Medidas populistas focam reeleição de Bolsonaro que sofre desgaste com sucessivos reajustes de combustíveis 

A inflação no Brasil segue em alta pressionada pelo preço dos combustíveis e a influência da instabilidade internacional

Por Rafael Jasovich

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a inflação no Brasil está no patamar de 10,54% no acumulado dos últimos 12 meses, três vezes acima do centro da meta do Banco Central de 3,5%.

Entre combustíveis caros, ajustados segundo o mercado internacional, produtos como a gasolina e o diesel se tornaram pivôs na pressão inflacionária no país.

O Brasil é um país muito dependente de transporte rodoviário. O óleo diesel movimenta, além da nossa frota rodoviária, as máquinas no campo. Então, vários produtos acabam chegando mais caros nos grandes centros urbanos porque o frete fica mais caro, assim como o custo de produção.

Nesse tempo de ajuste, os preços podem se manter elevados e isso vai gerar um desafio maior para o mundo todo.

E o Brasil já vem com um processo inflacionário mais alavancado, então a política monetária vai ter que trabalhar mais para conter isso. O país não vai ver a economia reajustada rapidamente. O processo de ajuste é lento e vai depender da estratégia que o governo escolher para os anos seguintes.

As previsões do crescimento do PIB desse ano são muito baixas. Então, com o PIB baixo, as oportunidades de emprego e renda desaparecem.

Uma chance de aquecer essa atividade seria combater essa inflação o mais rápido possível e tentar com que os juros recuem, abrindo espaço para a tomada de crédito. Com os juros altos empresários e famílias tendem a investir menos, o que dificulta a a retomada de financiamentos.

É nessa conjuntura econômica que medidas fiscais do governo Bolsonaro visam reeleição e não têm impacto real.

Nesse período, o país assiste a prática de medidas populistas, que não têm muito efeito, mas que é a tentativa do governo de mostrar para a população que está trabalhando.

É o que se observa com o corte de impostos, concessão de 13º antecipado para idosos, saque do fundo de garantia, enfim, uma série de medidas que são desafiadoras para a política monetária.

Em suma, medidas populistas visando a reeleição do presidente não resolvem e agravam mais a crise econômica brasileira, que vem de muito antes da guerra que contamina a economia global.

Na segunda-feira (21), o governo Bolsonaro anunciou cortes de impostos na importação sobre o etanol e seis alimentos — café, margarina, queijo, macarrão, açúcar e óleo. Segundo o governo, a medida seria uma forma de conter o impacto da inflação sobre a população. Conforme o professor da FGV, tais medidas não têm efeito prático da vida do consumidor, trarão custos aos cofres públicos e funcionarão apenas até o final do ano.

“Medidas como essa estão sendo divulgados a todo momento. Semana passada foi o IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados], os bens duráveis. Nessa semana agora foi o corte de impostos de importação de uma série de itens ligados à cesta básica. O meu receio é de que esse esforço todo não chegue exatamente ao consumidor, porque os preços do trigo, da soja, por exemplo, são preços internacionais. Então, tira o imposto de importação, mas o preço do grão continua subindo e o efeito líquido, que seria a redução do preço na gôndola do supermercado, o consumidor não vê”, explica o professor da FGV.

 

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