Bernardo Mucida pode ficar fora da corrida sucessória em Itabira

Carlos Cruz

Conforme ele próprio adiantou em entrevista a este site, em novembro do ano passado, o ex-vereador Bernardo Mucida (PSB) está pensando seriamente em não se candidatar a prefeito de Itabira nas eleições de 15 de novembro. O anúncio com o seu novo posicionamento, já que se lançou como pré-candidato, deve ocorrer ainda neste sábado (11).

Procurado pela reportagem, Mucida não quis conceder entrevista – e não confirma se sai ou não candidato a prefeito desta urbe. Com a sua possível saída da corrida sucessória, o PSB, seu partido, estuda lançar como candidato o jornalista e empresário Marco Antônio Lage ou o vereador Weverton “Vetão”.

Mas as oposições têm também outros nomes como o ex-prefeito João Izael (PP), o vereador André Viana (Patriota), Alexandre “Banana” Martins da Costa (PT), além de outros possíveis candidatos que começam a surgir.

O grupo mais à direita, dos seguidores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), também deve lançar candidato próprio.

Para o prefeito Ronaldo Magalhães (PTB), que já se lançou como pré-candidato, quanto mais as oposições se dividirem, tanto melhor para a sua reeleição.

Magalhães aposta na realização de obras, mesmo que inauguradas ainda inacabadas, como também em seu recall, para se reeleger. Segundo assessores próximos, a sua candidatura deve se sustentar ainda em torno de 30 mil votos.

Com a possível divisão das oposições, em um colegiado municipal com pouco mais de 90 mil votos, a aposta é que ele se reelegeria, mesmo tendo que suportar a forte rejeição ao seu nome.

Se de fato ocorrer a renúncia de Bernardo Mucida à sua pré-candidatura, o ex-vereador confirma o que disse na entrevista à Vila de Utopia, em novembro do ano passado.

Confira abaixo trechos da entrevista.

Entrevista

É verdade que o senhor está para assumir uma cadeira na Assembleia Legislativa de Minas Gerais?

Posso assumir se algum deputado da minha coligação for eleito prefeito na próxima eleição, ou se afastar por algum motivo. Mas no presente momento não tenho informação de que algum deputado esteja se afastando… A minha coligação é com o PT, PR (atual PL) e o PSB, ao qual sou filiado. Essa coligação elegeu 13 deputados estaduais e eu sou o primeiro suplente. Qualquer um desses deputados que eventualmente se afaste, seja por ter sido eleito prefeito, ou para assumir uma secretaria ou por doença, sou o primeiro suplente.

Como surgiu a conversa de que o senhor tomaria posse como deputado, deixando de se candidatar a prefeito de Itabira em 2020?

Já declarei que a minha preferência seria assumir como deputado, o que já disse para várias pessoas, pois gosto da atuação parlamentar e tenho chance de ser efetivado, caso, por exemplo, a deputada Marília Campos (PT) venha se eleger prefeita de Contagem. Mas tudo isso é conjectura. Eu nunca tive uma conversa com ela, embora já tenha estado em locais onde estava presente. Marília Campos sabe que eu sou o primeiro suplente da coligação, mas se ela me encontrar na rua, pode não me reconhecer. Além disso, ela não precisa renunciar ou se afastar caso queira se candidatar a prefeita, mas isso pode ocorrer ainda no ano que vem, caso ela queira se dedicar exclusivamente à sua candidatura.

Mas se o senhor assumir essa vaga, deixa de se candidatar a prefeito de Itabira?

Eu não falei que serei candidato a prefeito em 2020. Mas há uma tradição política no país, e também em Itabira, de que quem disputou uma eleição e foi bem votado, deve disputar outras eleições até ser eleito. Isso é uma leitura que algumas pessoas fazem com a qual eu não concordo. Se me perguntarem se estou trabalhando para ser candidato a prefeito de Itabira, respondo negativamente. No momento estou canalizando os meus esforços e tempo para outras questões pessoais, profissionais. Não posso dizer que serei candidato porque de fato não sou pré-candidato, mas também não irei dizer que não serei candidato. A chance de Itabira e a região, que tem cerca de 600 mil moradores, vir a ter um representante na Assembleia Legislativa nos próximos anos é comigo, ainda que seja só para 2021/22. Por isso não descarto a possibilidade de assumir uma eventual vaga para deputado estadual pela minha coligação, da qual sou o primeiro suplente.

