Campanha de Bolsonaro à reeleição sofre mais um abalo com prisão do ex-ministro Milton Ribeiro

Rafael Jasovich

A campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) sofreu um abalo nessa quarta-feira (22), com a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, faltando pouco mais de três meses para a eleição,

O ex-integrante do governo é alvo de uma investigação da Polícia Federal que apura suspeita de corrupção e tráfico de influência na pasta que comandava.

O episódio foi considerado um “desastre” por interlocutores do titular do Planalto, que avaliaram o caso como uma “tempestade perfeita”, pois ao mesmo tempo em que municia adversários contra o presidente, enfraquece o discurso de combate à corrupção que o elegeu há quatro anos.

A investigação apura denúncia de que os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos – também presos – cobravam propina para facilitar a liberação de recursos do MEC para prefeituras.

O caso corre sob sigilo e não ficaram totalmente claras as motivações para a decretação da prisão preventiva.

A estratégia adotada por integrantes do governo foi a de tentar blindar Bolsonaro, com o discurso de que, além de ter demitido o então ministro quando o caso foi revelado, ele não agiu para proteger o aliado das investigações. Ele não foi demitido, pediu o boné.

Há três meses, porém, o presidente defendeu Ribeiro das acusações e chegou a dizer que “botava a cara no fogo” por ele. Ontem, mudou o tom e admitiu que o caso “vai respingar” nele.

Além de Ribeiro e os dois pastores, a PF também prendeu ontem Luciano Musse, que foi gerente de projetos da Secretaria Executiva na gestão do ex-ministro na pasta, e o ex-assessor da Secretaria de Planejamento Urbano da prefeitura de Goiânia Helder Bartolomeu, ligado aos pastores.

Também foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão nos estados de Goiás, São Paulo, Pará e Distrito Federal.

A operação, batizada de “Acesso Pago”, foi autorizada pelo juiz federal Renato Borelli, da 15ª Vara Federal do Distrito Federal, e apura crimes de corrupção passiva (que tem pena prevista de dois a doze anos de prisão), tráfico de influência (dois a quatro anos), prevaricação (três meses a um ano) e advocacia administrativa (um a três meses).

A investigação teve início no Supremo Tribunal Federal (STF), mas foi enviada à primeira instância depois que Ribeiro deixou o cargo de ministro.

Como revelou o Globo em abril, os pastores tinham amplo acesso à cúpula do governo. Moura esteve 35 vezes no Palácio do Planalto desde o início do governo Bolsonaro, enquanto Santos foi à sede do Executivo dez vezes no mesmo período.

O prédio do MEC foi um dos locais de buscas em Brasília. O resultado da operação pode ter diversos desdobramentos e vai depender dos acusados terem mais medo da prisão que das milícias.

Mesmo tendo deixado a carceragem da Polícia Federal na capital paulista na tarde desta quinta-feira (23), o ex-ministro da Educação continua sob investigação. Ele foi solto por volta de 15h, após o desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, cassar a prisão preventiva.

Mas as investigações continuam e é o que Bolsonaro gostaria que não acontecesse, pelo potencial negativo que pode ter, como já está tendo, em sua conturbada campanha pela reeleição.

 

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