Escultura do poeta itabirano é vandalizada no Rio

Lenin Novaes*

Não foi a primeira, a segunda, a terceira e, sim, a 11ª vez que o monumento ao poeta e jornalista Carlos Drummond de Andrade sofre ação de vandalismo, com o furto dos óculos e parte das hastes do acessório, ocorrido na madrugada desse domingo (29/10), em pleno coração da Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, na Avenida Atlântica, na praia de Copacabana. E, provavelmente, não será a última vez que o monumento esculpido em bronze deixará de ser atacado por vândalos, desde que foi instalado há 15 anos.

Drummond (sem os óculos) com o poeta itabirano Marconi Ferreira: vandalismo depreda as esculturas do poeta em Itabira e no Rio (Fotos: Lenin Novaes e O Globo, destaque)

A obra do artista plástico Léo Santana foi instalada na orla da praia, na altura do Posto 6, no ano de 2002, por ocasião das comemorações do centenário de nascimento do poeta itabirano, autor de “A flor e a náusea”. A manutenção é da Secretaria Municipal de Conservação e Meio Ambiente e, desde 2008 até o início do ano passado, a empresa Essilor/Varilux, de lentes oftálmicas, adotou a estátua, cuidando da manutenção e limpeza.

Por várias vezes a empresa francesa substituiu os óculos da escultura e patrocinou a instalação de câmera voltada para o monumento, cujo objetivo é evitar atos de vândalos. No último trabalho de restauração da estátua foram gastos mais de R$ 11 mil. E, agora, o órgão responsável irá reparar a avaria, já tendo feito registro da ocorrência na delegacia policial.

Na busca de identificar o autor ou autores do furto ao monumento, a polícia deu início a análise das imagens na câmera de monitoramento. E vai apurar se a figura de um homem com uma mochila e usando boné, que provoca a queda dos óculos com chute desferido na cabeça da escultura, é a pessoa que cometeu o furto. O caso é crime de dano ao patrimônio público, com pena de seis mesas a um ano de prisão e multa.

O furto dos óculos da estátua do poeta Drummond não é uma “exclusividade” do Rio de Janeiro. Também vândalos têm atacado as obras do artista plástico Genin Guerra em homenagem a um dos maiores poetas da literatura brasileira na sua própria cidade natal: Itabira. As esculturas de Carlos Drummond de Andrade ao lado do prédio inacabado do Memorial Carlos Drummond de Andrade (projeto do arquiteto Oscar Niemeyer), no Pico do Amor; e em frente à Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade – FCCDA –, defronte à Câmara Municipal de Vereadores, também sofrem com o vandalismo.

Detalhe da escultura sem os óculos, em frente ao centro cultural

Assim como no Rio de Janeiro, também em Itabira os monumentos compõem roteiros turísticos, sendo atrações para visitantes que registram os passeios junto às estátuas em vídeos e em fotografias. Em se tratando de Carlos Drummond de Andrade, nascido em 31 de outubro, Dia Nacional da Poesia, os monumentos sinalizam a importância da literatura no Brasil.

E como “dói” ver os monumentos vandalizados.

*Lenin Novaes, jornalista e produtor cultural. É co-autor do livro Cantando para não enlouquecer, biografia da cantora Elza Soares, com José Louzeiro. Criou e promoveu o concurso nacional de Poesias para jornalistas, em homenagem ao poeta Carlos Drummond de Andrade. É um dos coordenadores do Festival de Choro do Rio, realizado pelo Museu da Imagem e do Som – MIS. É Assessor de Imprensa do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da U

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1 Comentário

  1. Além da Varilux, uma loja de materiais de construção, onde o poeta Drummond era freguês, também limpou a estátua, e gratuitamente. E mais, a prefeitura instalou uma câmara num prédio em frente pra identificar os vândalos, só me lembro de um casal do Espirito Santo fora identificado. De minha parte, tenho uma opinião, deixem o poeta sem óculos, pois o que se gasta com o óculos dá pra abastecerr prateleiras com livros do próprio poeta. Além do poeta, tem estátuas que sumiram. Cadê o Manequinho, ninguém viu, ninguém sabe. O que esperar de uma opopulação que não tem direito a letramento? O que esperar de um Estado que despreza a maioria da população, sobretudo a preta e pobre e também a branca e pobre? repondo, eu mesma, Nada, nadinha de nada. Miséria e arte? Centros de cultura e o povão sem moradia? A cor de minha é marrom clarinho afro e, hoje, no dia de hoje comi pouco por fata de mantimentos no guarda comida e olha que infelizmente não sou pretinha. Então que quebrem o óculos do poeta o que nunca será possível é derreter a sua poesia e sua crônica, e é o mais valoroso de tudo. Se tivermos casa comida e escola não será possível o vandalismo e sim, talvez, a iconoclastia, que é outra parada. E vai piorar, eles vão quebrar é os óculos do vivos, na cara da gente. Tenho nojo de tudo isso.

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