Céu de 2023 | Conjunções de planetas e eclipse solar são destaque neste ano
Foto: Pete Linforth/ Pixabay
Por Patrícia Gnipper
Canaltech – O ano de 2023 está repleto de eventos astronômicos incríveis para se admirar no céu — muitos deles visíveis a olho nu aqui no Brasil. Entre eles, destacam-se algumas conjunções planetárias e um eclipse solar, além das chuvas de meteoros que se repetem todo ano mais ou menos na mesma época.
Grande parte dos eventos do ano poderá ser observada a olho nu, sem a necessidade de binóculos ou lunetas. Mas, se você tiver algum instrumento do tipo em mãos, poderá conferir Marte brilhando próximo de um aglomerado estelar, entre outras boas oportunidades.
Abaixo, você confere os grandes eventos astronômicos de 2023!
Eventos astronômicos de janeiro
Conjunção entre Vênus e Saturno (22/01)
O primeiro mês do ano traz uma bela “dança cósmica” entre a Lua, Vênus e Saturno. No dia 22, logo após o pôr do Sol, os planetas ficarão próximos, discretamente acompanhados pela Lua recém-saída da fase nova.
Para conferir a conjunção, será preciso ter visão livre na direção oeste. Para diferenciá-los, tenha em mente que Vênus estará bastante brilhante, ofuscando Saturno.
Conjunção de Vênus, Saturno e a Lua (23/01)
Ainda no dia 23, vale a pena ficar de olho no céu cerca de uma hora após o pôr do Sol: naquele momento, você verá a Lua crescente bem fina nascendo na direção sudoeste, e logo abaixo dela, estarão Vênus e Saturno, que podem ser encontrados no mesmo horário e direção do dia anterior.
Os planetas estarão separados por apenas um grau de distância (aproximadamente a largura do seu dedo indicador com o braço esticado), convidando observações com binóculos e lunetas. Por fim, uma última dica: observe-os rapidamente antes que a dupla celestial mergulhe sob o horizonte!
Eventos astronômicos de fevereiro
Cometa C/2022 E3 (ZTF) atinge seu ponto mais brilhante (01/02)
O novo mês começa com a beleza do cometa C/2022 E3 (ZTF). Ele está seguindo rumo ao interior do Sistema Solar, e no dia 1º atingirá seu ponto mais brilhante, passando por nosso planeta a apenas 0,28 unidades astronômicas na constelação de Camelopardalis.
Para observá-lo, será preciso aguardar até o dia 2: ele aparecerá na direção nordeste por volta das 19h30 seguindo ao norte. Ao longo do mês, o cometa ficará cada vez mais alto no céu, facilitando as observações.
De acordo com diferentes estimativas, a magnitude do ZTF poderá ficar entre 5,1 e 7,35, tornando-o visível com binóculos ou até a olho nu.
Júpiter e Vênus se aproximam (22/02)
Na sequência, será possível observar o início de uma grande aproximação entre Júpiter e Vênus no dia 22. A conjunção entre os planetas acontece somente em março, e enquanto ela não chega, você pode acompanhar a Lua entre ambos no início da noite.
Para encontrá-los, observe o céu após o pôr do Sol na direção sudoeste. Depois, procure a Lua crescente e você a encontrará próxima de Júpiter. Já Vênus estará posicionado um pouco abaixo no céu.
Quem estiver mais na direção sul da América do Sul poderá até acompanhar uma ocultação lunar, formada pela Lua passando brevemente à frente de Júpiter. Já para o restante do mundo, os dois corpos celestes vão oferecer um espetáculo impressionante no céu, aparentando estar a apenas um grau de distância um do outro.
Eventos astronômicos de março
Conjunção de Júpiter e Vênus (01/03)
O início de março trará duas oportunidades de observar Júpiter e Vênus. A primeira ocorre já no dia 1, quando os planetas vão aparecer brilhantes e juntos no céu na direção noroeste logo no início da noite. Eles estarão a meio grau de distância aparente um do outro, próximos o suficiente para observações com lunetas simples.
