“Experiência e projetos me credenciam a pedir o voto de confiança do itabirano para seguir como prefeito de Itabira”, diz Ronaldo Magalhães
Em sua quarta candidatura a prefeito de Itabira, Ronaldo Magalhães (PTB) diz ser o mais preparado para dar continuidade aos projetos que considera imprescindíveis para Itabira nos próximos quatro anos. ”Neste século fui o prefeito que mais fez obras em Itabira.”
Com muitas obras e outras realizações que diz ter viabilizado em diferentes áreas, ele decidiu submeter a sua candidatura à avaliação do eleitorado itabirano. Desta vez não como pretendente da oposição, mas como candidato à sua própria sucessão.
Ou seja, Ronaldo Magalhães agora é a vitrine a ser avaliada pelos mais de 91 mil eleitores itabiranos. Na disputa pelos corações e mentes, o prefeito irá enfrentar cinco candidatos: Alexandre “Banana” (PT), Cleverson Boim (Republicanos), Jânio Nunes (PSOL), Marcinho “da Loteria” (Avante) e Marco Antônio Lage (PSB).
Se valer a velha tática de dividir para dominar, Ronaldo Magalhães está em vantagem por ter o campo das oposições se dividido com tantos candidatos. Outra vantagem é a de ser o mais conhecido. Mas isso também acarreta desgaste e rejeição, como o próprio candidato reconhece. “É uma campanha nova, é como se eu estivesse começando tudo outra vez.”
Em entrevista à Vila de Utopia, Magalhães mostrou desconforto diante de algumas perguntas, como por exemplo, quando foi perguntado sobre a demissão de vigias da Itaurb e do relacionamento com os demais servidores. “Vamos falar das coisas boas, das realizações que estão mudando Itabira”, sugeriu.Mas não deixou de respondê-las, restando ao leitor tirar as conclusões que lhe aprouver.
Para saber mais do que pensa o prefeito, leia a íntegra da entrevista, concedida na quinta-feira (1), em seu comitê eleitoral. Será publicada em dois grandes blocos – a segunda parte a ser postada nesta terça-feira (6). Confira.
Qual é a expectativa com o início de campanha em tempo de pandemia?
Cada campanha é diferente da outra, mas essa está muito diferente, a começar por não ter grandes reuniões para não aglomerar as pessoas. Vai ser trabalhada nas redes sociais, mas não deixamos de fazer contatos pessoais, com os devidos cuidados de distanciamento, de acordo com os protocolos que a situação exige.
Desde o dia 28 já estamos trabalhando gradativamente na condução de uma campanha que terá duração de 45 dias. Vamos trabalhar novas possibilidades, mas sem deixar de lado o contato pessoal, com os cuidados devidos.
O senhor leva vantagem sobre os seus oponentes por ter um recall de um político bastante conhecido. Concorda?
O fato de ser mais conhecido ou não, é relativo. Tem um lado bom e ruim. A rede social hoje chega a quase todo mundo, virou já quase universal. Não vejo isso como vantagem.
Temos que trabalhar firme, mostrar que temos feito um bom trabalho. Que encontramos uma prefeitura em grande dificuldade financeira; Fizemos os ajustes, saneamos as contas, fizemos cortes de custeio até equacionar as finanças.
Itabira está hoje com as finanças em dia. Mas tudo isso pode não ser vantagem se não for bem conhecido do eleitorado. De modo que não vejo e não me acomodo ao ponto de achar que levo vantagem por ser mais conhecido.
Mesmo porque não há unanimidade, a política em Itabira, como no país, está muito polarizada.
Temos que seguir com a campanha como se estivesse começando agora. Itabira está vivendo um bom momento e isso temos que mostrar ao eleitor. É uma campanha com novos ingredientes. A internet nivela, iguala os candidatos.
O que mais o motiva a buscar a reeleição?
Eu pensei muito antes de me decidir. Mas eu vi que depois de arrumar a casa, chegou a hora de Itabira trabalhar para buscar um futuro mais claro, mais promissor. Temos alguns projetos que precisam ser continuados e sinto que posso contribuir muito mais com Itabira.
Por exemplo, a questão da água, um problema que se agravou nos últimos 15 anos. As obras da captação do rio Tanque irão começar daqui a pouco, a Aecom está dando assessoria ao projeto e em dois anos estará concluído.
A Unifei é outro projeto já iniciado que estamos dando continuidade. O campus hoje conta com dois prédios com 20 mil metros quadrados de construção. Vamos construir mais três, devemos chegar a 50 mil metros quadrados. Pelo planejamento da Unifei iremos dobrar o número de alunos.
