A dor que não sai em jornais, mas em livro: o Peso da Armadura conta a história de superação da violência sexual na infância
Fotos: Raíssa Meireles/ Acom/CMI
Com o lançamento neste sábado (2), às 15h, no Ponto dos Temperos, no bairro Gabiroba, de seu livro-depoimento O Peso da Armadura, a agora escritora Cristiana Ferreira Coelho Guerra, 28 anos, fez uso da tribuna da Câmara de Itabira, na terça-feira (29), a convite do vereador Robertinho da Autoescola (MDB).
Com serenidade, ela contou um pouco de sua dor e como foi a superação após sofrer abuso sexual na infância, só alcançada na vida adulta, conforme relata no livro, lançado em noite de autógrafos no 8 de julho, na décima primeira edição do Festival Literário Internacional de Araxá (11ª Fliaraxá).
Segundo a autora, trata-se de uma história de superação, resiliência e ressignificação.
“Eu sofri abuso sexual aos 6 anos e com os reflexos desse abuso até os 25 anos. Com a ajuda do meu marido e, da minha família. eu consegui ressignificar a minha vida, recuperar a minha identidade estilhaçada. É um pouco dessa história que conto no livro”, diz Cristiana Guerra, que complementa:
“Acredito que a nossa voz tem o poder de transformar vidas e é por isso que estou aqui diante de vocês com o intuito de trazer luz e apoio às vítimas de abusos em nossa comunidade”, salienta a autora, no início de seu pronunciamento na Câmara Municipal.
De acordo com Cristiana Guerra, a história narrada não é apenas sobre ela, mas das batalhas internas e de como foi a jornada em direção à superação da dor que outras mulheres também enfrentaram – e ainda enfrentam, infelizmente, com muita frequência.
“Houve um tempo em que a dor e o silêncio eram meus companheiros constantes. Mas eu decidi que não deixaria o abuso definir quem eu sou. O livro é o relato desse percurso, uma jornada que me levou a despertar para a vida e ficar livre dessa dor”, explica a autora, enfatizando o que espera alcançar com a publicação do livro O Peso da Armadura.
“A minha intenção é oferecer conforto e coragem às mulheres que ainda carregam esse fardo, para que não se sintam sozinhas nessa trajetória que precisa ser também de superação”, solidariza-se a escritora.
Ela aproveita para pedir aos vereadores que promovam eventos e seminários sobre a violência sexual e os meios para combatê-la, para que crimes como o que ela sofreu não permaneçam impunes.
Para isso, ela salienta, é preciso estabelecer políticas públicas de proteção mais eficazes, com canais de denúncias que sejam efetivos na repressão de quem comete esses abusos.
Pede também o fortalecimento das redes de proteção às mulheres vítimas de violência já existentes no município. “É preciso dar a garantia de que a vítima será ouvida e respeitada”, disse ela.
“Viver após o abuso não é fácil até pelo medo da incompreensão. É por isso que muitas mulheres sofrem caladas. Precisamos ajudá-las na superação para que possam ter uma vida feliz, assim como eu consegui com muita luta e apoio”, discorre a autora na tribuna da Câmara de Itabira.
Gente, essa menina é incrível. Eu amo essa família. A história é mesmo digna de filme. Parabéns Cris !