Já no fim da madrugada será possível observar Mercúrio e Saturno brilhando na direção leste. Se você acompanhar o movimento de Vênus e Júpiter, vai perceber que eles se aproximam de pouco a pouco na direção sudoeste.
Equinócio de outono (20/03)
O equinócio ocorre às 18h25 no horário de Brasília, sinalizando a chegada do outono no hemisfério sul e o início da primavera no hemisfério norte. Neste dia, ambos os hemisférios recebem aproximadamente a mesma quantidade de luz do Sol.
Eventos astronômicos de abril
Eclipse solar híbrido total (20/04)
O primeiro eclipse do ano será solar híbrido total, um tipo bastante raro. Ele ocorrerá às 22h36 no horário de Brasília, ou seja, infelizmente não será visível no Brasil, mas poderá ser observado na totalidade em parte da Austrália e Indonésia; já na Micronésia, o fenômeno será anular.
Durante o eclipse, a Lua passará à frente do Sol formando um eclipse anular, que depois se tornará total. Depois, conforme a Lua se move, o eclipse se torna anular novamente, sendo finalizado a cerca de três mil quilômetros a leste do Havaí.
Pico da chuva de meteoros Líridas (23/04)
A chuva de meteoros Líridas ocorre entre os dias 16 e 25 de abril, com pico previsto para acontecer por volta dos dias 22 e nas primeiras horas da madrugada do dia 23. Como a Lua crescente vai se pôr na noite anterior, o céu estará escuro o suficiente para observar os meteoros.
Para encontrá-los, procure o radiante (a direção de onde os meteoros parecem vir) na constelação de Hércules por volta da meia-noite, no horário de Brasília. Às vezes, os meteoros Líridas explodem, formando rastros luminosos incríveis. Será que haverá algo do tipo neste ano? A única forma de saber é olhando o céu!
Eventos astronômicos de maio
Eclipse lunar penumbral (05/05)
Neste dia, a Lua se moverá através da penumbra projetada pela Terra, a parte mais externa de sua sombra. Durante o eclipse lunar penumbral, nosso satélite natural ficará um pouco mais escuro, de modo que é difícil perceber a mudança até com telescópios.
O eclipse ocorrerá das 12h45 e 16h32 no horário de Brasília, e será visível somente para observadores na África, Oceania, Ásia, Europa Oriental e Grécia.
Chuva de meteoros Eta Aquáridas (06/05)
O pico da chuva de meteoros Eta Aquáridas, formada por detritos do cometa Halley, ocorrerá entre entre a meia-noite e o amanhecer dos 6 e 7 de maio. Para observar os meteoros, fique atento na direção da constelação de Aquário.
As estimativas apontam uma taxa de 50 meteoros a cada hora, viajando a cerca de 66 km/s e deixando um rastro brilhante e duradouro no céu.
Conjunção de Júpiter e Mercúrio (17/05)
Por volta das 5h30 da madrugada, haverá um belo encontro de Júpiter, Mercúrio e a Lua com apenas 6% de iluminação. Para encontrar os astros no céu, procure-os na direção leste, e você os verá quase alinhados.
Conjunção de Vênus, Lua e Marte (23/05)
Neste dia, você poderá acompanhar a Lua crescente acompanhada por Vênus e Marte logo no início da noite. O trio permanecerá visível até às 20h, aproximadamente.
Ao observar os corpos celestes com binóculos, você perceberá que a Lua estará acompanhada pelas estrelas Castor e Pollux, da constelação de Gêmeos. Se perder esta conjunção, não se preocupe: nos dias 21 e 22 de junho, o trio estará reunido novamente no céu.
