Guerra pode acarretar aumento de preços no Brasil com mais inflação
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
Rafael Jasovich*
Mais cedo ou mais tarde a Rússia vai tomar o poder na Ucrânia. Com isso, além da derrota para a OTAN e Estados Unidos, Putin tem condições econômicas para resistir às medidas de embargos, sanções e outras que Biden está promovendo.
Isto afeta a economia brasileira de maneira contundente. O Brasil tem na Rússia um dos principais fornecedores de fertilizantes para uso na agricultura e esses produtos devem ter alta considerável.
O próprio abastecimento de fertilizantes pode ser prejudicado no futuro diante de sanções e outras medidas econômicas. Isso pode causar um efeito dominó ao pressionar para cima os preços dos alimentos e, conseqüentemente, a inflação.
Uma escalada nos preços de comida nos supermercados e a alta da inflação são tidas como pesadelos para qualquer governante que queira se reeleger
O petróleo já superou a marca dos 100 dólares o barri e se esperam mais aumentos.
A Petrobras leva em consideração a cotação do petróleo no mercado internacional para reajustes nos preços da gasolina e do diesel o que acarretará mais reajustes dos preços da gasolina e diesel.
Além de afetar diretamente os consumidores no dia a dia, o aumento dos valores impacta a cadeira produtiva, ainda mais que o país é altamente dependente do transporte rodoviário.
Toda essa situação pode prejudicar a popularidade de Bolsonaro, situação que se torna mais delicada pelo fato de ele ter um forte concorrente na corrida ao Palácio do Planalto em outubro: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que está à frente nas pesquisas de intenção de voto até o momento.
Nesse panorama, o voto de qualquer fatia do eleitorado é importante e não deve ser desprezado.
O receio dos próprios parlamentares aliados ao capitão, em última instância, é que eles saiam prejudicados nas eleições, embora aleguem ser cedo para saber o quanto dessa alta de preços numa eventual escalada ou prorrogação da guerra pode realmente afetá-los.
Pode ocorrer debandada nas hostes bolsonaristas. É o salve-se quem puder.
*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, ativista da Anistia Internacional.