Equipes do HMCC e do HNSD se preparam para o aumento de infectados em Itabira e na região nos próximos dias
Para o enfrentamento ao novo coronavírus (covid-19), os hospitais de Itabira correm contra o tempo, assim como a Prefeitura, para criar a infraestrutura necessária para o atendimento de um número crescente de pessoas que podem ser infectadas nos próximos dias.
Depois de se alastrar pelas regiões Norte e Nordeste, além de São Paulo, a previsão com o avanço da pandemia é de mais gente infectada – e também de aumento do número de mortes – no Sul e Sudeste do país agora com a queda da temperatura.
No caso de Itabira, essa situação pode ser agravada com a poluição do ar pelas partículas de minério em suspensão. Daí que todo cuidado é pouco.
Com isso, a manutenção do isolamento social e o fechamento do comércio não essencial no momento são os únicos remédios prescritos para diminuir a quantidade de infectados ao mesmo tempo. É assim evitar o colapso do sistema municipal de saúde.
As dificuldades permanecem, e são comuns em todo o mundo, principalmente para melhor equipar os hospitais e adquirir itens de segurança para os profissionais de saúde, dada a escassez desses materiais com a crescente procura e oferta limitada.
Atrasos

Na guerra contra a pandemia, a Prefeitura aguarda a chegada de diversos equipamentos de segurança, para assegurar a integridade dos profissionais de saúde.
Assim como também ainda não chegaram os 10 mil testes rápido adquiridos pela Prefeitura para detectar e segregar, com isolamento domiciliar, as pessoas que já estão infectadas, mas que ainda não necessitam de atendimento mais complexo.
A expectativa é que as aquisições cheguem a Itabira nos próximos dias. Mas é certo que haverá atraso. “A empresa está com problemas na importação do produto (os testes rápido) da China”, informa a assessoria de imprensa da Prefeitura.
Com essa dificuldade adicional, a montagem de um hospital de campanha, que será necessário a depender da velocidade em que se dará o pico da pandemia no município e na região, pode ficar comprometida.
“No primeiro momento o que está sendo realizado é a ampliação do número de leitos nos hospitais que já possuem estrutura física para suportar esse aumento”, afirma o subsecretário de Comunicação da Prefeitura, Ricardo Guerra.
Infraestrutura
A Prefeitura já anunciou que irá agregar mais 114 leitos exclusivos para o atendimento às pessoas infectadas, que se somarão aos existentes. No total serão 148 leitos, distribuídos entre o HNSD e o HMCC.
Já estão também disponíveis 40 leitos nas UTIs dos dois hospitais, com um total de 60 respiradores, sendo que quatro se encontram em manutenção.
A previsão da Prefeitura é investir R$ 15 milhões no combate à pandemia. Nessa conta está incluída a abertura de um hospital de campanha no Parque do intelecto, ao lado do HMCC.
Mas não estão incluídos os gastos com a ação social, na assistência às famílias de estudantes carentes que ficaram sem a merenda escolar, aos desempregados e moradores de rua. Esses recursos ainda estão sendo contabilizados.

Com o já certo atraso na chegada dos equipamentos e dos materiais necessários, o atendimento às pessoas infectadas em Itabira e na região pode ficar prejudicado, principalmente se esse número aumentar em curto espaço de tempo.
São mais de 220 mil moradores na microrregião de Itabira – e que podem saltar para cerca de 500 mil se for considerada a área de referência da Diretoria Regional de Saúde (DRS). É que os outros polos regionais (Guanhães e João Monlevade) não dispõem da mesma infraestrutura hospitalar existente em Itabira.
Todo esse contexto deve ser levado em consideração pelo prefeito Ronaldo Magalhães (PTB) antes de tomar qualquer decisão que possa relaxar o isolamento social e autorizar a reabertura do comércio em Itabira.
Equipamentos e recursos humanos são escassos se muitas pessoas contaminarem ao mesmo tempo

O avanço da pandemia precisa ser contido, ou mitigado, para salvar vidas diante da realidade que é comum a todas as cidades do país: a escassez de recursos humanos para dar assistência às pessoas que precisam de atendimento hospitalar, com o agravamento da doença.
De acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura, o Hospital Municipal Carlos Chagas (HMCC) dispõe de 400 profissionais que estarão diretamente envolvidos no enfrentamento da pandemia.
Desses profissionais, 50 são médicos e os demais formam um exército de enfermeiros, fisioterapeutas e todo pessoal de apoio. “Esse número pode ser ampliado, aguardando a montagem de toda estrutura de atendimento em andamento, o que pode incluir um hospital de campanha.”
HNSD

No Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD), três médicos já cuidam exclusivamente de pacientes acometidos pela covid-19, além de uma enfermeira e cinco técnicos de enfermagem.
Esses profissionais já trabalham em plantão de 12 horas. Na soma, são 24 profissionais que atuam na ala exclusiva para atender às vítimas da pandemia.
“Além desses profissionais, temos a equipe de fisioterapia e de multiprofissionais que estão também disponíveis. A ação desses profissionais é condicionada às necessidades de cada paciente”, informa a assessoria de imprensa do hospital.
Já as equipes das duas UTIs do HNSD são formadas por médicos plantonistas permanentes em todos os turnos, além de nove enfermeiros e 55 técnicos de enfermagem.
No Pronto Atendimento do mesmo hospital a equipe é composta por um médico clínico exclusivo – e que também conta com equipe de enfermagem de retaguarda formada por quatro enfermeiros, 31 técnicos e seis enfermeiros atendentes.
Riscos
São esses os recursos disponíveis no momento. Eles podem ser suficientes a depender de como se dará o avanço da pandemia no município e na região. Mas podem entrar em colapso se um grande número de pessoas for infectado ao mesmo tempo.
Se a doença ainda não avançou em Itabira, como tem ocorrido em cidades mais populosas, se deve em grande parte às medidas restritivas. Isso muito embora a adesão ao isolamento social não tenha ocorrido na proporção desejada, que é de 70% da população.
“Se as pessoas permanecerem em casa, a nossa infraestrutura será suficiente. Mas se isso não ocorrer, se muitos continuarem nas ruas, nosso sistema não dará conta de atender a todos que irão precisar de assistência.”
A advertência é da secretária municipal de Saúde, Rosana Linhares, em recente pronunciamento pela internet. “E muitos podem morrer por falta de atendimento.”
A secretária de Saúde insiste na necessidade de todos permanecerem em casa – e que as pessoas só saiam às ruas se houver absoluta e inadiável necessidade.