Boric, o mais jovem presidente, toma posse no Chile
Rafael Jasovich*
Gabriel Boric, de 36 anos, tomou posse como presidente do Chile, na última sexta-feira, na maior mudança de direção da política do país andino desde seu retorno à democracia, três décadas atrás, após a sangrenta ditadura do general Augusto Pinochet.
Faixa presidencial confeccionada por costureiras “revolucionárias”, um café da manhã com líderes sociais antes da posse, um terno sem gravata, uma vítima de violência policial como convidado especial e uma mulher ao volante que o transportaria pelas ruas de Santiago.
Foi assim que o Chile abriu uma nova era política, uma mudança radical encabeçada pelo ex-líder estudantil e deputado progressista Gabriel Boric.
No prédio do Congresso na cidade portuária de Valparaíso, Boric, um tatuado ex-líder de manifestação e parlamentar de esquerda, recebeu a faixa presidencial do seu antecessor, o bilionário Sebastián Piñera, e se tornou a pessoa mais jovem a ser eleita líder do país.
“Diante do povo chileno, faço meu juramento”, disse Boric, que em um sinal de novos tempos usou camisa e paletó, mas sem gravata, algo inédito para presidentes homens no Chile.
“Saibam que faremos o possível para enfrentar os desafios que temos como país”, disse ele brevemente ao deixar o Congresso.
A ascensão de Boric foi sinal de esperança para os progressistas do Chile, há muito tempo um bastião conservador de livre mercado e rigor fiscal na América do Sul, mas também gerou temores de que décadas de estabilidade econômica possam ser desfeitas.
Líder de uma ampla coalizão de esquerda, que inclui o Partido Comunista do Chile, Boric prometeu reformular um modelo econômico guiado pelo mercado para enfrentar a desigualdade que levou a protestos violentos em 2019, embora tenha moderado sua retórica nos últimos meses.
O país produtor de cobre também está reescrevendo a Constituição da era Pinochet, que sustentou o crescimento econômico, mas foi culpada por alimentar a desigualdade que levou a protestos violentos que duraram meses no Chile em 2019.
*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, ativista da Anistia Internacional.
Boric: olhai e vigiai. O mais importante desta posse foi a vaia que calou o vice, gen Mourao, o perigoso brasileiro.