sempre sóbrio

    para pintar a bebedeira’.”

    Vida em família

    Saudades da filha Maria Julieta, quando residia em Buenos Aires, Argentina:

    “Juntos em países diferentes

    não importa

    chegam as cartas da semana

    que eram cartas de domingo

    e agora se escrevem ao sábado

    trazem todas as notícias

    pontuais.

    Drummond e a filha Maria Julieta

    Nunca estivemos separados

    Mesmo quando o entendimento

    era imperfeito

    sempre estás a meu lado

    ontem amanhã hoje sobretudo

    dia de festa em que reúno

    para oferecer-te

    estas palavras de outubro.”

    Adolescência, interno no Colégio Anchieta, em Nova Friburgo, Rio 

    “Adeus colégio, adeus vida

    vivida sob inspeção

    dois anos jogados fora

    ou dentro de um caldeirão

    em que se fritam destinos

    e se derrete a ilusão.”

    Vida em BH

    “Eu não tenho pena dos basbaques que

    anoitecem no Bar do Ponto.

    Vendo a vida e as mulheres passarem.

    Tenho pena é do Bar do Ponto, que suporta

    Esses basbaques há 33 anos.” 

    Vida no Rio 

    “Nesta cidade do Rio

    de dois milhões de habitantes

    estou sozinho no quarto

    estou sozinho na América.”

    Vida Literária 

    “O nosso modernismo era pobre, inquieto, mal-educado, ignorante e feroz. Éramos modernos, ou ficávamos sendo sem saber.” 

    Política 

    Drummond com políticos, no Rio

    “Entrei na política em 1945. Eu tinha sido chefe de gabinete de ministro no governo Vargas, mas não era político. Em 1945 eu simpatizava com o Partido Comunista e durante três meses meu nome apareceu no expediente do jornal do partido.

    A experiência não me deixou saudades. Saí de lá com o rabo entre as pernas.”

    Torto

    “O pior é que as tristezas voltam e não há outro Garrinha disponível.”

    Cético 

    “Toda minha geração misturava isto: ceticismo e ironia com suas tinturas de romantismo.”

     

     

     

     

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