A difícil evolução social de El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua

Veladimir Romano*

Grande dilema social atravessa quatro pequenas nações da região da América Central. Antes, otimismo esperançoso, velhas aragens progressistas prometeram demasiado em alguns pontos, possivelmente sonhos impossíveis de satisfazer rapidamente logo quando necessidades empatadas ao longo de tempos conturbados das ditaduras militares praticando danos complicados de se repararem com essa exigente rapidez de hoje pela qual uns quantos ainda anseiam depois de vários anos de arrumação política e melhoramento social.

Miséria e violência em El Salvador forçam a emigração para os Estados Unidos (Foto: El País)

Para não esquecer; recentemente no Supremo Tribunal de Santiago, foram julgados nove militares do exército fascista do general Augusto Pinochet no Chile, assassinos do trovador Víctor Jara. Depois de muitos anos, só demonstra o quão tem sido complicada reivindicação repondo justiça sobre as barbaridades cometidas ao longo de anos sem justiça válida e corajosa.

Para os Estados Unidos, a Guatemala não passa de uma republiqueta de Bananas ( Foto: Comunica Sul)

Quatro nações com heranças terríveis, passados com multiplicadas complicações em todas as áreas, particularmente na distribuição de direitos e preparação orgânica no âmbito social. Quem nos meados de 1960 bem conheceu lugares famosos por onde portos marítimos recebiam frotas comerciais com pavilhões vindos do mundo inteiro, sabe melhor que ninguém das riquezas exportadas por esses países mas exploradas nas suas economias pelo estrangulamento provocado na força das empresas estrangeiras, poderosas multinacionais dominando nações latino-americanas, dominando igualmente no seu belo prazer, toda uma classe dirigente submissa e conivente com ditadores perversos mantendo bolsas gigantescas de pobreza que no presente complicam qualquer política de reformas sérias.

Golpes sucessivos provocados por grupos militares derrubando uns e outros, criaram miséria sucessiva impossível de qualificar qual nível moral, humano e patriótico tiveram todos esses assassinos pagos com milhões, muitos milhões de dólares sangrentos estrangulando sentidos por quanto tempo mais até que se extinga todo esse testemunho perdurador das nossas memórias, de quantos épocas referidas conheceram tamanha realidade nos traumas profundos, prejuízo que ninguém paga.

A recente vitória do novo presidente mexicano, virada prometedora na vida de um dos países mais ricos deste universo latino-americano, não fica sem observação mais atenta pela brutal campanha eleitoral até no último dia com mais de uma centena de candidatos assassinados, demonstra bem o estado social, obsessão macabra violando regras democráticas e humanas dum país carregado por tanta história, heróis pela soberania contra tomadas de posição dominantes do ameaçador vizinho gigante instalado na fronteira norte.

Esperança, é ultimato na vontade popular, luz eterna na ideia dos povos progressistas que tanto lutam condignamente pela reforma, direitos, legítimo bem-estar e segurança. Mas será que forças contrárias a essa independência estarão dispostas a largar riquezas dominando através de processos de influência corruptiva? O caso do ano passado nas eleições hondurenhas são o flagrante que confusão, também é nome estratégico favorecendo golpes anti-democráticos quando o pêndulo das eleições não cai no lugar desejado pelas ordens elitistas dominantes dos mercados monopolizadores das riquezas dos demais. Vai sendo assim com a Venezuela, em breve será com o Equador, estão atrapalhando a vida da Bolívia e faz semanas, a Nicarágua vai sofrendo com este ciclo venenoso.

Gangues controlam as cidades por meio de extorsões e tráfico de drogas em Honduras(Foto: El País)

No El Salvador, ainda com Barack Obama no poder, o governo liderado pelo Farabundo Martí, pediu a devolução dos 50 bilhões de dólares levados abusivamente do erário público pelo ditador Napoléon Duarte quando fugiu para Miami… até hoje, nada! Boa falta anda fazendo o dinheiro do povo nos cofres do Estado. Hospitais públicos, escolas, faculdades, rodovias, pensões e outros custos da reforma das nações sofredoras, estão enchendo cofres bancários da terra do tio Sam que bufa pela Democracia de boca cheia mas não respeita vizinhos ao sul.

