Falhas e ruídos na comunicação do governo Lula impactam na pior aprovação de todos os tempos

Foto: Marcelo Camargo/
Agência Brasil

Especialista avalia que a falta de uma estratégia de comunicação eficiente agrava ainda mais a rejeição

A mais recente pesquisa do Datafolha revelou um cenário desafiador para o governo do presidente Lula. Com apenas 24% de aprovação e uma reprovação que alcança 41%, os números representam o pior índice entre seus três mandatos. Falhas na comunicação governamental são apontadas entre os fatores que mais contribuem para essa queda.

De acordo com o especialista em comunicação e linguagem persuasiva, Giovanni Begossi, a falta de uma comunicação clara e eficiente prejudica a percepção pública.

Giovanni Begossi, especialista em comunicação e linguagem persuasiva (Foto: Divulgação)

“O governo tem dificuldades em controlar a própria narrativa e acaba perdendo espaço para a desinformação e os ruídos. Em um cenário altamente polarizado e digital, comunicar-se bem e de forma eficiente não é um detalhe, é uma estratégia de governo e popularidade”, explica.

O recente caso envolvendo o Pix ilustra os impactos dessa fragilidade. A instrução normativa da Receita Federal gerou interpretações equivocadas sobre uma suposta taxação que, mal explicada, chamou a atenção e despertou a insatisfação de trabalhadores informais e autônomos.

Atrasos e mudança

O governo demorou a reagir, permitindo que as fake news se espalhassem antes de um esclarecimento oficial. “O atraso na resposta contribuiu para uma percepção de insegurança, o que é um erro grave na era das redes sociais, onde a informação circula rapidamente e a oposição se aproveita disso”, analisa Begossi.

Aliados políticos também expressam insatisfação com a falta de clareza nas mensagens do governo. Os desencontros na comunicação interna dificultam a articulação política e aumentam a resistência da base governista. O próprio presidente Lula reconhece a falha, admitindo que sua gestão precisa melhorar na forma como se comunica com a sociedade.

Recentemente, a presidência decidiu mudar sua equipe de comunicação, decisão que reflete o quanto está claro que ajustes são necessários para melhorar a mensagem que chega às pessoas.

A nova gestão da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República enfrenta o desafio de reverter a imagem de um governo que falha em explicar suas próprias ações e em se defender de ataques e narrativas adversárias.

Importância da estratégia de comunicação

“93% da comunicação está relacionada à forma como a gente fala e só 7% ao que a gente fala, o conteúdo. Daí a importância de traçar uma boa estratégia para se comunicar com as pessoas”, recomenda o premiado especialista em oratória e persuasão.

Outro ponto de observação, diz o especialista, é que a oposição está atenta e qualquer erro, principalmente que afete o bolso do contribuinte, é repercutido rapidamente, o que não acontecia nos governos anteriores.

“Claramente é uma briga de comunicação mesmo, esse é um dos pontos negativos que deterioram a imagem do governo que precisa deixar as ideias mais claras e convincentes,” analisa Giovanni Begossi.

“Lula também não consegue chegar aos mais jovens, que considera seus discursos ultrapassados, muito menos à classe conservadora da população. Tudo isso contribui para essa falta de popularidade sem igual”, finaliza o especialista.

 

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