Eventos astronômicos de junho
Marte e o Aglomerado da Colmeia (02/06)
Durante a noite do dia 2, Marte ficará pertinho do aglomerado estelar Beehive, ou Aglomerado da Colmeia. Ele abriga cerca de mil estrelas e fica a aproximadamente 600 anos-luz da Terra na constelação de Câncer, o Caranguejo.
Para observá-los, espere cerca de uma hora após o pôr do Sol e procure Vênus até encontrar Marte, com seu brilho avermelhado. Se você usar binóculos ou um telescópio para observar o Planeta Vermelho, verá também o aglomerado.
Conjunção da Lua, Marte e Vênus (21/06)
Neste dia, você terá uma nova oportunidade de conferir a conjunção entre a Lua, Marte e Vênus. Os corpos celestes vão se encontrar durante o início da noite, mudando ligeiramente de posição aparente de um dia para o outro.
Solstício de junho (21/06)
O solstício de junho ocorrerá às 11h58 e marca o início do inverno no hemisfério sul, enquanto o hemisfério norte inicia o verão.
Neste dia, os observadores no hemisfério sul vão experimentar o dia mais curto do ano, com a menor quantidade de luz solar. Já aqueles no hemisfério norte terão o dia mais longo do ano.
Eventos astronômicos de julho
Superlua cheia (03/07)
Às 8h39, você poderá conferir uma superlua na constelação de Sagitário. O nome “super” vem da fase cheia coincidindo com a aproximação da Lua com o perigeu, o ponto em que ela fica mais próxima da Terra em sua órbita elíptica.
Durante a superlua, nosso satélite natural aparenta ser maior e mais brilhante que a Lua cheia “comum”.
Conjunção de Vênus e Mercúrio (27/07)
Neste dia, Vênus e Mercúrio estarão em uma nova conjunção no céu. Eles aparecem na direção oeste desde o início da noite e permanecem visíveis até 19h15, aproximadamente. A dupla estará visível a olho nu, mas pode ser enquadrada facilmente no campo de visão de um telescópio.
Pico da chuva de meteoros Delta Aquáridas do Sul (30/07)
A chuva de meteoros Delta Aquáridas do Sul começa no dia 12 de julho e seguirá visível até o dia 23 de agosto, com pico previsto para ocorrer por volta de 30 de julho. Este é um fenômeno melhor observado no hemisfério sul, e para ver os meteoros, procure o radiante deles na constelação de Aquário.
Em condições ideais, é possível observar cerca de 25 meteoros por hora. Entretanto, a Lua estará 89% iluminada e ofuscará a visão das rochas menos brilhantes, de modo que o ideal é observar os meteoros após nosso satélite natural se pôr e antes de o Sol nascer.
Eventos astronômicos de agosto
Superlua (01/08)
O novo mês começa com uma superlua já no dia 1º, quando nosso satélite natural ficará pertinho da Terra. Já a próxima ocorrerá no dia 30.
Pico da chuva de meteoros das Perseidas (13/08)
A chuva dos meteoros Perseidas começou em julho, mas se estende até agosto e tem pico previsto para ocorrer por volta do dia 13. Para conferir os meteoros, procure o radiante da chuva na constelação Perseus por volta da meia-noite. Desta vez, a Lua estará na fase minguante, sem ofuscar a visão dos meteoros.
Formada por detritos deixados pelo cometa 109P/Swift-Tuttle, esta é uma das chuvas de meteoros anuais mais espetaculares. Ela é melhor observada no hemisfério norte, e pode proporcionar até 60 “estrelas cadentes” a cada hora.
Superlua Cheia Azul (31/08)
A segunda superlua cheia do mês ocorrerá na constelação de Capricórnio, às 15h31 no horário de Brasília. O nome vem do inglês, e se refere à raridade da ocorrência de duas fases cheias lunares durante um único mês.
Eventos astronômicos de setembro
Equinócio de primavera (23/09)
O equinócio de setembro ocorre às 3h50, marcando o início da primavera no hemisfério sul e o início do outono no hemisfério norte. Neste dia, ambos os hemisférios da Terra recebem aproximadamente a mesma quantidade de luz solar.
