Focos de Aedes aegypti proliferam por toda a cidade. Vila Técnica Conceição é o bairro mais infestado
Pelo visto a operação Cidade Limpa, lançada com estardalhaço pela Prefeitura no ano passado, redundou em um enorme fracasso. Além do corte indiscriminado de árvores por toda a cidade, o que trouxe profundo desgaste para a administração municipal, também a tão mal falada operação não logrou êxito na limpeza da cidade e no combate aos focos de criadouros de Aedes aegypti, cujos índices permanecem em níveis elevadíssimos.
Segundo levantamento realizado pela própria Prefeitura, entre os dias 9 e 13 de abril, o Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), foi de 10%, o que reflete a média na cidade, indicando uma situação de perigo iminente de surto de doenças virais transmitidas pelo vetor (dengue, zica, chikungunya).

No levantamento do ano passado, referente ao mesmo período, o índice foi de 5,2%, já acendendo o sinal de alerta, que vem se mantendo nos últimos anos. Em janeiro de 2014 o índice médio foi de 7,8%, enquanto em março de 2015 atingiu 8,1%.
Como se observa, sucessivamente os índices alarmantes têm-se mantido. E muito pouco tem sido feito pela administração municipal para reverter o quadro, como se observa com o agravamento das condições de proliferação.
O índice médio de 10% registrado na cidade é alarmante. Ou “assustador”, omo classifica a própria a superintendente de Vigilância em Saúde, Thereza Cristina Oliveira Andrade Horta, diante das condições verificadas em todo o perímetro urbano.
Trata-se, segundo parâmetro do Ministério de Saúde, de uma situação com alto risco de surto dessas doenças. Por esses parâmetros, são consideradas condições satisfatórias abaixo de 1%, já acendendo o sinal de alerta quando os índices se situam entre 1% e 3,9%.
“O maior número de focos foi encontrado nos domicílios, com mais de 90%. Enquanto era achado um foco em terreno baldio, encontramos mais de 30 dentro de residências”, relata a superintendente em Saúde.

Como se observa, é fácil jogar a culpa nos moradores que não limpam quintais e deixam vasilhames armazenando água. Mas a Prefeitura também não tem tomado os devidos cuidados nas áreas públicas, que são de sua responsabilidade.
Na praça do paredão da rua Ipoema, por exemplo, os próprios moradores fizeram limpeza no ano passado, depois de reclamar e pedir reiteradas vezes por uma faxina da Itaurb. Depois do mutirão dos moradores, a praça não foi mais limpa, com o lixo de acumulando, inclusive com vasilhames com água parada.

Com a situação de abandono, verificada por toda a cidade, mais o descuido dos moradores, entende-se o motivo de Itabira se encontrar com um dos maiores índices de infestação em Minas Gerais, o mais alto de sua história.
“O destino do lixo, dos inservíveis ou recicláveis é de responsabilidade da população”, reforça a superintendente em Saúde, pedindo à população que observe a correta disposição de seus resíduos nos horários agendados para a coleta seletiva e orgânica.
Sem dúvida, a população tem a sua responsabilidade – e precisa fazer a sua parte até para evitar um surto das doenças virais transmitida pelo Aedes aegypti. Mas a Prefeitura precisa também fazer a sua parte – e dar exemplo. Infelizmente, não é o que se tem observado por toda a cidade.
Focos do mosquito estão por toda a cidade
Um dos bairros mais nobre de Itabira, a Vila Técnica Conceição, onde moram engenheiros da Vale e parte da elite itabirana, é onde se verifica o índice mais alto na cidade, com infestação de 50%. Outros bairros também encontram-se em situação igualmente alarmante. Eldorado, por exemplo, está com índice de 42,85%.

Uma área verde, não especificada no release enviado pela Prefeitura, encontra-se com índice de infestação de 39,39%, o que exemplifica o abandono de outras áreas públicas na cidade.
Os bairros Hamilton (25%), Vila São Joaquim (21,42%) e Nossa Senhora das Oliveiras (20,68%), além do Juca Batista, Ribeira de Cima e Vila Piedade, ambos com 20%, completam um quadro que pode ser classificado como assustador.
Em situação não menos alarmante vivem os moradores dos bairros Machado (18,42%), Água Fresca e Conceição, ambos com 16,66%. Na casa dos 15%, estão os bairros Pedreira (15,87%), São Pedro (15,71%) e São Geraldo (15,55%).
Também com índice acima de 10% estão os bairros Clóvis Alvim II (13,79%), Santa Ruth (13,69%). Com 13,33% estão os bairros Chapada, Barreiro e Major Lage, enquanto Abóboras e Boa Esperança registraram índices de 12,5%. João XXIII registrou índice de 12,24% e os bairros Amazonas, Clóvis Alvim I e Praia registraram 10% de infestação.
Abaixo da média de 10% estão os bairros Penha (9,3%), Bálsamos (9,09%), Distrito Industrial I (8,69%) e Novo Amazonas (8,57%). E com 8,33% estão a região da rodoviária, próximo do Parque da Água Santa, outro indicador de abandono de áreas verdes, cuja limpeza e monitoramento são de responsabilidade da Prefeitura.

Os bairros Pedras do Vale e Vila Salica e Juca Rosa registram índice de 8,21%, enquanto os bairros Bela Vista e Jardim Gabiroba I estão com 8%. Na mesma situação de risco estão os bairros Bethânia (7,69%), Pará (7,57%), Fênix (7,27%) e Campestre (7,14%).
Já os bairros Madre Maria de Jesus (6,89%), Caminho Novo (6,75%), Jardim Gabiroba (6,42%), Gabiroba (6,35%), Santa Marta (6,25%), Centro (5,76%), Cônego Guilhermino (4,17%) e Santo Antônio (4%) também correm risco de surto.
Os únicos que escapam dessa triste sina, mas que também não podem descuidar, por apresentarem índices acima de 1%, estão os bairros Colina da Praia (2,7%) e Jardim Belvedere (2,43%), mantendo-se, entretanto, em situação de alerta.
Recipientes onde os focos são mais encontrados

A maior parte dos criadores foram encontrados em recipientes plásticos, garrafas, latas, sucatas deixados em locais abertos, além de ferros velhos e entulhos de construção. Mas focos do mosquito são encontrados também em bebedouros, tambores, pneus, e em ferros velhos, além de entulhos de construção.
O segundo lugar com mais registros são os depósitos móveis – vasos, frascos, pratos, piscinas com água não tratada, fontes ornamentais, floreiras de cemitério (outro indício de abandono público), cacos de vidro em muros e em toldos de cobertura. Ou seja, todo recipiente que possa armazenar água constitui ambiente ideal para a proliferação do Aedes aegypti.