Menino Antigo, Poeta Moderno é tema de exposição na Casa Drummond, com abertura na quinta-feira (31), aniversário de nascimento de CDA
Foto: Mauro Moura
Na Casa de Drummond, na praça do Centenário, 137, centro histórico, às 19h do dia 31 de outubro, quando Itabira celebra 122 anos do nascimento do seu filho mais ilustre, será aberta ao público a exposição Menino Antigo, Poeta Moderno.
A mostra vai ocupar todos os ambientes desse histórico sobrado onde o filho mais ilustre de Itabira residiu em sua infância entre casas e bananeiras até a adolescência. A entrada é gratuita.
De Itabira, Drummond saiu para estudar no Colégio Anchieta, em 1919, ficando por pouco tempo, sendo expulso por “insubordinação mental”. Conforme ele registrou, essa experiência foi fundamental na sua formação e, assim como Itabira, influenciou a sua obra.
A exposição
A exposição no imponente sobrado, adquirido pela Prefeitura em 2022, está dividida em 22 espaços – e não será num piscar de olhos que o visitante terá para apreciar um pouco da história do menino antigo que viveu na então Itabira do Matto Dentro, muito antes da mineração em larga escala que transformou a sua cidade natal em uma “fotografia na parede, mas como dói”. E também recortes de sua vida adulta.
São os seguintes espaços para visitação: 1. Entrada, 2. Sobrado, 3. Itabira, 4. Minas, 5. Escada, 6. Menino antigo, 7. Mineração, 8. Falta que ama, 9. Amigos, 10. A máquina do mundo, 11. Amor, 12. A mesa, 13. Ruína, 14. Família, 15. José, 16. e 17. Exp. Temporária – Drummond Criança, 18. Esquecer para lembrar, O maior trem do mundo, 20. Poeta moderno e 21. O tempo, o livro e a poesia.
Os poemas presentes na exposição foram extraídos dos livros Boitempo I, II e III, que têm a família, o casarão e a cidade como inspiração principal. Os visitantes ainda podem obter mais informações por meio de uma Pequena Cronologia Comentada, com a listagem dos livros editados por ele, além de conteúdo audiovisual exibido em dois locais dentro da exposição.
Completam o conteúdo da exposição trechos de sua prosa e recortes de suas cartas e entrevistas.
A curadoria da exposição foi concebida pelo jornalista Angelo Oswaldo de Araújo Santos e desenvolvida de forma coletiva por Andréa de Magalhães Matos, que também atuou como coordenadora geral do projeto; Flávio Vignoli, responsável pelo Design de Exposição e Gráfico; e Leonardo José Magalhães Gomes, que fez a pesquisa literária, seleção e elaboração de textos.
Relação conflituosa
A Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA) fica devendo a Itabira uma outra exposição com o Drummond já adulto e politizado, o crítico contumaz da mineradora Vale, pelo muito que ela retira da cidade e o pouco que retorna.
E que se negou, peremptoriamente, transferir a sua sede para a mina, aqui na Cidadezinha Qualquer, descumprindo o que determinada o seu estatuto de criação, por Getúlio Vargas, em 2 de junho de 1942.
Esse é um tema que até aqui tem sido tabu nas mostras, feiras e festivais acerca do poeta realizados em sua terra natal, como um index proibido, o que é compreensivo, mas criticável, pelo fato de a maioria acontecer sob o patrocínio do Instituto Cultural Vale. Aí convenhamos, não vale tratar de um assunto tão melindroso ao patrocinador.
Então, que a próxima exposição seja independente, sem esse patrocínio censor, para que possa abordando enfim a conflituosa relação de Drummond com a então Companhia Vale do Rio Doce.
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Iconografia
Para o conteúdo iconográfico da exposição foi contratado o artista plástico José Octavio Cavalcanti, que produziu vários desenhos originais em grafite. O artista criou uma série de paisagens alusivas à Itabira do início do sec. XX, vários desenhos do poeta em diversas fases de sua vida e de seus familiares. Retrata ainda 12 amigos que marcaram a vida e a carreira do poeta, além de uma peça de 4,5m com o maior trem do mundo.
