Candidatura de Simone Tebet é mais uma aventura com final previsível

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/
Agência Brasil

Rafael Jasovich

A candidatura da senadora Simone Nassar Tebet (MDB-MS) à presidência da República, a ser homologada nesta quarta-feira (27) em convenção partidária, é mais uma aventura que tem final previsível.

O desastre eleitoral está à vista, as pesquisas indicam que ela não consegue ultrapassar o 2%.

O confronto com os caciques partidários que advogam uma coligação com candidatura externa é historicamente previsível.

Ânimos exaltados e confronto físico marcaram a última vez que o MDB fez uma convenção nacional relativamente dividida.

Era 1998 e o partido tinha lideranças defendendo candidatura própria, enquanto outros caciques advogavam apoio a um candidato de outro partido.

Os resultados magros anteriores do MDB em disputas eleitorais criaram dentro do partido uma ala crescentemente favorável a tese de apoio a um candidato de outro partido.

Naquele ano a Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que buscava a reeleição. Um dos líderes dessa ala, chamada de “adesista”, era o então presidente da Câmara, Michel Temer.

Outra ala, chamada de “pura”, advogava a importância do partido na política brasileira e considerava indiscutível a necessidade de uma candidatura própria.

O candidato seria o ex-presidente Itamar Franco. Naquela época, as convenções dos partidos ocorriam dentro do Congresso Nacional.

Quando, em março de 1998, os delegados do MDB chegaram ao Congresso para a convenção, uma luta campal se instalou.

Os camisas amarelas (favoráveis a Itamar) e os camisas brancas (favoráveis ao apoio a FHC) trocaram socos e chutes, exigindo intervenção da polícia legislativa.

A tensa e dramática convenção terminou rachada, mas com maioria favorável a não candidatura, com apoio a FHC.

Sem candidato próprio entre 1998 e 2014, o MDB apresentou candidaturas peculiares. E, antes disso (em 1994, com Orestes Quércia), e depois (em 2018, com Henrique Meirelles).

No caso de Quércia, ex-governador de São Paulo, com o seu comando sobre a máquina partidária e sua expressiva situação financeira, tornaram a sua candidatura inescapável: quem se oporia? Já em 2018, Meirelles autofinanciou sua candidatura.

A última vez em que o MDB apresentou uma candidatura efetiva foi em 1989, quando Ulysses Guimarães liderou chapa após acirrada disputa de prévias internas.

Foi, também, a chapa mais votada do partido em eleições presidenciais: 4,7% dos votos, ante 4,4% de Quércia e 1,2% de Meirelles.

A senadora Simone Tebet não tem postura autocrática sobre o partido (como Quércia em 1994) e nem autofinanciará sua campanha (como Meirelles em 2018).

Mas a sua candidatura é contestada internamente por alas minoritárias que preferem apoiar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). São os “adesistas” da nova geração.

Nesse sentido, a convenção nacional do MDB neste ano está mais próxima daquela de 1998, sem, é claro, os mesmos níveis de violência.

Se for vitoriosa no voto interno da convenção, como foi Ulysses, a senadora terá uma batalha semelhante a dele em 1989, que precisava romper com a polarização eleitoral precoce.

Como já se sabe, o final é previsível. Com a já consolidada polarização, Tebet pode ser vítima do voto útil, assim como os demais candidatos coadjuvantes na corrida presidencial.

 

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