A Festa de Itabira no jardim de Cornélio Penna

A estudante Maria Eduarda Barbosa fez um breviário da história da Cidade “acometida de itabirismo”

Fotos: Carlos Cruz

VIVA A PALESTINA LIVRE! Fora, sionistas!

Por Cristina Silveira

O outubro itabirano é a data que se comemora a emancipação política da cidade, na Semana da Comunidade e o aniversário de nascimento de Carlos Drummond de Andrade. Mês civil. Mês da Memória.

Eu estava lá e conto um pouco do todo.

Marco Antônio Lage atende pedido de Drummond e inaugura o busto de Cornélio Penna com jardim na praça da rua Major Paulo

1- A cidade comemorou o seu aniversario de 175 anos com um fato espetacular, de interesse nacional e engrandece Itabira. No dia 9 de outubro a Prefeitura Municipal reconheceu publicamente, como seu melhor amigo, o “nosso” Cornélio Penna, o grande romancista do Brasil.

2- Parafraseando o poeta Drummond: o prefeito tem apenas duas mãos e o sentimento de Itabira. No discurso de inauguração do busto de Cornélio Penna, Marco Antonio Lage revelou o recurso que tem usado para divulgar o romancista. Ele sai por aí com a camiseta estampada com a frase de CP: Itabira, minha melhor amiga. Às indagações curiosas, o prefeito sugere a pesquisa da vida e obra do romancista. É Lei.

3- Batemos palmas de contentamento, como dizia o ex-prefeito Luiz Menezes, para Magui Ferreira, que cuida primorosamente dos cerimoniais da Prefeitura. Impecável!

Heraldo Noronha, presidente da Câmara, observa Daniel de Grisolia na exposição Ita Bira: Pedaços do Tempo: ao lado certo da história

4- Da Câmara Municipal estava presente o vereador Heraldo Noronha, agora do lado certo da política. Em sua fala, Heraldo o novo aliado do prefeito, lembrou que, “fazer para os menos favorecidos” é o certo e “começa de baixo para cima”. Socialista hein!

A importância do povo preto na historia de Itabira começa a ser contada, mas falta ainda revelar como foi o genocídio da população indígena pelos primeiros colonizadores

5- Gentileza gera gentileza, (José Datrino ou Profeta Gentileza):

  • A graça da festa foi o carrinho do Picolé Pinguim, delícia da terra criada em 29/3/1969 (tempo de destruição voraz da Cidade). Quando cheguei ao carrinho do Pinguim havia um último picolé. Meu! Era de uva e deu barato, senti a presença amável de seu Antonio Martins Lage, feliz da vida, sorrindo para nós. Memória!
  • O prefeito reconheceu e saudou a professora Maria Tomazia Silva. Confortável na varanda de sua casa, de frente para Cornélio Penna, a professora curtiu a festa. Memória!
Cristina Silveira com professoras da rede municipal de ensino: redescobrindo Cornélio Penna

6- A programação da festa do Centenário privilegiou as manifestações religiosas. Isso eu notei! Profano foram os bustos, do prefeito Daniel Jardim de Grisolia e do romancista Cornélio de Oliveira Penna. Dois itabirutas, graças a Deus!

7- Não se discute, o mais elegante da festa era o jornalista Heitor Bragança.

8- Da Exposição Ita Bira: Pedaços do Tempo, curadoria de Vanessa Faria e Solange Alvarenga, respectivamente diretoras do Museu de Itabira e do Memorial Drummond. Bem preparada e organizada com espirito. Agradável.

As fotografias de “parede” desbotadas pelo tempo, os discursos, os objetos brancos quebráveis contam 100 anos de história de uma vida humana. Importantíssimo saber que Ita Bira: Pedaços do Tempo é a primeira exposição dedicada a um ex-prefeito, parte da história da política da cidade. Memória!

9- Todo o sentimento do mundo e itabirismo na presença José de Grisolia ou o “nosso” Zezé de Grisolia, neto de José de Grisolia, médico e professor do Ginásio Sul Americano. Segundo o professor Arp Procópio, o dr. José conservava em sua casa a mais completa e cobiçada biblioteca de literatura e medicina na Cidadezinha. Tinha Cornélio na biblioteca de José? Memória!

Os “fantasmas” de Cornélio Penna vistos por estudantes da rede municipal de ensino

O artista plástico e ex- prefeito Daniel Jardim de Grisolia agraciou Itabira com dois murais artísticos, um instalado no prédio que abriga o Museu de Itabira o outro ilumina a fachada da Casa da Banda Euterpe. Símbolos da Cidade.

Décadas depois no salão da antiga prefeitura, ultimo lugar por onde caminhou o pai estava o filho e a solidão dos mortos. Só ele dentre os presentes sabia profundamente do que se tratava.

