Intrigas virtuais semeiam discórdias entre Executivo e Legislativo itabirano, diz Heraldo Noronha
Embora o prefeito Marco Antônio Lage (PSB) e o grupão, que reúne vereadores que se autodeclaram independentes, veem ensaiando uma reaproximação, após duas sucessivas derrotas políticas e econômicas do governo municipal no legislativo itabirano, nem tudo ainda são flores no pavimentado caminho do entendimento.
Não se espera desse relacionamento harmonia em demasia, como foi no passado recente, sinal de que o processo democrático – que pressupõe divergências e embates de ideias – encontrava-se deturpado pelo fisiologismo, sem que houvesse fiscalização e os necessários contrapesos.
Mas espera-se por diálogo e negociações republicanas que passem longe do fisiologismo do toma lá dá cá costumeiro até então predominante nessa relação entre os poderes Executivo e Legislativo.
Porém, ruídos cibernéticos podem também interferir nesse relacionamento ou virarem justificativas para discórdias e retaliações, assim como foi a declaração do secretário de Governo, Márcio Passos, ao dizer que os vereadores são “sacos sem fundo” – e que a reprovação de projetos do prefeito na Câmara foi por o prefeito não ceder às negociatas propostas pelos edis itabiranos.
O secretário, contudo, não disse quais são os vereadores que fazem esse tipo de pressão para obter vantagens pessoais ou para terceiros que os apoiem eleitoralmente.
Com isso, colocou todos os 17 vereadores sob suspeição, não só os ditos “independentes”, mas também os situacionistas, já que quatro deles aderiram ao governo após as eleições, tendo apoiado a candidatura derrotada do ex-prefeito Ronaldo Magalhães (PTB). Fica assim a dúvida de como eles foram recrutados para a base governista.
Ruídos cibernéticos
O vereador Heraldo Noronha (PTB), por exemplo, correligionário do ex-prefeito, não tem engolido as mensagens virtuais que tem recebido, assim como as provocações pelas redes sociais.
Noronha foi um dos autores da emenda que reduziu para 10% a margem de remanejamento pelo governo municipal dos recursos livres no orçamento de 2022, além de não ter votado favorável ao empréstimo pretendido pelo prefeito.
“Morador de Ipoema me manda mensagens dizendo que estamos atrasando obras do governo. Esse senhor que me diz isso não está pensando na comunidade itabirana, mas em benefício próprio”, rebateu o petebista no pinga-fogo da sessão de terça-feira (27).
“O asfalto (entre Carmo e Ipoema, previsto com o empréstimo negado) é o Estado que tem de fazer. Esse fazendeiro quer benefício próprio, pois se importasse mesmo com a comunidade ele se preocuparia com o precário transporte de moradores carentes que têm de acordar três horas mais cedo para pegar ônibus do Ciscel (Consórcio dos Municípios) para tratar da saúde em Belo Horizonte”, criticou o vereador.
“Deixa de demagogia. Ele (o fazendeiro) está querendo é valorizar a sua fazenda, seus negócios em benefício próprio, não está preocupado com as comunidades de Carmo, Ipoema, Bateias, Gabiroba, Praia”, disse Heraldo Noronha sem citar o nome dessa pessoa que o critica, mas dizendo que é pai de um secretário e sogro da presidente do Saae.
Mais explícito o vereador não precisava ser. Ele se refere ao fazendeiro Werner Amann, que tem postado sucessivas críticas aos dez vereadores que votaram contra o pedido de empréstimo e reduziram a margem de remanejamento dos recursos livres do orçamento municipal para 2022.
Crítica virtual
“Vc que usa a estrada de Ipoema para o Carmo, e seu carro enche de poeira e nas próximas chuvas vai ficar sem transitar. Vc que mora no distrito do Carmo e Ipoema que está com esgoto na porta de sua casa, usa água de cisterna, ruas de difícil acesso. Lembre-se destes vereadores que votaram contra vc, lembre-se deles nas próximas eleições: Neidson, Rose Félix, Reinado Lacerda, Robertinho, Heraldo, Tãozinho Leite, Rodrigo Diguerê, Sidney do Salão, Luciano Sobrinho e o Júlio Contador. Eles traíram os itabiranos”, acusou Amann em uma de suas postagens.
Noronha ficou furioso com a crítica. “Não votamos favoráveis ao empréstimo de R$ 70 milhões pois Itabira não tem necessidade e isso quem falou foi Marco Antônio em campanha, quando disse que se o município tivesse um administrador competente não precisava de empréstimo. É hora de cobrar isso do prefeito, apesar que eu nunca ouvir falar que ele administrou uma empresa”, provocou o petebista.
Heraldo não me conhece, é tão ignorante que quer que o governo faça o asfaltamento dentro do município de Itabira((coisa que não faz)). Vocês que votaram nele devem estar se perguntando, que m… que eu fiz. Nós da zona rural brigamos por esse asfaltamento há mais de 40 anos. Esse deve ser o último mandato do senhor Heraldo, pois se depender de nós do Carmo e Ipoema, nem café toma lá.