Estrela Guia

Amanda Drumond*

Cantiga boba
Que relembra os tempos dos nasceres da luz
Captava seus olhos como singelas estrelas
Reluz cada gota d’água
Prisma errante
Reluzente constante
Caíam meus sonhos nefastos
Era eu, sou eu, fui eu, serei eu
Atriz coadjuvante de uma turnê falida
Sabia que iria ser prejuízo
Mas assim, por amor
Vivi
Aquele violão calado
De luto
Aquela moça de longe
Aquele primo errante
Eu embriagado
Fumavas ansiosamente
Eu repetia as músicas antigas
Donzela de vestido preto
Rapariga de virgem
E eu passando as noites sob vigília
Aguardando o retorno do investimento
Cabia nele todos os meus panos
Tô nu
Tô triste
Tô poupando até palavras
Criando metonímias
Fugindo das nossas metáforas repetitivas
Vida parabolizada
Minha antena
Minha gota d’água
Anotei todos os encontros
Neles alimentei todos os meus parceiros
Nada faltou
As horas marcadas
Os relógios desajustados
O constante retorno
A Estrela Guia
Aquela que brilha
Sabe que olhando assim
Seu sorriso me explica.

*Amanda Drumond é artista-plástica, escritora, poeta brasileira contemporânea, conhecida por sua escrita sensível e marcante. As suas poesias, crônicas e contos abordam temas como amor, feminilidade, empoderamento e autoconhecimento, muitas vezes explorando a dualidade entre força e vulnerabilidade.

Arte: Amanda Drumond

 

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