Camaco, de Breno Alvarenga, fatura estatueta de melhor documentário no 51º Festival de Cinema de Gramados
Fotos: Divulgação
Documentário dirigido por Breno Alvarenga, com produção executiva de Luiza Therezo, ambos itabiranos, e edição de Luiza Garcia, Camaco reporta a história desse dialeto itabirano de resistência colonialista aos ingleses mineradores, que é Guinlagem de Camaco (Linguagem de Macaco).
E fatura o prêmio de melhor direção e melhor curta-metragem no 51º Festival de Gramado, RS, com reconhecimento e entrega de estatueta nessa sexta-feira (18).
Assim o documentário foi classificado pelo júri, composto por integrantes da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (ACCCITS) e da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine):
“Partindo de uma estrutura conhecida para introduzir instigantes subversões e provocações de linguagem e, por reconhecer o valor da resistência política da palavra ao recuperar um capítulo histórico pouco difundido no Brasil, o júri de crítica, premia o curta-metragem Camaco.”
O documentário parte do resgate da história desse dialeto, surgido em Itabira nas décadas de1920/30, entre os nativos mineiros itabiranos, como forma de resistência à colonização inglesa na cidade ainda toda de ferro, para contar um pouco da história de espoliação da própria cidade de Itabira.
A linguagem era utilizada pelos sagazes itabiranos para não serem entendidos em suas conversações pelos gringos adventícios, que exploravam as minas de ouro de Conceição e Cauê.
Patrimônio imaterial
Além do reconhecimento de sua importância linguística, reportada no documentário Camaco, a Prefeitura de Itabira, por meio da Diretoria de Patrimônio Histórico e Cultural (DPHC), deu início ao processo de reconhecimento dessa “linguagem” como patrimônio histórico e cultural imaterial de Itabira, junto ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA-MG).
Do documentário, espera-se para breve o seu lançamento oficial em Itabira, para que todos possam conhecer essa história que é também da cidade ainda de ferro, cujo subsolo foi exaustivamente explorado por ingleses e garimpeiros de ouro.
Atualmente a cidade sofre com sequelas em proporção muito maior com a exploração em larga escala de minério de ferro pela mineradora Vale S.A.
Troféu Samburá
Antes da premiação em Gramados, Camacos recebeu o Troféu Samburá, entregue anualmente pelo jornal O Povo, do Ceará, em solenidade ocorrida em 13 de outubro do ano passado, no encerramento do 32º Cine Ceará – Festival Ibero-Americano de Cinema.
“’Camaco’, de Breno Alvarenga, recebeu o prêmio de Melhor Direção, ‘por retratar uma luta de classes que se dá pela linguagem a partir de escolhas inventivas da própria linguagem do cinema’”.
Serviço
Camaco
Direção: Breno Alvarenga, graduado em Comunicação pela UFMG, mestre em Comunicação pela UFPE e doutorando em Cinema e Audiovisual pela UFF. É realizador audiovisual, tendo atuado como diretor e roteirista dos curtas-metragens “Quatro Paredes” (2017), “Alta Frequência” (2021) e “O Destino da Senhora Adelaide”.
Distribuidora: Cinebulosa
Produção: Breno Alvarenga, Luiza Therezo e Mauro Alvarenga
Produção Executiva: Breno Alvarenga e Luiza Therezo
Roteirista: Breno Alvarenga
Elenco: Ana Paula Ribeiro, Felício Brugnara, Geuderson Traspadini, Janaína Mendonça, Nandy Xavier, Nilo Brugnara, Marconi Ferreira, Mauro Alvarenga, Paulo Assuero
Direção de Fotografia: Ricardo Murad
Montagem: Luiza Garcia
Desenho de Som: Montívia
Para saber mais sobre a Guinlagem de Camaco acesse:
Linguagem de Camaco, aquilombamento linguístico: uma invenção de resistência dos itabiranos
“Sovê basse lafar guinlagem do camaco?
… então viva Mauro Alvarenga e viva Paulo Therezo.
… Luiza e Breno, daqui pra frente colherão um cesto grande de fitas.
… Breno e Luiza, colocam Itabira, pela primeira vez, na trilha do cinema.
Abraço meu
Valeu Cristina! Nossos pimpolhos mandaram muito bem.
Nasci em Itabira 1958 na minha infância lafava guinlagem camaco rapa os quiminos loquegas idi griimpadeiras ínma aime bantem lafa guinlagem bantem.