Foram adquiridas, também, obras de conterrâneos do poeta, como colagens de Neide Barbosa, escultura e aquarelas de Genin Guerra e bordado do Grupo de Bordadeiras Tecituras. Por fim, o artista Leandro Hisne produziu grafites com a árvore genealógica e para o jardim interno do casarão, que foi integralmente recuperado.
A FCCDA disponibilizou para a exposição parte de seu acervo histórico composto por mobiliário e objetos de Drummond doados pelos netos do poeta, aquarelas de Sandra Bianchi, retrato do poeta feito por Inimá de Paula e reproduções da série “À Mesa” de Yara Tupynambá.
A Diocese de Itabira / Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, por intermédio do padre Adriano, emprestou duas peças de seu acervo: São Lourenço, de Alfredo Duval, e São Benedito, inspirado no santeiro, citado pelo poeta em Confidência do Itabirano.
Preciosidades
Algumas preciosidades do mercado editorial brasileiro também foram adquiridas e serão dispostas pelos módulos expositivos, incluindo Álbum Minas & Drummond, com poemas e sete gravuras assinados por Álvaro Apocalypse, Beatriz Coelho, Haroldo Mattos, Jarbas Juarez, Júlio Espíndola, Wilde Lacerda e Yara Tupynambá (7º Festival de Inverno da UFMG, 1973)
E mais Álbum Amor, sinal estranho, antologia poética de Carlos Drummond de Andrade e oito litografias assinadas de Enrico Bianco (Lithos Edições de Arte, 1984); Álbum para Maria Julieta (edição fac-similar); e Cantar de amigos (Edições Alumbramento: Livroarte Editora, 1989).
A exposição conta ainda com dois ambientes sonoros, produzidos pelo pesquisador musical Tomás Amaral, um com sons do cotidiano de uma cidade do interior mineiro e o outro com uma trilha composta por músicas cujas letras são poemas de Drummond, alusivas a sua poesia ou que eram apreciadas por ele.
Infância
Por fim, destaca-se o módulo Drummond Criança, idealizado por Solange Alvarenga, coordenadora do Memorial CDA. Nele estão destacados poemas, objetos e fotos alusivos à infância do poeta.
Para as crianças que visitarem a exposição estão disponilizados vários brinquedos antigos, como piões, estilingue (sem pedras, ou mamonas, claro), cavalinhos de pau, carrinhos e trens antigos de madeira, perna de pau, bolas de gude, entre outros.
A expectativa dos organizadores é que crianças e jovens que visitarem a exposição possam brincar e se divertir com esta interatividade analógica.
Realização e Patrocínio
A exposição Menino Antigo, Poeta Moderno é viabilizada pelo projeto Exposição de Longa Duração na Casa de Drummond, uma realização do Estúdio 43 – Artes & Projetos, aprovado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura.
O patrocínio é da mineradora Vale, por intermédio da Fundação Cultural Vale
Serviço
Abertura da exposição “Menino Antigo, Poeta Moderno”
Data: 31/10/2024, quinta-feira, às 19h
Local : Casa de Drummond – Praça do Centenário, 137 – Centro, Itabira/ MG
A entrada é gratuita.
Depois da abertura, o horário de funcionamento é de terça a sexta-feira de 8 às 18h. E no sábado e domingo de 10 às 16h.
Falta na Fli Itabira curadores da cidade.
Itabira tem muitas pessoas que entendem da obra do Drummond. Cito de memória a Ângela Sampaio mas há muitos outros.
Itabira não há mais. Itabira pertence a mineradora assassina (Mariana/Brumadinho) e ao mandarinato da cultura de fora. Ganham muito dinheiro e riem da cidade. São os pós modernox botox…