Há 40 anos, o Brasil lamenta a morte de Tancredo Neves, um dos artífices da transição da ditadura para a democracia
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Nessa fatídica segunda-feira (21), marcada pela tristeza mundial com a morte de Francisco, o papa dos pobres, o Brasil revive outro momento de profunda comoção: há 40 anos, morre Tancredo Neves, presidente eleito pela via indireta, pelo colégio eleitoral, que não chegou a tomar posse.
O anúncio de sua morte, pelo porta-voz Antônio Britto apenas seis minutos após o falecimento, tornou-se um dos episódios mais marcantes e tristes da história política nacional: “Lamento informar que o excelentíssimo senhor presidente da República, Tancredo Neves (PMDB), faleceu esta noite”.
Tancredo, símbolo da redemocratização, foi o primeiro civil eleito para a presidência após 21 anos de ditadura militar. Sua internação, na véspera da posse, em 14 de março de 1985, devido a fortes dores abdominais, deu início a uma luta pela vida que durou 39 dias e mobilizou o país.
Foram sete cirurgias realizadas, inicialmente sob a justificativa de tratar uma diverticulite. No entanto, hoje se sabe que Tancredo Neves faleceu em decorrência de complicações relacionadas a um tumor maligno, cuja gravidade foi subestimada na época.
Os boletins médicos, acompanhados com apreensão pela população, mantiveram o Brasil em suspense durante todo o período de sua internação.
Tancredo foi um dos principais expoentes da transição democrática após 21 anos de ditadura militar. Deixou um legado de diálogo e união, mas sua ausência trouxe desafios significativos para a consolidação da Nova República.
Sua morte, aos 75 anos, no Instituto do Coração em São Paulo, marcou o fim de um capítulo de esperança e abriu um período de incertezas.
Mas com a posse do vice José Sarney, um dissidente do regime militar, o roteiro da democratização foi cumprido.
O novo presidente empossado convocou a Assembleia Nacional Constituinte, que resultou na promulgação da Constituição Federal de 1988, restabelecendo as eleições diretas para presidente no país.

Transição democrática
Tancredo Neves foi eleito em janeiro de 1985 por meio de um colégio eleitoral, representando o fim do regime militar e o início da Nova República.
Sua habilidade política e capacidade de diálogo foram fundamentais para articular a transição democrática, unindo diferentes correntes em um momento de grande polarização.
Sua morte prematura, antes de assumir o cargo, foi um golpe para um país que depositava nele a esperança de um futuro democrático e estável.
O velório e o cortejo de Tancredo mobilizaram milhões de brasileiros. Seu corpo percorreu cidades como São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e sua terra natal, São João del-Rei, em meio a uma verdadeira onda de solidariedade e tristeza.
As ruas ficaram repletas de pessoas emocionadas, em busca de um último adeus ao líder político que encarnava os ideais de união e renovação.
Legado que fica
Quatro décadas depois, a memória de Tancredo Neves permanece viva como um símbolo de esperança e união. Sua trajetória política e seu papel na redemocratização continuam a ser revisitados, inspirando reflexões sobre ética, compromisso, diálogo e democracia.
Nessa segunda-feira, marcada também pelo enforcamento de Tiradentes, mártir da Inconfidência Mineira, e pela tristeza mundial com a morte do papa Francisco, é essencial reafirmar a relevância de líderes políticos verdadeiramente comprometidos com a democracia e com as pessoas.
É um dia de luto e memória para o mundo e, em especial para o Brasil, que relembra a importância de figuras históricas como Tiradentes, Tancredo Neves e Francisco.
Seus legados ecoam para sempre como referências de liderança e inspiração na luta constante pela liberdade, sem a propagação de fake news, pela verdade e pela democracia.