Qual é esse planejamento?
Devemos chegar perto de 5 mil em dois anos e meio. O projeto é mais que isso, mas para ampliar dependemos também do Ministério da Educação, porque a expansão não é só obra física.
O parque científico tecnológico está atrasado 12 anos. E a Unifei não diversificou os seus cursos como prometido.
Mas agora estamos avançando. O projeto é instalar o parque tecnológico no antigo posto agropecuário, ao lado da Unifei, um espaço muito bom. O terreno foi desapropriado pela Prefeitura e repassado para a União em 1948, sob a condição de reversão ao município com o fim do projeto que havia para o local, na década de 60.
Estamos agora pedindo a devolução desse imóvel ao Ministério da Economia. Pretendemos ainda expandir o Distrito Industrial I no sentido Candidópolis. Temos alguns lotes que estamos recuperando, inclusive com a Codemig.
O senhor desistiu do projeto de um novo distrito industrial na fazenda Palestina?
Não é uma questão de desistência, mas de viabilidade. Teria que se fazer um grande investimento, tem problema ambiental, não tem água nem energia, o acesso é difícil.
Estamos acertando com a Vale a construção do presídio no local e tem um projeto de uma empresa de preparo de insumos para detonação de rocha, já aprovado pelo exército, que deve ser instalado lá também.
Ao lado do futuro presídio, não pode ser perigoso?
Não são explosivos, mas componentes. Temos vários projetos que pretendemos implementar no próximo governo. Eu me sinto preparado e motivado para continuar tocando esses projetos que são de grande importância para assegurar o presente e o futuro de Itabira. E com a vantagem de ter uma administração organizada, diferente das situações em que encontrei nas duas vezes que assumi a Prefeitura.
Como o senhor responde às críticas de ter deixado várias promessas de campanha sem cumprir?
Realmente, muitos compromissos de campanha ficaram sem cumprir por falta de recursos. Mas a maior obra que eu fiz foi pagar R$ 146 milhões de dívida, foi zerar um déficit mensal que era de R$ 8 milhões, o que dá mais de R$ 200 milhões.
Fizemos muito na área de saúde, no desenvolvimento econômico. A região rural tem tido uma assistência grande, melhoramos as estradas, estamos asfaltando as subidas íngremes, uma reivindicação antiga que estamos atendendo. Fizemos que o foi possível e não quero terminar o governo agora deixando dívidas.
Mas o senhor também vai deixar dívidas. Só de empréstimos o seu governo contraiu mais de R$ 60 milhões para as avenidas, inclusive com comprometimento de recursos da Cfem como garantia.
Não é dívida com vencimento imediato, é para ser amortizada em anos. E isso é normal, é uma forma de investir agora quando o recurso da Prefeitura não daria para alocar R$ 20 milhões e fazer as avenidas. A garantia é da Cfem (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais), mas com a Prefeitura organizada, não vai precisar desse recurso para quitar os empréstimos.
Antes mesmo de ter início, o seu governo foi envolvido em polêmicas. Por gestão do seu agora candidato a vice, Gustavo Milânio, os vereadores da legislatura passada reajustaram os subsídios do prefeito, da vice-prefeita e dos secretários. Com a Prefeitura em crise, o senhor não deveria ter vetado, mantendo os subsídios nos valores anteriores?
Não foi reajuste, voltou ao que era anteriormente no governo de Damon, que cortou nos salários.
Mas isso lhe trouxe muito desgaste, já que os servidores estavam sem reajuste e assim ficaram nos três primeiros anos de seu governo.
Não é verdade, nós corrigimos os salários todos os anos.
Mas então por que houve toda a movimentação reivindicatória, greve na Itaurb, apitaço na Prefeitura. Até queimaram boneco com seu retrato.
Teve alguns movimentos reivindicando aumento. Só que fizermos as correções dos salários. E fizemos promoção horizontal e vertical que há mais de seis anos não havia na Prefeitura. Realizamos concurso público no final do ano passado, que há dez anos não era feito.
Temos uma relação muito boa com o sindicato. A correção dos salários foi feita em 2018 e paguei em 2019 e também agora em 2020. Em 2017 eu não fiz a correção por não saber ao certo qual era a capacidade financeira para suportar a correção.