Especialistas, politólogos, olheiros das nações latino-americanas muito discutem, criticam pela via fácil aqueles que procuram elevar dignidade social nos seus países, mas tão depressa não olham ao que vai passando de vergonhas e desumanização em países governados por (ir)responsáveis do agrado do Banco Mundial e do Fomento Monetário Internacional como as atrocidades sociais do momento pela Argentina, Paraguai, Guatemala, Honduras. No Panamá, trabalhadores estão na rua reivindicando direitos e transparência no país. Portanto, será que forças contrárias irão deixar López Obrador reformar a nação mexicana? Um programa corajoso, arriscado, frontal, sonhadores como López Obrador, por menos foram destruídos pelas forças do crime organizado que hoje também impera nos corredores do Poder.

Apesar de produzirem alimentos, 44% dos produtores rurais passam fome em Honduras (Foto: El País)

O Capitalismo sabe como quebrar a coluna vertebral de reformas sociais com determinação e queda progressista; um sistema que se adapta como a salamandra nos pântanos. Pior, sabe como continuar corrompendo virtudes duma alternativa social minando departamentos vitais do processo reformista. Octávio Paz, poeta e esclarecido diplomata, dos melhores que o México viu; foram dele muitas ousadas ideias quando desenvolveu e nacionalizou dos norte-americanos o petróleo nacional. Talvez por ser poeta amante da verdade, apanhou de surpresa multinacionais desfavorecendo a economia e muitas razões fizeram jus na vitória política; mas bons ou maus seres humanos não vivem para sempre e, Octávio Paz, um dia partiu. Pena foi que ninguém até ao presente tenha aprendido o lado fantástico duma época de crescimento e desenvolvimento garantido.

Protestos na Nicarágua são constantes (Foto: FSP)

No início das reformas e a eliminação da miséria deixada pela ditadura do general Anastácio Somoza, a Nicarágua, sob comando dos Sandinistas, se elevou, se reformou como nunca e até o crime urbano deixou o país nos últimos lugares; pois desceu 80% depois dos anos de 1980. Fazia falta trabalho como uma esperança orientadora aos jovens… jovens que no El Salvador não conseguem abandonar a violência transformando a nação num labirinto de ações criminosas, grupos marginais assustando cada canto do país. No El Salvador onde taxas de homicídio se elevam, morrem por dia 81 pessoas em 100 mil, vítimas diretas da violência instalada no país refém de quadrilhas. Nas localidades mais pequenas, nove pessoas são diariamente assaltadas por armamento artesanal e nas capitais com semiautomáticas.

Logo nas Honduras dominada pela repressão de um governo ilegítimo, 49% sofre no desemprego segundo a FOSDEH [Foro Social de la Deuda Externa y Desarollo de Honduras=Fórum Social da Dívida Externa e Desenvolvimento das Honduras]. A nação detém uma brutal dívida na ordem dos 27 bilhões de dólares ao FMI provocada pela conivência elitista política e empresarial ferindo 60% do Produto Interno Bruto. A pobreza se vai mantendo nos 65%; enquanto na Guatemala a falta de trabalho atinge 54% das mulheres e 46% dos homens. Nada de estranho que sejam dos mais violentos do mundo, piorando com políticas agressivas feitas pela administração Trump, preparando expulsão de 86 mil hondurenhos, 200 mil salvadorenhos e mais de cinco mil nicaraguenses. Serão deportados 16.343 guatemaltecos, sentre adultos e crianças.**

Quatro nações com rendas per capita bastante semelhantes, mil dólares anuais, os “coyotes”, como são apelidados povos migrantes latino-americanos em busca do futuro negado nos seus países, detém dessa legitimidade algum direito pelo qual lutam sofrendo todo o tipo de privações, discriminação, abusos, riscos e perda inclusive de vidas humanas que ainda assim não retira sono macabro nem ambições ignorantes a membros especuladores gozando com existência alheia. Não estranha quanta violência repentina vem atacando a Nicarágua onde Daniel Ortega, presidente da nação, não entendeu infiltrações no sistema, errando nas respostas contra a perturbação assanhada desses infiltrados… assim, difícil vai sendo a evolução prometida da região central do rico mundo latino-americano.

*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-caboverdiano, colaborador deste site Vila de Utopia

** Estatísticas fornecidas pela Hemeroteca Migración

 

 

 

 

 

Foto5: Protestos na Nicarágua são constantes (Foto: FSP)

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