Lô Borges, ícone da música mineira e brasileira, morre aos 73 anos em Belo Horizonte
Arte: Genin
Um dos fundadores do Clube da Esquina, sua obra permanece como símbolo de liberdade criativa e renovação musical
Morreu na noite de domingo (2), aos 73 anos, o cantor, compositor e instrumentista mineiro Lô Borges, um dos pilares da música popular brasileira e cofundador do lendário movimento Clube da Esquina.
O músico estava internado desde o dia 17 de outubro no Hospital Unimed, em Belo Horizonte, tratando um quadro de intoxicação medicamentosa. A causa da morte foi falência múltipla de órgãos.
Natural de Belo Horizonte, Lô Borges nasceu em 10 de janeiro de 1952 e desde cedo demonstrou talento musical.
Aos 19 anos, lançou com Milton Nascimento o álbum Clube da Esquina (1972), obra que revolucionou a música brasileira ao mesclar influências do rock progressivo, jazz, música erudita e sons latino-americanos com a tradição mineira.
O disco é considerado um dos maiores da história da MPB e projetou Lô como um dos artistas mais inovadores de sua geração.
O disco do tênis e a poética das esquinas

Em 1972, Lô também lançou seu primeiro álbum solo, conhecido como o “disco do tênis” por sua capa icônica. Com faixas como O Trem Azul, Você e a Noite e a Música e Feira Moderna, o disco consolidou sua estética lírica e sonora, marcada por harmonias sofisticadas e uma poética introspectiva.
Ao longo das décadas, Lô Borges construiu uma discografia rica e diversa, com mais de uma dezena de álbuns, entre trabalhos solo e colaborações com nomes como Beto Guedes, Toninho Horta e Flávio Venturini, e claro, Milton Nascimento.
Sua música atravessou gerações, influenciando artistas contemporâneos e sendo redescoberta por jovens músicos e fãs em todo o mundo.
Lô era reconhecido por sua integridade artística, pela busca constante de novas sonoridades e pela capacidade de traduzir o espírito mineiro em acordes universais. Em suas letras, falava de amor, liberdade, paisagens e sentimentos com uma delicadeza rara.
Uma revolução musical que nasceu em Minas e ganhou o mundo

Além de sua contribuição musical, Lô Borges era símbolo de resistência criativa. Em tempos de censura e repressão, sua obra foi um sopro de liberdade e imaginação. O Clube da Esquina, mais do que um movimento musical, tornou-se um manifesto cultural que colocou Minas Gerais no centro da produção artística brasileira.
A morte de Lô Borges representa uma perda irreparável para a cultura nacional. Seu legado, no entanto, permanece vivo nas canções que continuam a embalar corações e inspirar artistas.
“O Brasil perde um grande artista e eu perco meu irmão, meu amigo. Não tem como mensurar minha perda””, disse seu irmão Yé Borges, expressando um sentimento que é geral entre os seus fãs.
O velório será realizado em Belo Horizonte, em cerimônia com a família e amigos. A música brasileira se despede de um de seus maiores poetas sonoros, mas sua voz seguirá ecoando nas esquinas do mundo.

*Com informações da Folha de S.Paulo, Estado de Minas, G1 e Rolling Stone Brasil









Perdemos ele: – um baita poeta metafísico, visionário de um mundo melhor, que ditou a fórmula da utopia em versos, acordes dissonantes e canções ultramelódicas, pra nos lembrar que “sonhos não envelhecem”..!
Um Girassol da cor de seus cabelos.
Vento solar e estrelas do mar
A terra azul da cor do seu vestido
Vento solar e estrelas do mar
Você ainda quer morar comigo
Se eu cantar, não chore não
É só poesia
Eu só preciso ter você
Por mais um dia
Ainda gosto de dançar
Bom dia
Como vai você?
Sol, girassol, verde, vento solar
Você ainda quer morar comigo
Vento solar e estrelas do mar
Um girassol da cor de seu cabelo
Se eu morrer, não chore não
É só a lua
É seu vestido cor de maravilha nua
Ainda moro nesta mesma rua
Como vai você?
Você vem?
Ou será que é tarde demais?
O meu pensamento tem a cor de seu vestido
Ou um girassol que tem a cor de seu cabelo?
O meu pensamento tem a cor de seu vestido
Ou um girassol que tem a cor de seu cabelo?
O meu pensamento tem a cor de seu vestido
Ou um girassol que tem a cor de seu cabelo?