Câmara Municipal de Itabira aprova reajuste da Moeda Social Facilita e novos critérios excluem quem recusar emprego

Foto: Filipe Augusto/
Ascom/PMI

Na sessão legislativa dessa terça-feira (6), a Câmara Municipal de Itabira aprovou, em primeiro turno, o Projeto de Lei 59/2025, de autoria do prefeito Marco Antônio Lage (PSB), que altera valores e critérios do programa Moeda Social Eletrônica Facilita. O projeto passa por segunda votação na próxima semana antes de seguir para sanção do prefeito.

O programa municipal de renda mínima é uma iniciativa que atende principalmente mulheres chefes de família. Passa agora por ajustes que ampliam o número de beneficiários e reforçam mecanismos de acompanhamento.

O vereador Carlos Henrique de Oliveira (PDT), que havia solicitado vista ao projeto na semana anterior para uma análise mais detalhada, destaca os principais pontos da mudança.

Segundo ele, o valor do benefício, que antes correspondia a R$ 140,00, será reajustado para R$ 151,80, mantendo a correção automática de 10% do salário mínimo, outra novidade que está no projeto ora aprovado em primeira votação.

Além disso, houve uma redefinição do critério de pobreza: antes o limite era R$ 89,00 por pessoa, agora será R$ 218,00, o que permite a inclusão de um número maior de famílias beneficiadas no programa. Com isso, os novos limites para a concessão do benefício são ampliados para até R$ 280,00 per capita.

Outro aspecto importante do projeto é o maior rigor na fiscalização dos beneficiários. “A Prefeitura acompanhará de perto os beneficiários que participam do programa Facilita Trabalho. Aqueles que recusarem ofertas de emprego perdem o direito ao benefício”, salienta o vereador.

Além disso, a recarga automática do benefício, que antes ocorria mensalmente, passa a ser semestral. Mas, para isso, é preciso que os beneficiários mantenham o cadastro atualizado no Centro de Referência de Assistência Social (Cras).

“Caso o cadastro esteja desatualizado, o repasse do Governo Federal ao município é interrompido, o que pode levar ao corte do benefício”, explica o vereador, que já foi líder do governo na Câmara Municipal de Itabira.

O presidente da Câmara, vereador Carlos Henrique “Sacolão” Silva Filho (Solidariedade), reforça a necessidade de acompanhamento constante para garantir que os recursos sejam direcionados às famílias que realmente necessitam.

Capacitação para o mercado de trabalho

Em abril deste ano, 45 mulheres receberam seus certificados de conclusão dos cursos de panificação, costura, artesanato sustentável e confecção de lingerie, promovidos pelo Facilita Trabalho, por meio do Instituto ITI (Foto: Carol Veloso/Ascom PMI)

O novo líder do governo na Câmara, vereador Bernardo Rosa (PSB), salienta que o programa Facilita passou por uma evolução desde sua implementação em 2021, com o objetivo de tornar as famílias autossustentáveis.

“O programa social deve ser temporário, oferecendo suporte enquanto a pessoa está em situação de vulnerabilidade, mas incentivando a busca por autonomia financeira”, salienta.

Para isso, o programa, que beneficia mais de 4 mil famílias itabiranas, sendo que mais de 3,5 mil mulheres são responsáveis e arrimo de família, promove ações de capacitação e treinamento, por meio do Facilita Trabalho.

Ex-assessor na Secretaria Municipal de Ação Social, o vereador Hudson Junior Diogo Santos (PSB), morador do bairro Pedreira, salienta que assistência social atual busca promover autonomia dos beneficiários.

“Isso é para que que possam exercer funções laborativas após participar do Facilita Trabalho”, afirma. “Não é apenas um programa de distribuição de benefícios.”

Já o vereador Júber Madeira (PDT) ressalta que o Facilita é uma referência nacional no combate à pobreza e pode ganhar ainda mais destaque com as novas adequações.

Críticas ao “acomodamento”

Vereadores aprovam em primeiro turno projeto de lei que altera valores e critérios do programa Moeda Social Eletrônica Facilita (Foto: Estefani/ Ascom/CMI)

Por seu lado, vereador Leandro Pascoal (PSD) ressalta que, sem um acompanhamento rigoroso, programas de transferência de renda, como o Facilita e o Bolsa Família, podem levar alguns beneficiários a uma acomodação, recusando oportunidades de emprego e impactando diretamente a contratação de mão de obra na cidade.

Segundo ele, “há diversas vagas disponíveis no mercado, mas muitas pessoas optam por permanecer dependentes de auxílios governamentais, dificultando a vida de empreendedores que enfrentam escassez de trabalhadores em setores essenciais”.

Com a crítica, o vereador deixa assim de considerar as barreiras estruturais que impedem que pessoas em vulnerabilidade social acessam e se mantenham no mercado de trabalho.

São pessoas sem qualificação adequada, o que as coloca em situação de desvantagem ao competir por vagas disponíveis. Além disso, enfrentam discriminação e preconceito, sendo preteridos em processos seletivos por questões que vão além da vontade individual de trabalhar.

Pesquisas indicam que a exclusão do mercado formal de trabalho não ocorre apenas pela existência de benefícios sociais, mas pela falta de políticas complementares, como capacitação profissional, suporte psicológico e incentivos à contratação desses trabalhadores. É o que a Prefeitura busca suprir como o programa Facilita Trabalho, que deve ser mais incrementado.

Por meio dele, busca-se mitigar essa dificuldade ao promover a qualificação e inserção no mercado. “A pessoa beneficiada que recusar uma oferta de emprego, perde o benefício”, esclarece o vereador Carlos Henrique Oliveira.

Acompanhamento eficaz

Os vereadores Rodrigo “Diguerê” Alexandre Assis Silva (MDB),  Marquinhos “da Saúde” Ferreira da Silva (Solidariedade), Elias Lima (Solidariedade), Heraldo Noronha (Republicanos) e Dulce Citi Oliveira (PDT) também reforçaram a importância de um acompanhamento eficaz.

Isso para assegurar que o programa atenda quem realmente precisa e incentive a inserção no mercado de trabalho, evitando-se acomodação e dependência prolongada dos benefícios.

Portanto, é preciso avaliar permanentemente o impacto dos auxílios sociais. Isso deve ocorrer não apenas com fiscalização e acompanhamento, mas também lembrando sempre da importância de se ter políticas integradas que ofereçam alternativas de emprego à essas famílias.

Somente dessa forma, as pessoas assistitidas pelo programa podem superar a vulnerabilidade sem serem penalizadas por dificuldades estruturais que não dependem exclusivamente de suas escolhas pessoais.

 

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