Zezé de Grisolia e o painel com o Cauê ainda majestoso e intacto: obra do artista Daniel de Grisolia

Olhava o mural do Pico do Cauê com pertencimento, as mãos suavemente contornavam as formas do Cauê copiadas pelo pai. O filho olhava para a história do pai, uma história comprida de final trágico. “Há uma gota de sangue em cada museu”.

10- Do lado de fora do Museu o efeito do Itabirismo nas mentes das (os) estudantes resultou numa exposição lindamente mambembe. Um grande varal de barbante estendido na amurada de pedra, atrás do busto de Cornélio Penna, pendurava variadas formas de arte construída através da observação, da releitura da obra plástica de CP. Galeria de Arte assinada pelas estudantes das Escolas Municipais, Antonio Camilo Alvim e Antonina Moreira.

Genin Guerra com o original em cereâmica da escultura de Cornélio: que venham outras esculturas com mais personagens históricas

11- Em um canto do salão do Museu, as janelas abertas para a subida da rua Santana, havia uma mostra Cornélio Penna. O artista Genin Guerra levou o molde em gesso do busto de Cornélio. O destaque na obra é a obra do Cornélio grafitada no paletó de moço antigo.

Genin é um gênio! Colado na parede uma reprodução – publicada na revista O Cruzeiro, em 9 de outubro de 1938 – do ensaio Itabirismo ilustrado por Cornélio Penna. E o detalhe amável da instalação de bonecos de papel vestidos de preto, uma criação dos estudantes da Escola Municipal Antonina Moreira.

12- Cornélio Penna não gostava de poesia. Preferia a música e teve música na festa no jardim. O Coletivo Viravoltear interpretou a criação coletiva “Itabirismo”. Infelizmente não vi-ouvi, que pena!

13- Cultura gera cultura:

  • A estudante Maria Eduarda Barbosa fez um breviário da história da Cidade “acometida de itabirismo”.
  • Os estudantes Yuri Dias e Gustavo Nunes recortaram trechos da obra do poeta Drummond para compor o diálogo entre Cornélio e Carlos, conversa de banzo de Itabira do Mato Dentro. Yuri e Gustavo “deixaram de ser modernos para serem eternos”.
  • O poeta Altair Guilherme, as (os) estudantes e as professoras “em conjunto na fiação do sentimento brasileiro”, do sentimento Itabirano fizeram cultura.

Praça Cornélio de Oliveira Penna, por Altair Guilherme.

Altair Guilherme, poeta itabirano, declamou poema em homenagem a Cornélio Penna

Nesta praça que hoje é inaugurada,

se realize todos os sonhos do poeta,

grupos de amigo, casais de amantes

e toda sorte de serestas.

Venham os pássaros cantarem para os casais de namorados,

Borboletas visitem os amigos.

O Sol e a Lua brilhem para os amados iluminem.

A vida sorria e se transforme

e todos encontrem a felicidade.

Se torne ponto de encontro para quem ama o viver.

E por décadas, séculos faça toda sorte de tristeza desaparecer.

Aqui seja o encontro da realidade, romances e que tudo fique registrado por toda eternidade.

Seja sempre lembrado Cornélio de Oliveira Penna, grande romancista, nosso homenageado.

O busto de Cornélio já está posto, a praça foi reformada, mas o jardim ainda está escasso em flores: alô Itaurb, que tal semear mais?

10- A rua Major Paulo revitalizada sem retirar do que ficou da Cidadezinha, a interferência mínima e agradável como as cadeiras confortáveis e a serralheria ladeando o caminho de pedestre.

Mas está faltando o jardim, o jardim de verdade. A vizinhança de Cornélio e a Itaurb, em conjunto, podem criar o jardim. Cultivar a singeleza das flores na calçada de pedrinhas, 70% de minério de ferro.

11- E não podia faltar a fofoca de salão. Vozes da cidade comentavam que havia um cidadão presente incomodado com estátuas, bustos e a presença de “nosso” Genin Guerra fazendo arte. Deve ser um caduco da UDN.

Prudente é ouvir os sábios: Os homens perderam a fé porque estão desaprendendo de amar o que é amável, Cornélio Penna ou Millôr Fernandes: Pausa para o ser humano (De Cornélio Penna, um dos mais puros escritores deste país).

Pessoas e Coisas em conjunto tecendo o sentimento itabirano. Isso é civil!

Viva Itabira!

 

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4 Comentários

  1. Getúlio e Aguilayminhairmã, agradeço vocês. Na verdade, a única verdade de verdade, todos os louros são das professoras e estudantes das escolas, Antônio Camilo Alvin e Antonina Moreira….

  2. Como pesquisador da obra de Cornélio Penna, fico bastante feliz em ver a promoção da sua obra com gestos desse tipo. Espero que não seja movimento passageiro. Itabira tem muito a se ufanar desse fluminense de alma itabirana, que percorreu tantos lugares e nunca saiu de Minas. Sem dúvida é um dos grandes intérpretes do Brasil e o reconhecimento é justo.

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