Obras de transposição do Rio Tanque, pela Vale, estão previstas para ter início quando as águas de março fecharem o verão
Trecho do rio Tanque, entre as fazendas Santiago e da Ponte, próximo ao local onde a água será captada para abastecer Itabira e também a mineração, conforme estabelecido no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC-MPMG)
Foto: Carlos Cruz
Na abertura do ano legislativo, na Câmara Municipal de Itabira, terça-feira (4), o prefeito Marco Antônio Lage (PSB) anunciou que as obras de transposição de água do Rio Tanque estão previstas para iniciar durante a estiagem, a partir do mês de março.
“A transposição de águas do rio Tanque, esperada há décadas em Itabira, desde os anos 2000, finalmente tem sinal verde para a Vale atuar. Esperamos que a empresa atue com celeridade para que possamos ter água limpa e potável nas torneiras dos itabiranos e viabilizar os novos distritos industriais e a nova economia de Itabira, que depende de água”, projeta o prefeito.
O investimento total da obra de transposição, que inclui captação, adução e tratamento em uma nova estação, que será construída na região do Pousada do Pinheiro, é estimado em mais de R$ 1 bilhão, que serão alocados pela Vale, também responsável pela execução das obras.
A captação de água do rio Tanque, apontada como a melhor alternativa (sic) para se resolver de vez o crônico problema da falta de água em Itabira, agravada com o quase monopólio das outorgas pela mineração nas proximidades da cidade, não é parte do projeto Itabira Sustentável.
É resultado de um acordo da mineradora Vale com o Ministério Público de Minas Gerais, que culminou em um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), desde muitos anos considerada fundamental para o crescimento e desenvolvimento de Itabira.

Importância histórica
Mas mesmo não constando da negociação entre Prefeitura e Vale, por já estar com seus termos e fundamentos definidos antes mesmo do início da primeira gestão do atual prefeito, essa transposição é considerada fundamental para ter curso os subprojetos do Itabira Sustentável, assim como é também imprescindível a duplicação da rodovia estadual que liga Itabira à BR-262/381.
É com esse projeto Itabira Sustentável, considerado estratégico e estruturante, que a Prefeitura de Itabira vem negociando com a mineradora, desde o início do primeiro mandato de Marco Antonio Lage, como panaceia para assegurar o futuro sustentável do município sem a mineração, cuja exaustão está ainda prevista para 2041, o que pode mudar em abril, quando o Relatório Form-20 de 2024 deve ser encaminhado à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos.
O horizonte de exaustão mineral é medido pela Vale tendo como indicador as reservas já conhecidas, com plano de lavra e concessões para a sua exploração também existentes, sem considerar ainda os recursos adicionais.
Entretanto, esse horizonte tem sido alterado desde que a Vale deu início às vendas de suas ações na Bolsa de Valores de Nova Iorque, nos Estados Unidos, em 2000, com as apresentações dos relatórios Form-20.

Diversificação e escassez hídrica
De qualquer forma, tenha Itabira um horizonte de exaustão mineral mais curto e ainda que seja um pouco mais à frente, em 2063, por exemplo, como anunciou o ex-diretor da Vale José Francisco Martins Viveiros em reunião na Acita, em julho de 2003, é certo que o tempo urge e o futuro de Itabira foi ontem.
Uma das dificuldades para Itabira diversificar a sua economia, historicamente, tem sido a escassez hídrica, o que até então tem dificultado a sua expansão territorial, como também, vá lá, de seu parque industrial altamente dependente da monoatividade extrativista mineral, uma vez que a maioria das empresas instaladas no Distrito Industrial é do setor metalmecânico, prestadores de serviços à mineração.
É assim que a transposição do rio Tanque além de ser necessária para assegurar a qualidade de água servida à população, hoje dependente de escassos e poluídos mananciais, que demandam tratamento mais complexo, é também fundamental para Itabira ter no futuro próximo um desenvolvimento robusto de sua economia.