À beira do caos, Bolsonaro se mete em trapalhadas que podem levar ao impeachment
Rafael Jasovich*
Jair Bolsonaro pode não concluir o mandato. A menos que ele pare de provocar e aprenda a governar, seu mandato pode ser curto.
Uma das principais razões pelas quais o capitão reformado venceu a eleição presidencial do ano passado no Brasil é que ele prometeu colocar a economia em movimento novamente após quatro anos de queda.
Ao nomear Paulo Guedes como seu super-ministro econômico, o presidente ganhou apoio dos grandes negócios e finanças. Muitos supunham que a chegada do governo de Bolsonaro por si só daria vida à economia. Mas três meses depois, o país continua moribundo.
Os investidores estão começando a perceber que Guedes enfrenta uma tarefa difícil para fazer o Congresso aprovar a reforma previdenciária.
E o próprio Bolsonaro não está ajudando.
A reforma não conta com maioria no congresso e apesar dos sinais de reconciliação entre executivo e Câmara Federal não parece que tenha sido fechado nenhum acordo ainda.
A sociedade organizada se manifesta diariamente contra essa reforma que ataca os direitos essenciais dos trabalhadores.
Já houve manifestações de rua multitudinárias que protestaram contra o governo e suas posições contra os direitos adquiridos ao longo dos anos e com muita luta.
A Confederação Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) divulgou na última quinta-feira, 28, nota em que se posiciona contra a proposta de reforma da Previdência, PEC 06/2019, apresentada pelo presidente Jair Bolsonaro.
No documento, o cardeal Sergio da Rocha, presidente da CNBB, destaca que a proposta sacrifica os brasileiros mais pobres, as mulheres e os trabalhadores rurais.
“Fazemos um apelo ao Congresso Nacional que favoreça o debate público sobre esta proposta de reforma da Previdência que incide na vida de todos os brasileiros. Conclamamos as comunidades eclesiais e as organizações da sociedade civil a participarem ativamente desse debate para que, no diálogo, defendam os direitos constitucionais que garantem a cidadania para todos”, diz a nota.
Esta manifestação da Igreja Católica é de suma importância para nortear seus fieis em busca da rejeição a proposta do governo.
As forças econômicas conservadoras e o capital financeiro já entendem que com esse presidente o Brasil pode não só parar de crescer como entrar num processo recessivo de grande porte.
Estudam já medidas “golpistas” que é a especialidade das elites desde sempre. A história até que se repete, agora como farsa de um golpe que já parece estar em curso.
*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, membro da Anistia Internacional