A combativa consciência social dos franceses

Franceses insurgem contra a reforma da Previdência

Foto: AFP

Veladimir Romano*

A batalha política e social regressou às ruas de Paris ocupando novas manchetes da informação. Para quem acompanhou algumas das manifestações de 1968, não pode evitar de testemunhar outra vez o que ficou reservado na memória de Maio.

Eis que a força coletiva na França mais uma vez manifesta a sua conhecida adesão sem falhas, resistência e organização operária dando de frente com projetos inaceitáveis sobre aposentadoria pelos sindicatos, quando a questão é muito mais complexa do que apenas o aumento de dois anos nas novas pensões.

Para quantos querem ver, vivemos uma verdadeira transformação de enfoques mexendo com economias onde o jogo recebe impactos desta indiscutível realidade sobre a grande transfiguração ecológica em qual o sistema capitalista não encontra afinidades e postos de trabalho terão [futuras] enormes transformações. O tão badalado “crescimento sustentável”, verdadeiramente, não é uma linguagem entendida pelo Capitalismo.

Por arrasto inevitável, criando impacto social vindo como ondas agressivas dessa tempestade que se acumula pronta para arrebentar a qualquer instante, assistimos aos aflitos e fracos líderes políticos, sem carisma, trapalhões e nem tão unidos como aparece nas simpáticas fotos oficiais disfarçando sorrisos ocasionais… e, tão rápido, o povo não sairá das ruas.

A União Europeia regressou mais profundamente aos caminhos, esses sim, pandêmicos de uma austeridade usando e aplicando erros abismais ao aumentar a dívida do Tesouro ultrapassando 750 bilhões de euros, badalando os sonhadores da suposta “viragem positiva” falando em “consenso de Maastricht” como remédio para derrotar as grandes crises que andam afundando a União.

Com ideias congeladas e concentração das ocorrências na Ucrânia tirando sono, ofendem a economia derretendo alguma da pesada arrogância dos governos. No entanto, alguns Estados-membros continuam abrindo brechas numa apregoada “coesão” que também não existe.

No próximo ano, quando das eleições parlamentares para Bruxelas e Estrasburgo, a dança vai ser complicada pelo sentimento de uma acrescida abstenção.

Por outro lado, o crescimento dos partidos populistas de extrema-direita e certamente mais confusão, ficou a taxação de impostos a 15% sobre multinacionais bilionárias que atuam no mercado europeu. Parlamentares esqueceram dos 900 bilhões de euros fugindo a cada ano aos paraísos fiscais, numa fraude fiscal endêmica onde poucos são aqueles que levam vontade de combater.

*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-cabo-verdiano.   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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