Fizemos as correções devidas, inclusive com todas as promoções que o servidor tinha direito em todos os níveis e cargos. O que havia de pendencia do governo anterior foi acertada. Temos reunidos periodicamente com o sindicato dos servidores. Tivemos que adequar a legislação municipal à federal e o sindicato nos acompanhou. A nossa relação com o sindicato é muito tranquila.
Então as manifestações que ocorreram em frente à Prefeitura e no plenário da Câmara foram exageradas?
Isso é normal, faz parte da democracia. As pessoas muitas vezes não mostram a realidade.
Mesmo quando o senhor mandou demitir 160 vigias da Itaurb, substituídos por vigilância eletrônica?
Vamos falar de coisas boas, tantas coisas positivas para apresentar…
Estamos falando de coisas boas até aqui. Mas existem as críticas ao seu governo e a entrevista é uma oportunidade para o senhor se defender e apresentar a sua versão.
O que acontece: um vigilante tem o custo hoje de R$ 3,2 mil por mês. Muitos não estavam trabalhando adequadamente e, se não me engano, a metade já estava aposentada.
Muitos estavam trabalhando à noite e dormindo em serviço. Não eram todos, claro. E o custo da vigilância eletrônica é mais ou menos de 20% do custo (de um vigia). Tinha um número que poderia ser substituído, nós substituímos. Mas têm alguns que não, são os que trabalham nas portarias durante o dia.
Antes dessa demissão, o senhor retirou a vigilância do ribeirão de São José e logo depois furtaram e detonaram com equipamentos da usina. Hoje, se for investir para a usina voltar a funcionar, o custo será bem maior. O senhor não se sente culpado?
Já estava sem vigilantes antes, não fui eu quem retirou. E estava depredada há muito tempo. Inclusive estamos agora fazendo a restauração arquitetônica da Casa da Máquinas e do Administrador, além de outras melhorias. Está ficando muito bacana. Ainda não vamos recolocar a usina para funcionar, isso será um outro projeto mais técnico.
Estamos fazendo a restauração arquitetônica para depois ver como colocar a usina para funcionar. Para voltar com o funcionamento da usina exige estudos técnicos e não é tão simples. É importante frisar que a usina faz parte de um conjunto de casarões antigos, que estavam em ruínas, e que restauramos com recursos do ICMS cultural.
Só a restauração arquitetônica em Ribeirão São José vai ficar em mais de R$ 1 milhão, que saíram do Fega (Fundo Especial de Gestão Ambiental). O senhor não quis cobrar essa dívida da Vale, já que o projeto do Parque Natural Municipal Ribeirão São José é parte da condicionante das unidades de conservação que deixou de de ser cumprida?
Os recursos para a restauração do conjunto arquitetônico da usina realmente saiu do Fega e foi aprovado pelo Codema (Conselho Municipal de Meio Ambiente). Podemos ver isso, meu relacionamento com a Vale tem sido razoável para bom.
Mas isso é muito pequeno diante de um contexto maior que estamos negociando com a Vale, que passa pela questão da água, pela expansão da Unifei, da retirada da ferrovia do Alto Pereira. Não temos tido dificuldades em negociar com a Vale.
O senhor deixou de alocar recursos do Fega para pagar os sitiantes e fazendeiros do programa Preservar para não Secar. Por que?
A obrigação de cuidar das nascentes é do proprietário do imóvel, não é da Prefeitura. São pessoas que têm recursos financeiros, pelo menos a grande maioria.
E ficavam pegando dinheiro da Prefeitura que na época estava sem remédios na farmácia, sem enfermeiros e médicos no PSF, com as ruas esburacadas, praças sujas. Essa era a realidade naquele momento.
Não vou dar dinheiro para quem não precisa. A obrigação é do proprietário cuidar da nascente, não é da Prefeitura. É obrigação de todo cidadão cuidar e proteger as nascentes.
Tramita na Câmara projeto de reforma do Plano Diretor, de sua autoria, que reduz as áreas de preservação permanente nas nascentes e cursos d’água. Não seria a hora de ampliar as matas ciliares?
Mata ciliar eu concordo que a Prefeitura deva investir. Mas se tem uma nascente dentro do sítio ou fazenda, quem tem de cercar e preservar é o proprietário. Com a reforma do Plano Diretor o que estamos fazendo é adequar a legislação municipal à federal.
Mas o senhor não acha que, com a captação no rio Tanque, não seria a hora de apresentar projetos para ampliar as áreas de preservação permanente?
Com relação a isso vamos ter projetos bem consistentes. Nós vamos apresentar um estudo para reabilitar o rio Tanque. Inclusive, no governo passado eu instalei mais de 500 fossas (sépticas) nas cabeceiras do rio.
