Diante da guinada à direita, é preciso aumentar a luta social no caminho das decisões patronais

Veladimir Romano*

Por mais que vão divulgando argumentos com informações sem valia histórica, pedagógica ou exemplo jornalístico, como se observa na maioria dos canais exibidos nas redes, os fatos contrariam a realidade que esforçam para maquiar, esquecendo-se que a realidade das diferentes sociedades, nesse momento, passa por inquietações sociais que apontam caminhos revoltosos.

Nem mesmo o aparente crescimento econômico das políticas do presidente Donald Trump, junto ao sucesso laboral em média criando mais de 200 mil postos de trabalho/mês, conseguiu travar manifestantes contra decisões patronais. E elas crescem por todo o mundo.

Locais industrializados dos mais reconhecidos desde EUA, passando pela Coreia do Sul, França, África do Sul, Argentina, Marrocos ou até a Holanda com mais de trinta anos sem greves e Portugal de lutas sindicais endêmicas desde 1974.

Os sindicatos contestam ausência de contratos, fuga ao compromisso sobre seguro do trabalhador e subsídios protegendo aposentadoria como apoiando aperfeiçoamento técnico ou profissional dos novos operários ao mercado.

Com crises sucedendo umas após outras, avanços sociais foram sendo eliminados pelas políticas governamentais com líderes coniventes, dominados no centro gravitacional dos patrões e das estratégias apontando ao minimalismo do processo economicista das próprias direções desses governos.

Assim, desequilibrando medidas de proteção social, nas mais recentes decisões das grandes empresas do mercado industrial, trabalho e trabalhadores estão acumulando muita frustração, preocupações no mundo sindical, falhas na prontidão profissional de certos setores produtivos e muita instabilidade minando nosso mundo laboral.

Muita dúvida aumentou rapidamente num mundo moderno que avança retroagindo, voltando a um passado sem justiça, piorando as condições laborais em países onde se pensava haver níveis de respeito apreciáveis tanto pelo trabalho quanto pelo trabalhador.

Aumentaram os processos injustos. Conquistas laborais agonizam, depois das profundas reformas do crescimento entre 1954 até meados de 1970, com os operários colaborando com o crescimento e riqueza das empresas.

Segundo exemplo mais evidente do século XXI vem dos EUA apoiado pelo governo republicano [analistas esclarecem que políticas da governação do presidente Donald Trump andam cada vez mais contestadas], fizeram crescer insatisfação nas pessoas, particularmente aquelas que procuram o primeiro emprego. Com a classe política contestada nas ruas, enquanto apostas teimosas seguem nos ideais do liberalismo, arma ferrada capitalizando território operário, não restam alternativas como novamente voltar ao “Manifesto”, colocando os sindicatos na rua.

Aproveitando margens incutidas ao longo de diferentes crises depois de 1976, o sistema capitalista se acomodou muito bem, como enquadrando filosofias [neoliberais] subindo financiamentos em flecha ganhando aumentos do poder laboral, mas dando garantias a quem não cria mais riqueza, mantém privilégios.

Velhos oportunismos superaram relações do direito laboral conquanto ganhos sobre valorização social encolhe na razão e, a olhos vistos, derrotado vai ficando nas mesas do debate lógico e assertivo relacionando direitos laborais, solidariedade, entreajuda.

Sociólogos, economistas, juristas, historiadores ou apenas analistas curiosos da situação, não conseguem quebrar o gelo virtual ocupando espaços relacionados com explicações desvirtuadas nalguma imprensa comprometida em várias ocasiões com informação limitada sobre assuntos delicados e exigentes.

Sem muita discussão, decisões estratégicas patronais estão provocando instabilidade ou mesmo bastante insegurança na vida de cada pessoa dependendo do seu labor. É a nova fase do capitalismo dispondo e pondo do melhor jeito favorável aos valores materiais desse gosto obsessivo.

Exemplos continuam vindo dos EUA e da multinacional General Motors, da Delphi, Ford, outras da eletrônica, várias empresas de cinema, limpeza, restauração, hotelaria, camionistas…

A lista é longa, séria e a questão complexa demais. Uma coisa parece certa no meio desta divisão clara, absurda [pelo quanto empresas têm ganhos milionários]: deuses no meio de toda esta guerrilha surda vão estar folgando por tempo indeterminado. Afinal, o problema é mesmo global.

Sindicatos acusando empresas e patrões de «chantagens recorrentes», enquanto o trabalhador vê seu salário reduzido, administradores ou dirigentes encaixam chorudos subsídios financeiros sem qualquer razão efetiva.

Se reduzem seguros aos trabalhadores, arrombam fundos pensionistas, prestações de produção cada vez com menos garantidas. Tudo se passa não em defesa da pessoa humana, antes cuidando do dinheiro que acaba mais valorizado que o próprio trabalhador.

Não existindo incertezas quanto às necessidades óbvias de reforma no setor coletivo, até acreditando necessária revisão salarial, doravante, empregadores não estão querendo financiar as seguranças sociais do mundo.

Do tipo e plano organizativo que foi sendo aceite, o pêndulo foi caindo direitinho no regaço do poder financeiro, mistificando o Estado o seu importante papel pela defesa de direitos, garantias, compromissos como estabilidade e segurança.

O péssimo exemplo, experiência negativa pela qual estão passando trabalhadores e famílias numa Argentina conduzida ao cadafalso, vítimas das políticas derrotistas do governo de Maurício Macri [empresário e engenheiro civil], acreditando que a prática do liberalismo seria entrada no paraíso, arruinou a nação sobrando agora empréstimos avultados do eterno, sedutor e horripilante Fundo Monetário Internacional [FMI] com mais de 60 bilhões de dólares: incompreensível loucura, péssima estratégia criando quedas sucessivas na moeda nacional. Um verdadeiro garrote no pescoço do povo “de las pampas”.

Por outro lado, não anda melhor forças venezuelanas sacudindo pressões opositoras ao regime socialista. Novamente, trabalhadores sofrem, estagnam, assistem impotentes ao lamaçal social e a futuros sombrios conquanto o presidente bolivariano nem consegue estabelecer estratégias inteligentes, lógicas, contrárias a qualquer corrente negativa.

Nicolás Maduro [motorista], não encontra soluções pelo tanto que no momento oportuno deveria ter nacionalizado a produção alimentar e aplicado reformas conclusivas sobre a valorização das quantias de ouro que cobrem a moeda bolívar ao invés de ficar apostando apenas no petróleo.

Foi o que fizeram também os demais países com riquezas poderosas, mas desvalorizando a força hoje em dia das multinacionais. Sem analisar muito, o elo mais fraco da história são assalariados assistindo ao assalto do patrão sobre direitos sociais; o bode expiatório e assim, bastantes constrangimentos não faltarão.

Na caduca Europa, igual prontidão ressona alto enquanto a/o cidadã/o, torram seus sonhos numa gigantesca grelha de churrasco. O empregador, manipula toda a autoridade unilateral, nada resta aos operários não sendo último folgo sindical. Trabalhador, já não importa, só coloca peso no salário enquanto a empresa foi deixando cair valores identitários.

Nunca o Capitalismo esteve tão reacionário, agressivo, destrutivo; se acredita que seja a próxima grande ditadura que já vai alimentando algumas mentes mais doentias. Depois de tudo, ter poder é a enorme façanha duns quantos seres sempre mantendo a chama do ditador.

*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-caboverdiano, colaborador deste site Vila de Utopia

 

 

 

 

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