O vereador Weverton Vetão disse que o PSB sairá com cabeça de chapa… 

Sim, isso é fato, mas não posso afirmar que serei candidato a prefeito. A leitura que faço é que nossa região ficou órfã de representatividade na Assembleia de Minas Gerais. Tínhamos o Nozinho (Raimundo Nonato Barcelos, ex-deputado e ex-prefeito de São Gonçalo do Rio Abaixo), que não foi reeleito. Eu estive próximo de ser eleito, com 34.797 votos, faltaram 660 votos. Desses votos, 24.696 saíram de Itabira e os demais da região, que ficou órfã de representatividade. Em Itabira as pessoas não sentem muita falta de um deputado, mas para a região, e também para Itabira, faz falta. Estive na assembleia acompanhando os trabalhos da CPI das barragens, estou assessorando um bloco parlamentar. Nessa reunião não havia representante de Itabira, que é o município com o maior estoque de lama de rejeitos do mundo. E a cidade vê a Vale dizer que irá altear a barragem de Itabiruçu e fica sem muitas informações a respeito. Ouve a empresa dizer que sem isso não tem como continuar minerando em Itabira.

Sem a sua candidatura, a oposição não corre risco de ficar sem um candidato viável na próxima eleição?

Temos o nosso grupo de oposição em Itabira e temos a obrigação de apresentar uma alternativa, uma proposta diferente para cidade, com candidatos a prefeito e a vereadores, mas não sei se serei eu esse candidato a prefeito. Tenho consciência e o compromisso de que temos a obrigação de apresentar uma alternativa para o município antes que a situação se agrave com a iminente exaustão de suas minas, o que deve ocorrer até 2028. Se nada conseguirmos nesse período, viveremos numa situação muito difícil.  Precisamos construir um projeto político que não seja personalizado na figura de um candidato. Não quero ser o “salvador da pátria”, não tenho essa vocação. Eu gostaria de ver chegar março/abril com o nome de outro candidato bom e viável pela oposição, com chance de ser eleito, enquanto eu assumiria o papel de deputado por Itabira e região.

Esse candidato pode ser de outro partido que não seja o PSB?

Pode, não tem dificuldade, mas estamos convidando pessoas com esse perfil para que venham para o PSB, que já tem um histórico de oposição ao governo municipal, que vem desde o meu mandato como vereador, e que se firmou com a minha campanha eleitoral para prefeito e para deputado, e agora com a atuação do vereador Vetão na Câmara. Por isso eu gostaria que esse candidato saísse do PSB.

E quem seria esse candidato alternativo? 

Bernardo Mucida pode lançar a pré-candidatura do jornalista Marco Antônio Lage (Fotos: Reprodução)

O meu candidato, neste momento, é Marco Antônio Lage (jornalista e empresário itabirano de Ipoema, ex-diretor da Fiat Automóveis). Estamos conversando, mas não é isso o que importa no momento. O mais importante é conscientizar a sociedade itabirana sobre a necessidade de se ter um projeto alternativo para a cidade. Não quero cair na armadilha de outros políticos que se colocam como “salvador da pátria”, o que é um grande erro. Quero contribuir, mas não como um candidato messiânico. Considero o Marco Antônio um bom nome pelo seu compromisso com Itabira, por ter bom trânsito na esfera estadual.

Mas com certeza os seus correligionários irão pressioná-lo para ser candidato, por ter o melhor recall, não?

A minha posição é na verdade complicada. O que vejo de imediato é a necessidade de construir uma nova liderança. Há mais de um ano tenho falado na possibilidade de não ser candidato a prefeito. Por isso repito: não quero ser o “salvador da pátria”, porque isso não existe, não vou cair nessa armadilha.

Leia entrevista completa aqui.

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2 Comentários

  1. Boa notícia, o Alexandre Faria nas próximas eleições!
    E se o Alexandre, o Marco Antonio (precisa conhecer Itabira, as massas de Itabira) e o Mucida, construíssem uma tríplice aliança para tirar do Poder a turma que está no Poder, eles são fracos demais, não sabem o que é POLÍTICA, são mesquinhos. A cidade não merece o que fazem os oportunistas populistas….
    Meu voto é para o Alexandre Faria.

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