Conselhos de aliados não atendidos por Bolsonaro gera desânimo na campanha
Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa, em passeio de lancha com Bolsonaro: amigo e conselheiro
Foto: Reprodução
Rafael Jasovich*
O escândalo que custou o cargo de presidente da Caixa Econômica Federal a Pedro Guimarães modificou o ambiente no comitê da reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).
O desespero converteu-se em desânimo. Bolsonaro descumpriu o que havia combinado com os conselheiros políticos de sua campanha.
Isso ocorreu após acertar com seu staff, na noite de terça-feira (28), o afastamento imediato do agora ex-chefe da Caixa, Mas o que se viu fo o presidente executar o combinado em marcha lenta e de forma enviesada.
Pedro Guimarães resistiu – e muito – em aceitar que não havia mais condições de permanecer na presidência da Caixa. Durante toda a manhã ele tentou de várias formas reverter o que parecia (e era) irreversível.
Só à tarde, depois de conselhos de alguns interlocutores, e já com o nome de Daniella Marques, sua substituta não só escolhida como circulando por sites, Guimarães desistiu de lutar pelo cargo.
Mas Bolsonaro aguardou até o último minuto para tomar a decisão.
Em vez de emitir uma nota oficial nas primeiras horas da manhã, demitindo o executivo acusado de assédio sexual por funcionárias da Caixa, o presidente protelou o desfecho para o final da tarde.
E ainda concedeu ao amigo a troca da exoneração sumária por um pedido de demissão no qual um suspeito de assédio fez pose de vítima de uma “situação cruel”.
Bolsonaro deu de ombros para uma outra recomendação dos operadores de sua campanha. Estava combinado que o candidato prestaria solidariedade às mulheres, repudiando o assédio sexual, um crime tipificado no Código Penal.
Não foram atendidos e Bolsonaro permaneceu em silêncio. Não aceitou as recomendações, o que aumenta o desânimo do centrão sobre o resultado da eleição presidencial em outubro.