Vamos apresentar um projeto específico para o rio Tanque, mas temos que fazer um estudo técnico para saber quais são as necessidades. Para isso vamos ter tempo, serão dois anos para concluir as obras de captação. Nesse tempo iremos implantar o projeto de reabilitação.
A sua proposta inicial era fazer a transposição do rio Tanque por meio de uma PPP (parceria público-privada), um investimento de cerca de R$ 50 milhões que seria pago pelo consumidor com aumento de tarifa de até 30%. Por que também, nesse caso, a Prefeitura não cobrou desde o início o cumprimento da condicionante 12 da Vale, como agora fez o Ministério Público?
Não é que nós não cobramos, nada disso. A condicionante 12 não é clara, não fala em obras, só em projetos. Mas apresentamos os argumentos, que a Vale consome 900 litros por segundo de água, enquanto Itabira consome 500 l/s, mais ou menos a metade. E que uma parte da água que ela consome poderia servir para abastecer e resolver a crônica falta de água na cidade.
Mesmo porque pelo Código das Águas a prioridade é o consumo humano.
Exatamente. Nós fizemos o estudo da PPP, não é que definimos fazer, mas para ver se havia viabilidade. Realmente, haveria reajuste entre 25% e 30%.
Voltamos a discutir com a Vale, o Ministério Público estadual entendeu que poderia contribuir e fizemos essa discussão durante sete meses. Como já tínhamos o projeto elaborado, o colocamos na pauta, mas agora com um volume maior de água.
Estávamos trabalhando com 200 l/s a 300 l/s, e colocamos 600 l/s. A Vale aceitou e fizemos o TAC (Termo de Ajustamento de Conduta). Devemos começar as obras agora, estamos só revisando alguns pontos. E com o anel hidráulico todo o sistema irá ficar interligado, acabando com essa história de sobrar água em alguns poucos bairros, enquanto falta em boa parte da cidade.
O que levou a Vale a enfim cumprir a condicionante da água. Foi a possível contaminação dos aquíferos por manganês, como já ocorreu no Jirau (barragem Santana), ou foi a própria demanda da mineração por mais água?
Acho que foi tudo isso junto. A Vale admitiu que tinha a obrigação de repor essa água, como responsabilidade social, numa discussão mais clara. A contaminação também pode ter influenciado.
Foi um conjunto de situações que levou à necessidade de a empresa devolver, pelo menos em parte, aquilo que ela retira da água existente no entorno da cidade. O resultado foi bem positivo para o município.
Fim da primeira parte da entrevista.
Leia na segunda e última parte da entrevista com Ronaldo Magalhães
– Como ficou o acordo de parceria com os chineses para a construção de um aeroporto de cargas? Foi só mais um factoide para melhorar a imagem do governo?
– Obras eleitoreiras ou necessárias? Grandes avenidas endividaram o município?
– O prefeito ainda considera a barragem Itabiruçu a mais segura do país? Qual é a sua posição em relação à reivindicação de realocar moradores da zona de autossalvamento ou do salve-se quem puder?
– A Prefeitura tem conhecimento do novo plano econômico de aproveitamento das minas de Itabira encaminhado pela Vale à Agência Nacional de Mineração (ANM)? E sobre uma possível contaminação dos aquíferos?
– Assim como a ANM, o prefeito vê a necessidade de se abrir, desde já, a discussão sobre o descomissionamento das minas de Itabira?
– E sobre o grupão, ele é mesmo liderado pela construtora HR Domínio, mais conhecida como MD Predial?
Confira o final da entrevista com Ronaldo Magalhães nesta terça-feira (6):
No bairro Colina da Praia nesse final de semana ficamos 3 dias sem água, e quando questionamos o SAAE é sempre uma desculpa cabulosa, ora, e rede que estourou, ou que entrou ar no sistema. E olha que não foi somente nesse fim semana. Essa situação é recorrente e só acontece nos finais de semana. Plantão não funciona e ninguém responde pelo descaso.
Atual prefeito mente ao dizer que não tinha dinheiro para dar continuidade ao programa “Preservar para Não Secar”, Havia dinheiro no FEGA para saldar os proprietários rurais que cumpriram as regras. Usou o dinheiro para ciclovias que por sinal ficaram uma maravilha, castrou os cachorros e cadelas de ruas, quase não vemos mais animais se procriando nas ruas. Viva quem tem experiência na gestão pública.