Morre Rita Lee Jones, a “padroeira da liberdade”, aos 75 anos, vítima de câncer no pulmão

Foto: Reprodução/
Instagram

Faleceu na noite dessa segunda-feira (8), a cantora e compositora Rita Lee Jones, aos 75 anos, em sua residência em São Paulo, uma perda incomparável para a música brasileira. Ela foi diagnosticada com câncer de pulmão em 2021, e desde então vinha tratando da doença com imunoterapia e radioterapia.

O velório, aberto ao público, será realizado na quarta-feira (10), no horário de 10h às 17h. O comunicado de seu falecimento é da família da cantora, que postou na rede social:

“Comunicamos o falecimento de Rita Lee, em sua residência, em São Paulo, capital, no final da noite de ontem, cercada de todo o amor de sua família, como sempre desejou”.

Nos últimos anos, ela viveu em um sítio no interior de São Paulo com o marido Roberto de Carvalho. Rita Lee deixa três filhos: Roberto, João e Antônio.

A cantora nasceu em São Paulo, em 31 de dezembro de 1947, filha do dentista Charles Jones, filho de imigrantes dos EUA, e da pianista italiana Romilda Padula, que a incentivou a estudar o instrumento.

Rita Lee em 1979, na gravação do especial Mulher 80, na rede Globo (Foto: Nelson Di Rago/Globo)

Guitarras 

Foi com Os Mutantes que Rita Lee iniciou o sucesso na vida artística, incorporando o rock ao nascente Tropicalismo, juntamente com os irmãos Arnaldo Batista e Sérgio Dias. Mas antes, aos 16 anos, fez parte de um trio vocal feminino, que se chamava Teenage Singers.

Arte em cerâmica de Genin

Ainda antes de Os Mutantes, ela integrou, em 1964, a banda de rock Sided Rochers, que depois com novas formações, virou o lendário trio, a banda de rock brasileira mais iconica de todos os tempos.

Com Os Mutantes, com muita criatividade e irreverência, “importou” o rock para o Brasil, na década de 1960. Foi cunhada de “rainha do rock brasileiro”, que ela repudiou por achar cafona. Preferiu ser a “padroeira da liberdade”, título que agora permanece para a eternidade.

De 1966 a 1972, com o trio gravou Os Mutantes (68), Mutantes (69), A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado (70), Jardim Elétrico (71) e Mutantes e Seus Cometas no País dos Bauretz (72).

Ainda com Os Mutantes, acompanhou Gilberto Gil em Domingo no Parque, na apresentação no 3º Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record, em 1967.

O trio participou também da apresentação de Caetano Veloso em É proibido proibir, em 1968, no 3º Festival Internacional da Canção, da Globo, participando também do álbum Tropicália ou Panis et Circensis, gravado em 1968.

Os Mutantes com Gilberto Gil em março de 1972 (Foto: Acervo Estadão Conteúdo)

Carreira solo

Com o fim do relacionamento com Arnaldo Batista, Rita Lee partiu para a carreira solo, também de grande sucesso. A sua estreia foi com o álbum Buid up, gravado antes de deixar Os Mutantes, em 1970. Dois anos depois lançou, ainda com Os Mutantes, o álbum Hoje é o Primeiro Dia do Resto da sua Vida.

O fim do relacionamento com Arnaldo Baptista coincidiu com a saída dela da banda, com a qual ainda gravou Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida, em 1972.

Com o grupo Tutti Frutti ela gravou cinco álbuns, destacando Fruto Proibido, de 1975, quando emplacou o sucesso Agora só falta você.

Já a parceria de sucesso com o marido Roberto de Carvalho teve início em 1979, quando se firmou na carreira solo, com gravação de canções de pop-rock de grande sucesso, como Mania de você, Chega mais, Doce Vampiro, Lança Perfume, Baila comigo.

Amor no rock: Rita foi casada com Roberto de Carvalho por mais de 30 anos
Rita Lee foi casada com Roberto de Carvalho por mais de 40 anos (Foto: Divulgação)

Em 2001, Rita Lee foi vencedora do Grammy Latino, na categoria Melhor Álbum de Rock em Língua Portuguesa, com 3001. No ano seguinte, ganhou o prêmio de Excelência Musical pelo conjunto de sua obra.

Sua discografia é intensa. No total, ela gravou 40 álbuns, seis com Os Mutantes, e 34 na carreira solo.

Em 2016 lançou o livro Rita Lee: uma autobiografia, quando revelou que teria sido abusada sexualmente aos seis anos de idade, “por um técnico que foi consertar uma máquina de costura de sua mãe em casa”.

Na autobiografia, Rita Lee conta como foi expulsa de Os Mutantes, em 1972. Expõe detalhes de sua vida pessoal, como a luta contra as drogas e o álcool. Em entrevista ao Fantástico, da rede Globo, revelou que só conseguiu abandonar o vício em 2006.

*Com informações de O Globo.

 

Posts Similares

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *