“Estamos em uma guerra como o Brasil nunca viu igual”, disse o prefeito de Itabira, que negocia redução de atividades na Vale na onda roxa
O prefeito Marco Antônio Lage (PSB) comparou o enfrentamento à pandemia a uma guerra como o país nunca teve em seu território – só no Paraguai, numa triste história de genocídio contra o povo guarani do país vizinho.
E o que é pior: não se trata de uma guerra declarada contra um inimigo externo, mas é para enfrentar um inimigo que se multiplica e sofre mutações. E que está oculto, embora esteja presente em todos os lugares ao mesmo tempo.
“Ninguém escapa dessa guerra”, disse o prefeito em coletiva de imprensa virtual nesta quarta-feira (24), quando fez um balanço extremamente preocupante da situação pandêmica em Itabira, que não foge da realidade nacional.
Marco Antônio Lage disse ter visitado os hospitais nesta manhã. E o que viu só aumentou sensação de vivenciar uma guerra, que precisa ser vencida com todas as armas.
“Vi jovens de 25, 30 anos entubados em macas no corredor do Pronto-Socorro”, contou. “Mudou o cenário, estamos em um outro patamar da guerra.”
Mas na trincheira contra esse inimigo invisível, muitas vezes mortal, não basta somente abrir novos leitos, embora essa seja a exigência mais crucial do momento, acrescentou o prefeito.
“É preciso que as pessoas não saiam às ruas para não precisar de atendimento e não ter como ser atendido, com risco de morte. Só quem passou ou viu um parente passar por isso, sabe o sofrimento que é.”
Para vencer a guerra, acentuou o prefeito, é preciso que todos deixem sair às ruas se não for em caso de extrema necessidade, como meio de diminuir a velocidade da taxa de transmissão. E isso só se consegue com taxa de isolamento acima de 60%. Em Itabira, mesmo estando há 17 dias na onda roxa, só agora a taxa de isolamento alcançou 40%.
Em decorrência, a velocidade da transmissão do vírus continua acelerada. Nos últimos sete dias, a RT teve média de 1,27, oscilando entre 0,83 e 1,59, quando ideal é que caia para menos de 1,0, que é para desacelerar o contágio.
Perdas incomparáveis
As consequências dessa guerra têm sido também trágicas em Itabira. Não há quem não tenha um parente, amigo ou conhecido que perdeu a vida na luta contra o vírus.
Já são 143 óbitos no município, sendo que 12 mortes foram nesta semana que está só pela metade, 45 na semana passada e oito na retrasada. Trata-se de outro indicador de como o inimigo tem sido devastador, atingindo as pessoas indiscriminadamente – e agora em todas as faixas etárias.
“Estamos ampliando a infraestrutura de atendimento, mas sem a participação de todos, ficando em casa, essa guerra não será vencida”, conclamou mais uma vez o prefeito.
Se não for assim, como ocorre em toda guerra prolongada, pode ser preciso fechar mais ainda a economia. “Numa guerra prolongada, podemos ter até mesmo racionamento de alimentos”, alertou o prefeito.
Mais restrições
Mas ainda que o prefeito queira, dificilmente haverá um lockdown completo em Itabira, mesmo com o avanço mais avassalador da pandemia. Isso pela desobediência civil de muitos comerciantes, conforme registrou o repórter Delly Júnior, do Diário de Itabira, que flagrou mais de 20 lojas fazendo vendas às escondidas.
“O freguês bate na porta. O vendedor atende e entrega a mercadoria”, ele reportou na coletiva de imprensa. Pelo decreto municipal, a venda do comércio não essencial só é permitido com entregas em domicílio.
Como se vê, nem todos participam desse esforço de guerra. Os bancos também são outros focos de aglomeração, com filas intermináveis. A Caixa Econômica trouxe a Itabira um posto de atendimento móvel, com o qual espera diminuir as aglomerações.
Já a Vale, por ser a mineração considerada atividade essencial, o prefeito não tem como intervir, mesmo em relação às empreiteiras de obras e serviços.
Como a multinacional brasileira não pretende seguir o exemplo da multinacional alemã Volkswagen – e dar férias coletivas aos seus empregados enquanto perdurar a onda roxa, que agora segue até domingo (4) – o prefeito espera negociar a redução ainda mais do trabalho presencial na mineradora.
“Pedi à Vale um plano para reduzir o pessoal em algumas áreas que não são da atividade fim. Se a pandemia avançar e começar a sair do controle, o que espero que não aconteça, teremos de negociar até mesmo a paralisação total das minas, mesmo que isso resulte em perda de receitas para a Prefeitura”, admitiu. “O que importa agora é salvar vidas.”
O prefeito deveria fazer o tranca-ruas com monitoramento pelo GPS, como fez o prefeito de Araraquara, Edinho Silva, do PT, que com esforço de combatente na guerra titânica contra o coronavírus, reduziu a contaminação e óbitos em 60%.
E tem que rezar e viajar o vice-prefeito, o dr. Cloroquinir de plantão.
Fica em casa é a última alternativa antes das vacinas. Ao prefeito Marco Antônio Lage chegou a hora de montar barreiras sanitárias nas entradas da cidade, nos terminais rodoviários, para que todas as pessoas que venham à nossa cidade tenham as suas temperaturas aferidas, isso poderá evitar de trazer mais vírus para nossa população.