Morre Joãozinho Terra, músico e compositor que veio tocar em Itabira no 7º Festival de Inverno e por aqui ficou um bom tempo
Vencido por um câncer, que nos últimos anos debilitou a sua saúde, o artista, cantor e compositor João Terra sucumbiu à doença na madrugada de sexta-feira (2), aos 62 anos, com mais de 40 anos de carreira trilhada em composições e melodias do reggae.
Músico itinerante, ele passou um bom tempo em Itabira, depois de ter participado do 7º Festival de Inverno, em 1980, com apresentações em diversos bairros da cidade.
“Aqui, em Itabira, eu senti uma maior participação do público, as pessoas se interessam pelo trabalho da gente. No bairro Água Fresca, por exemplo, encontrei pessoas da periferia que já tinham visto o meu show lá na pracinha do Pará. Acompanharam o meu show até por três vezes. A receptividade da população itabirana é muito grande, tem-se um campo todo aberto pra esse tipo de promoção”, afirmou o artista em entrevista ao jornal O Cometa Itabirano, edição número 7, agosto de 1980.
O artista fez vários shows em Itabira, no centro e nos bairros. “A minha apresentação no João XXIII foi muito legal. O segundo foi no JK, que talvez tenha sido o show mais fraco, porque aí eu faço uma crítica à organização do festival: não se pode levar uma proposta de apresentação nos bairros e deixar sob a responsabilidade do pessoal que lá mora a organização e divulgação. Disposição eles têm de fazer, mas devido à própria inexperiência acabam não fazendo”, lamentou.
Mas o artista contou que teve grande receptividade no bairro Praia. “Foi um show muito bom no adro da igrejinha, o público cantou, assim como foi também no Água Fresca, no encerramento do Festival”, contou na entrevista.
Joãozinho fez sugestões para os próximos eventos nos bairros, para o artista ir aonde o povo está e com ele interagir:
“O exercício de troca tem que ser muito bem entabulado, muito bem transado. O som nos bairros tem que ser perfeito como os que ocorrem no centro, mas infelizmente não foi. É preciso também pesquisar mais as artes da periferia, divulgar o que eles fazem. Você pode ir na periferia que vai descobrir grupos de congada, catira, marujada. Pô, aqui é Minas, bicho! É preciso dar continuidade ao trabalho que já se iniciou, avançar e descobrir todos esses valores.”
Muito querido pela comunidade do reggae, nos últimos anos Joãozinho Terra viveu em Ubatuba (SP), para onde mudou-se em 1994.
O artista deixa cinco álbuns autorais, com os quais percorreu o país fazendo shows, como os memoráveis que fez em Itabira, no início de sua carreira artística, que começou em 1979 com o lançamento do LP João Zinho (1979).
Depois ele virou Joãozinho Terra com o LP “Pé na Estrada” (1987), JoãoZinho Terra e banda Cigana, LP Ciclos do Tempo (1990), até chegar em “Todas as Áfricas” (1998), quando finalmente torna-se João Terra, informa a jornalista Janaína Pedroso, no suplemento Origem do Surfe, publicado na Folha de S.Paulo.
Ouça https://youtu.be/WPy5g468fTI
E assista o documentário Brisas sonoras
“Se por um lado a musicalidade de Terra era capaz de alegrar e pulsar, o artista sempre imprimiu, por meio de suas letras e composições, a luta por um Brasil mais igual e justo”, escreveu a jornalista.
“João deixa seus filhos de sangue e uma legião de outros filhos de amor, que seguirão com saudade mas sempre juntos ao som de Terra, que permanecerá vivo enquanto houver vida na terra”, homenageou Janaína Pedroso.
No destaque, João Terra (Foto: Arquivo Brisas Sonoras)
Joãozinho Terra tocou também no Primeiro UAI
Um Acontecimento em Itabira.
Bitinho
Nossa, tenho pensado no Joãozinho Terra. Onde andará Joãozinho?
Vejo agora na Vila de Utopia a triste notícia. Íamos juntos para os bairros. Primeiro acontecia a apresentação do nosso grupo de teatro e depois o show com Joãozinho Terra. Boas lembranças dos Festivais de Inverno de Itabira.
Triste quando morre um voz da arte. Joaozinho é uma lembrança do Festival de Inverno e do RockcUai.
Conheci Joãozinho terra nós anos 70 precisamente 76 e 77 na feira de artesanato da praça da liberdade em BH Mg ( feira hipp),ele tocava e cantava a capela e vendia o seu trabalho,todas as quintas feiras a noite ele estava lá.
Difícil lembrar sem sentir saudade, daquelas bem arretadas, por tudo que passamos juntos. Descanse em paz, meu herói!