Superlua cheia (29/09)
Outra superlua ocorrerá no dia 29 às 6h57, na constelação de Peixes. Neste dia, a Lua estará na fase cheia enquanto chega ao perigeu, o ponto de maior proximidade do nosso planeta ao longo de sua órbita.
Eventos astronômicos de outubro
Eclipse solar anular (14/10)
Em 14 de outubro, observadores nos Estados Unidos, México, Belize, Honduras, Nicarágua, Panamá e Colômbia vão poder observar a Lua cobrindo o centro do Sol durante um eclipse solar anular, formando uma espécie de “anel de fogo” ao redor do nosso astro. O fenômeno será visível em uma pequena parte do Brasil.
O eclipse começa às 12h05 no horário de Brasília e seguirá até às 17h55. Não se esqueça de usar proteções adequadas para observar o eclipse em segurança!
Pico da chuva de meteoros Orionídas (22/10)
Causada por detritos do cometa Halley, a chuva de meteoros Orionídas começa no dia 2 de outubro e seguirá até o dia 7 de novembro, com pico estimado para ocorrer por volta do dia 22 de outubro. Procure o radiante dela por volta da meia-noite na constelação de Orion.
A Lua estará com 49% de iluminação, mas vai se pôr logo após a meia-noite, sem afetar as observações dos meteoros. Em condições ideais de observação distante da poluição luminosa, é possível ver até 20 meteoros por hora.
Eclipse lunar parcial (28/10)
Das 16h36 às 17h53, parte do disco lunar estará escurecida enquanto é coberta pela umbra projetada pela Terra. Este eclipse lunar parcial pode ser observado no lado noturno do nosso planeta, como a África, Oceania e Ásia.
O eclipse lunar parcial de outubro não será visível no Brasil.
Eventos astronômicos de novembro
Pico de chuva de meteoros Leônidas (18/11)
Esta chuva começa no dia 6 de novembro e segue até o dia 30, com pico previsto para acontecer por volta do dia 18. Você poderá observá-la procurando o radiante na constelação de Leão um pouco antes da meia-noite.
Causada pelo cometa periódico 55P/Tempel-Tuttle, esta chuva pode oferecer até 10 meteoros por hora.
Eventos astronômicos de dezembro
Pico da chuva de meteoros Gemínideas (13/12)
Conforme o ano se aproxima do fim, você pode acompanhar uma das chuva de meteoros mais regulares da natureza. A chuva de meteoros Gemínideas ocorre entre os dias 4 e 17 de dezembro, com pico estimado para acontecer por volta de 14 de dezembro — e, felizmente, o pico acontecerá logo após a Lua nova, facilitando a observação até dos meteoros com brilho mais fraco.
Para observá-la, procure o radiante na constelação de Gêmeos a partir das 21h. Neste ano, os astrônomos estimam que a chuva deverá possibilitar a observação de até 120 meteoros por hora entre as noites de 13 e 14 de dezembro.
Solstício de dezembro (22/12)
Finalmente, chegamos ao solstício de dezembro. O fenômeno ocorre às 00h28 no horário de Brasília, marcando o início do verão no hemisfério sul, enquanto o hemisfério norte começa seu inverno. Este será o dia mais longo do ano no hemisfério sul, e no norte, o mais curto.
A melhor maneira de se observar um céu noturno é procurar um ponto elevado, distante de grandes cidades, onde você terá uma visão de 360° ao seu redor. De posse de um aplicativo, ou um mapa do céu, identificar as principais constelações. Feito isso, uma boa luneta, ou um telescópio que você pode adquirir nas melhores casas do ramo, observar. Lembro-me de que certa vez acampando na região da cachoeira do chuvisco, minha filha, com 4 anos à época, deitados ao relento, olhando para o céu, se encantou com o que viu. Foi a primeira vez que ela viu a via láctea.