Com o povo nas ruas, Itabira pode entrar no rol das cidades mineiras críticas no enfrentamento à Covid-19  

A flexibilização em Itabira das medidas de contenção ao avanço do novo coronavírus (Covid-19), como previsto, resultou em mais gente nas ruas. Isso por muitos acharem que o risco de infecção havia passado, já que o prefeito Ronaldo Magalhães (PTB) liberou o comércio, ainda que com muitas medidas restritivas.

Também há de se considerar a movimentação de trabalhadores desempregados e autônomos impedidos de executar as suas tarefas, portanto, sem renda para o sustento próprio e de seus familiares, na porta da Caixa Econômica Federal, para fazer o cadastramento e ter direito de receber o auxílio emergencial do governo federal.

Falhas no sistema complicaram ainda mais a vida de quem necessita do auxílio. E o que se tem visto são filas enormes com mães acompanhadas de crianças ao lado de idosos, todos em busca de um direito que deveria ser facilitado sob todas as formas.

Ao romper o isolamento social, potencializa-se a disseminação do vírus – e o resultado será observado nos próximos dias. Espera-se que Itabira tenha poucas vítimas dessa pandemia que amedronta o mundo. Mas é pouco provável que aqui exista uma redoma intransponível capaz de impedir a contaminação em massa, com tantas pessoas nas ruas.

E o mais grave é que assim deve permanecer com a proximidade do Dia das Mães, no domingo (10). Mesmo sem dinheiro, o povo quer sair às ruas, já não aguenta ficar em casa, nem que seja para apreciar as vitrines.

E também para ver as pessoas circulando com máscaras, o novo apetrecho da moda, encobrindo boca e nariz, mas deixando, por motivo óbvio, os olhos descobertos por onde o vírus penetra e pode provocar complicações à saúde com a Coviod-19.

Nos pontos de ônibus, e em frente à Caixa Econômica Federal, as filas com aglomeração de pessoas são constantes (Fotos: Carlos Cruz)

Notícias falsas

Aliado a tudo isso, há ainda o flagelo das notícias falsas disseminadas por quem acha que a economia está acima da saúde. Por quem acha, por exemplo, como o governador Romeu Zema (Novo), que o vírus precisa circular rapidamente por todo o Estado, para que um maior número de pessoas adquira anticorpos, o que não é confirmado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) – e assim a economia volte à “normalidade”.

Vídeos com “entendidos” de todos os matizes, inclusive de quem defenda o uso da maconha como “remédio” até para a covid-19, difundem a falsa ideia de que as pessoas não estão morrendo em decorrência da pandemia. E contribui ainda mais para o relaxamento do necessário isolamento social.

Em um desses vídeos, o “entendido” diz que em 50 autopsias realizadas na cidade de Bergamo, epicentro da proliferação na Itália, teria sido constatado que as mortes ocorreram de trombo embolia venosa – e não pela Covid-19. Ora, não se morre de gripe ou de Covid-19, mas em consequência das comorbidades associadas e preexistentes.

Como as pessoas são predispostas a acreditar em milagres e em teorias da conspiração, aqueles que são contrários ao distanciamento social, por interesses diversos, reproduzem essas falsas  informações como se fossem “verdades” científicas.

E o incauto cidadão volta às ruas, com muitas pessoas já infectadas e sem sintomas, disseminando o vírus que reduz a imunidade, que cai também com o tempo frio, levando à morte quem poderia sobreviver mesmo com as comorbidades existentes e que vinham sendo tratadas.

A guerra contra o coronavírus tem, portanto, várias trincheiras. Uma delas tem sido combatida pelos agentes de saúde, que precisam de equipamentos de proteção individual e de condições hospitalares para salvar vidas.

E outra, entre tantas, contra as fake news, as mentiras divulgadas pelos adeptos daquele que acha que tudo isso não passa de uma gripezinha.  Não é: a Covid-19 é doença grave que pode levar à morte e que ainda não tem vacina. Portanto, o melhor remédio ainda é ficar em casa – e só sair em caso de extrema necessidade.

Infraestrutura

Ressalte que Itabira não foi incluída entre as 230 cidades mineiras em “situação crítica” frente à pandemia, de acordo com indicadores sociais, econômicos e da infraestrutura em saúde, conforme foi divulgado em boletim epidemiológico pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, nessa terça-feira (28).

Isso se deve, evidentemente, às medidas restritivas que foram adotadas a partir de 18 de março, antes mesmo de sair o decreto do governo de Minas Gerais – e também pela infraestrutura de saúde previamente existente e pelos investimentos que estão sendo feitos para melhor equipar o serviço de atendimento.

Mas isso não pode virar relaxamento, sob pena de colocar tudo a perder. É preciso assegurar, por todos os meios, que o sistema de saúde não entre em colapso, caso ocorra o avanço da Covid-19 na cidade. Isso para que todos que necessitarem de atendimento mais complexo possam ser assistidos – e sobrevivam à pandemia.

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