Lula sanciona marco do hidrogênio verde no Ceará; Estado deve receber US$ 30 bilhões de investimentos no setor
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumpre agenda no Ceará, nesta sexta-feira (2), para anunciar investimentos no Estado e sancionar a lei que regulamenta a produção de hidrogênio verde (H2V) no Brasil. O marco regulatório já aprovado pelo Congresso Nacional é aguardado por investidores que visam entrar no setor.
A escolha do Ceará para a oficialização do marco legal está diretamente ligada ao ambiente que está sendo criado no mercado local, a partir da parceria entre entes públicos a privados, para investimentos no mercado de H2V.
Atualmente, o Estado conta com seis pré-contratos assinados, além de 37 memorandos de entendimento, com empresas brasileiras e internacionais que devem compor o Hub de Hidrogênio Verde do Ceará, no Complexo do Pecém.
O Estado, inclusive, pode receber mais de US$ 30 bilhões em investimentos para construir até 11,8 gigawatts (GW) em capacidade de H2V até 2031. O cálculo da consultoria norte-americana IXL Center, que contou com a participação de especialistas da Universidade de Harvard e do Instituto Massachusetts de Tecnologia (MIT), considera os memorandos já assinados.
Sol e vento
Com uma média anual de 2.500 horas de sol e vento, o Ceará se posiciona como um estado promissor para a produção de hidrogênio verde. Estudo realizado pela Engie mapeou o potencial eólico e solar local, indicando que o Estado pode gerar energia suficiente para abastecer mais de 23 milhões de residências.
Com média anual de 2.500 horas de sol, fornece um recurso natural abundante para a geração de energia fotovoltaica, essencial na produção de hidrogênio verde por meio da eletrólise. O levantamento da Engie observa que o Estado também possui enorme potencial eólico, com 94 GW de capacidade de geração eólica onshore.
Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostram que o estado possui 100 parques eólicos que geram 2.577 megawatts (MW), com outros 72 empreendimentos em construção que somarão 2.876 MW. Além disso, 26 empreendimentos de eólica offshore aguardam licenciamento, com potencial de gerar 64,9 GW.
Na energia solar, o Ceará conta com uma capacidade instalada de 1.559 MW em 35 empreendimentos, enquanto 419 parques solares em construção adicionarão 16.738,3 MW de potência.
Vantagens
“O Ceará tem total condição de ser o líder na produção de H2V, por diversos aspectos. Podemos iniciar pela nossa localização próxima à Europa, pela parceria estratégica do Porto do Pecém com Roterdã, e termos uma ZPE (Zona de Processamento e Exportação) estruturada o que facilita muito a questão da exportação do combustível”, conta Marilia Brilhante, diretora-executiva da Energo Soluções em Energias, empresa cearense que atua no setor de energias renováveis.
Além disso, diz que toda a estrutura que tem sido trabalhada no porto, com o Hub de H2V, com facilidades de licenciamento, de obtenção de água de reúso e de tanques de armazenamento para as empresas que estão assinando os contratos, representam vantagens técnicas locacionais.
Marília Brilhante destaca, ainda, a vantagem do Ceará em relação à estrutura para o transporte hidrogênio verde para o consumo interno. “Para que o H2 seja verde, precisamos de energia renovável. No Ceará temos muito sol, muito vento e um mar propício para instalação das turbinas offshore”, relaciona.
“O Ceará, com toda a sua capacidade de geração de energia limpa, sua excelente localização, com as facilidades do HUB de H2, e com os reforços de linhas de transmissão prometidos para próximos anos, é hoje o melhor estado para a instalação dessas usinas”, acrescenta a diretora da Energo.
De acordo com mapeamento de oportunidades apresentado pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), em parceria com o Governo do estadual, o estado tem potencial de atrair mais de US$ 30 bilhões (aproximadamente R$ 163,6 bilhões) em investimentos na área de hidrogênio verde até 2031.
A capacidade de geração de energia é estimada em até 11 GW, com o Porto do Pecém projetando uma capacidade instalada de 6 GW até 2034. Conforme o estudo, esse desenvolvimento deverá duplicar a quantidade de empregos diretos e indiretos no complexo portuário.